- Ah, pelo amor de Deus! - Bernardo se pronunciava. - Quer dizer que hoje é o dia de relembrar os velhos e bons tempos, literalmente né?! O tempo passa e vocês não param de se pegar escondido pelos cômodos da casa. - Ele dizia fingindo indignação, seguindo de uma risada.
Me afastei de Luan completamente sem graça, queria mesmo era cavar um buraco e me enfiar nele. Luan como sempre disfarçava um momento tenso com piadinhas.
- Sabe como é né cara?! É muito amor desde sempre e PRA SEMPRE. - disse gargalhando e me abraçando pela cintura.
- Desde sempre e pra sempre? Nem nos seus melhores sonhos. - falei sarcástica me soltando dele e indo em direção as meninas que apenas observavam tudo rindo.
- Dessa vez não tem como negar, marrentinha. Eles viram tudo. - Luan dizia rindo e apoiando cada um dos seus braços em Bernardo e em Pedro.
- Negar o que, que você me agarrou?
- Eu te agarrei? Não era o que parecia a minutos atrás.
- Vai se catar, vai! - disse indo em direção as escadas e gesticulando para as meninas virem comigo.
- A linda aí já vai fugir? - falou e senti o sarcasmo em sua voz.
- Não tenho do que fugir. Vou apenas ir dormir, posso? - comentei irônica e sem esperar sua resposta fui subindo as escadas.
Como o quarto de Bruna era no meio do corredor e o do Luan no final, todos pararam enfrente a porta da Bruna pra se despedir. Dei um beijo em cada um dos meninos e apenas um olhar desafiador pra Luan que sorria sem parar. Fui entrando no quarto mas antes tive que alfinetá-lo.
- Ah Luan, quando cair da cama e acordar do seu sonho de que eu beijei você por livre e espontânea vontade, me avise! - falei fazendo todos rirem.
- Se for sonho não me acorde, eu preciso flutuar! - Luan cantarolava me olhando e mesmo sendo mais uma de suas palhaçadas, me perdi nas palavras com aquilo.
- "Pois só quem sonha, consegue ALCANÇAAAAR! Te dei o sol, te dei o mar pra ganhar seu coraçãooo" - gritou Pedro desafinadamente, ainda sobre efeito do álcool, fazendo eu sair de transe e rir dele com todo o resto. Depois de nos despedirmos entramos no quarto de Bruna com meninas e eles seguiram para o de Luan.
Segui calada e as meninas adentraram o quarto já rindo e conversando, o que me deu um certo alívio. Quero mesmo que elas esqueçam o ocorrido.
- Eu não acredito que ele falou isso! NÃO ACREDITO! - Bruna berrou, fazendo Maria rir.
- Bruna, se controla, por Deus! - Julia falava rindo de sua euforia.
- Mas e aí, Juju, pronta para sentir todo o poder de Pedro?
As garotas riram da cara que a amiga fez. - Vocês são muito babacas. Aquilo foi uma brincadeira. - Julia respondeu, olhando para o teto. Queria passar toda indiferença possível.
- Cala a boca, eu tava lá e vi que ele não tava brincando! - Eu disse, e as garotas fizeram sinfonia de "hummmmm".
- Só vim aqui dizer a verdade, eu tava lá, o Pedro vai querer te seduzir sim, Juju!
- Para, Maria! - A garota escondeu o rosto com as mãos.
- Ah, Julia, para de ser caipira, fala sério!
- Fala pra gente... O que você vai fazer? Se ele realmente... quiser... algo?
- Não faço ideia - Juju disse. - Estou muito confusa. Não sei como vou reagir e ele namora!
- Ah, amiga, se joga! Pedro sempre foi um gato, e se ele namora a culpa não é sua, faz ele acabar uai. - Bruna disse e todas a encararam, um pouco surpresas.
- Qual é, gente? Falei algo de errado?
- Você já foi mais conservadora, dona Bruna! Cadê o irmão protetor e ciumento ensinando os bons modos femininos? - eu dizia rindo.
- Vocês são um saco! - Bruna reclamava e nós riamos. - A Camila já está com o Pi, a Maria com o Matheus, uma a mais, uma a menos... Julia riu.
- Como assim, Maria e Matheus? Perdi alguma coisa? - falei surpresa e aliviada ao mesmo tempo, por ele ter desencanado de mim.
- Eles foram pra área da piscina se pegarem, Mila! - Julia dizia pirraçando.
- Não acredito, ai que coisa boa Mari! - falei abraçando-a.
- Não vai querer ficar de fora, não é mesmo, Bubuzinha? Cadê um espaço pro Berna nesse seu coraçãozinho?
- Ah, fica quietinha aí e se resolva com o seu gato! - Bruna falou disparando uma almofada em mim, fazendo as amigas rirem. Nesse clima de descontração, ficamos conversando até amanhecer de vez. Como sempre, fui a última a dormir, acabei ficando sozinha com meus pensamentos e adormecendo em seguida.
Acordei com o meu celular tocando, o procurei com as mãos ainda de olhos fechados e atendi a ligação.
- Alô? - falei transparêndo a voz de sono.
- Oi minha filha, mamãe tá com saudades!
- Ô dona Ana, tô com muita saudades também. Mas olha a hora, cara! - falei rindo.
- Olhei bastante, senhorita! São 9:30 da manhã, foi dormir tarde?
- Mãe, ontem foi o amigo secreto com o pessoal, o nosso reencontro... Ainda estou na casa dos Santana's, e todos estão dormindo, inclusive seu filho bebeu horrores, não vai dar conta do vôo agora cedo pra Londrina!
- Vai dar conta sim, quero os dois aqui antes do almoço. A família toda já tá chegando, cuidem de vir logo! Mande um beijo e um abraço pra cada um, mamãe ama!
- Mando mãe, mando! Também amo você, e hoje eu chego tá? Mas não me apressa! - falei finalmente abrindo os dois olhos. - Beijo, tchau!
Desliguei antes que as meninas se acordassem também, ainda era cedo pra elas que não tem compromisso nenhum agora pela manhã. Hoje era 24 de Dezembro, Véspera de Natal, e eu e Bernardo iríamos pegar vôo pra Londrina, íamos passar o natal com a família toda na casa da minha Tia Ceça.
Me levantei com muito custo e pensei em chamar Bruna pra me ajudar. Afinal, eu não sabia onde ficava nada nessa enorme mansão, com certeza ainda estavam estavam todos dormindo e eu precisava de um café da manhã descente, roupas emprestadas de Bruna e achar as chaves do meu carro que estava perdida nessa casa. Resolvi que não iria acorda-lá e que ia no quarto dos meninos acordar meu irmão.
Luan Narrando
Minha noite não poderia ter sido melhor. Quer dizer, até dava pra ser melhor, mas não quero abusar da sorte. Além de reencontrar os melhores do mundo, revivi coisas que quero continuar vivendo pra sempre. Sim, estou falando de Camila Salsa. Novamente, nós dois. Eu não sei o que temos, mas sempre que estamos no mesmo ambiente parecemos ter um ímã sobre nós. Nossos corpos se chama um ao outro. Desisto de tentar nos entender. -ria sozinho recordando os beijos que havia ganhado dela. Estava no meu quarto com Bernardo, Matheus e Pedro. Só estávamos eu e Pedro acordados, ele falava coisas sem nexo e eu só gargalhava, o Pedroca sempre foi o mais fraco pra a bebida, e eu sempre aproveitava disso pra rir bastante com ele. Amanheceu o dia e o sono veio instantaneamente me fazendo capotar.
Abri o olho com uma certa dificuldade por causa da claridade da janela e o sono mal matado, a vista estava embaçada mas eu podia ver que alguém estava se aproximando.
- Ei, acorda, ei, psiu! - Camila dizia parada em minha frente com trajes de dormir, me fazendo abrir os dois olhos na mesma hora.
- Nossa senhora, bom dia, viu? Êta lá!
- Bom dia pra você também, Luan. Vim pedir caridosamente que acordasse meu irmão, véspera de Natal e eu ainda em SP. Ele tem que acordar! - dizia batendo o pé.
- E pra onde vocês vão? - falei coçando os olhos e me levantando.
- Passar natal em Londrina, na casa da minha tia Ceça.
- Aquela que fazia um bolo de laranja maravilhoso quando a gente namorava? - falei chegando perto de Camila.
- Sim, ela mesma! - falava ela se saindo.
- Hum, sei quem é. Saudades da época. - falei fazendo o meu famoso "biquinho" dramático.
- Também tenho saudades, aquele bolo é maravilhoso. Vou comer ele mais tarde, e você não! - falava Camila rindo e me dando as costas indo em direção à porta do quarto.
- Cê num presta, nem pra dizer que tem saudades da gente...
- Olha, vai me ajudar mesmo? Tenta acordar esse bebum do Bernardo, vou descendo pra tentar fazer um café da manhã legal, não vou demorar muito aqui. Se quiser, pode vim comer comigo, só tem a gente acordado mesmo... - falou e em seguida fechou a porta fazendo um barulho ensurdecedor, praticamente acordado os meninos sem que eu precisasse chamá-los. - Ri do seu jeito delicada de ser e fui tomar um banho na minha suíte pra ajudá-la a fazer um bom café da manhã.
Depois de estar devidamente cheiroso, desci as escadas e me deparei com uma cena que me fez hipnotizar.
Camila ainda de roupas de dormir, com a cara amassada, cabelo no coque, fazendo sanduíches, partindo o bolo, fazendo café. Aquilo era o que eu queria ver todos os dias quando me acordasse. Fiquei um certo tempo na ponta da escada admirando aquilo, e quando ela percebeu, deu um sorriso que eu não via desde nossas férias na mansão. O sorriso tímido dela.
- Tá parado aí porque? - ela falava sem parar o que estava fazendo.
- Ah... Eu... Eu tô com câimbra no joelho, mas já tá passando! - falei sacudido a perna, fazendo ela gargalhar daquilo.
- Tô falando sério, ou cê acha que eu tava parado ali te admirando? Claro que não... Nunca né? - falei coçando a cabeça.
- É, nunca mesmo. Isso não é sua cara! - falava irônica.
- Ainda bem que sabe! - sorri pra ela indo em direção ao balcão da cozinha, me sentei nele e continuei a observá-la.
- Não vai me ajudar? Já já esses folgados acordam e não tem nada pra comer.
- Como nada? Já vi um bolo ali, sanduíches e um suco de alguma coisa não identificada que cê fez. - falei descendo do balcão indo conferir.
- Mas isso não é o bastante, você e a Bruna são mal acostumados com a Tia Mari. Isso aqui é mesmo suficiente?
- Mas você não é a Mamusca, tudo que vier será bem-vindo.
- Hum, sei... Mas também tem os meninos aqui, eles vão levantar esfomeados, até porque... - parou de falar sentindo eu pegar na sua cintura por trás.
- Deixa isso ai, já tá de bom tamanho. - falei em seu ouvido, quase como um sussurro, fazendo ela virar pra mim.
- Tudo bem então, vamos comer! - falava sem tirar os olhos de mim, e nem eu conseguia tirar os olhos de sua boca, bastante rosada por sinal. Antes de voltar aos meus sentidos, Camila virou seu rosto me fazendo sair do transe e deixá-la passar. Sai de sua frente, indo pegar a bandeja do bolo e a jarra de suco, levando pra mesa e ela fez o mesmo com os sanduíches e panquecas.