domingo, 30 de agosto de 2015

• Capítulo 61

Camila Narrando

Estava bebendo meu segundo copo de suco e já ficando aparentemente vermelha por causa das encaradas que Luan me dava, quando escuto risos e conversas que parecia estar vindo da escada. Segundos depois os melhores loucos do mundo vinham em nossa direção, sentando-se na mesa e fazendo a maior algazarra.
 - Bom dia, casal! - Júlia disse sentando-se na mesa.
- Os pombinhos madrugaram juntos, foi? - Bernardo falou, vindo me dar um beijo na testa e sentando do meu lado.
- Que casal, estão malucos? To agüentando esse gordo até agora por falta de opção de companhia mesmo. - falei rindo e abraçando o Luan de lado, que ria também.
Nós todos comemos bem, elogiaram café da manhã que eu fiz, mas mesmo assim deixaram uma pia de pratos pra serem lavados. Tia Mari e Amarildo chegariam logo menos e eu não queria que encontrassem a casa assim. Os meninos foram pra área de lazer aproveitar o sol na piscina junto com as meninas, que me imploravam pra ir junto com elas também, mas a minha menstruação estava no final e eu não queria arriscar.

Arrumei a enorme cozinha, e subi para o andar dos quartos. Eu me encontrava sozinha ali, e isso me fez lembrar da curiosidade que eu sempre tive, me dando vontade de mata-lá na mesma hora. Eu sempre quis saber se Luan guardava em alguma caixinha de lembranças coisas minhas, seja lá uma foto ou um presente que já o dei, sei lá... Sempre quis saber! Aproveitei o momento pra invadir seu quarto e tirar essa dúvida. Adentrei o seu quarto e logo o seu cheiro apaixonante subiu no ambiente. Confesso, Luan Rafael era o homem mais cheiroso que havia nesse mundo. Abri o seu guarda-roupas e como sempre estava parecendo Nárnia, ele não muda nunca. - sorria pensando.
Procurei, procurei, até que achei um baú de madeira, atrás do lugar onde ele colava suas gravatas. Peguei e tentei abrir, porém parecia mais que o Hulk que tinha fechado aquilo. Com muito custo consegui abrir, me sentei na cama e comecei a revirar o que tinha ali dentro. Até que ouvi passos no corredor, tendo a certeza de que era Luan, não tive dúvida de ir pra varanda do quarto e tentar passar pra a varanda de Bruna, ou até pular dali mesmo. Eu não poderia pagar pau pro Luan, ele saberia que vim vasculhar suas coisas.
Coloquei um dos pés pra fora da varanda e de olhos fechados, pensando "Calma, Camila. Isso aqui não é o fim do mundo, você já está alcançando a outra varanda, respira!" Meu medo de altura nunca mudou, talvez tenha até aumentado. Fui andando num passo devagar, já chegando na varanda de Bruna quando senti que estavam me observando, na mesma hora abri o olho devagar e vi Luan na sua varanda olhando pra mim e sorrindo.

-  Droga, além de não ter dado tempo de fugir sem que ele me visse, ele vai zoar de mim até não poder mais! - pensava.
- A mocinha quer ajuda? - Luan dizia rindo.
- Não tem graça, e eu não quero ajuda. Consigo muito bem atravessar isso aqui, já estou chegando, olha só! - falava com a voz falha e com as pernas trêmulas.
- Mila, deixa de ser durona, fica quieta aí que eu vou te ajudar, suas coxa tão tremendo de nervosa, muié! - Luan dizia me passando calma.
- Já disse que não preciso da sua ajuda! - falei virando a cara e olhando pra baixo, ao ver aquela altura, quase desmaio. 
- Vem logo, Luan. Por favor! - falei choramigando.
- Agora você quer né? - Luan ria, já colocando seu pé pra fora da varanda.
- Vai me ajudar ou não? - falei chorando.
Luan atravessou rapidamente e chegou onde eu estava, me dando a mão e indo devagar pra varanda de Bruna me segundando pela cintura, entramos e eu me sentei no chão me acalmando, ofegante e com o coração a mil, enquanto Luan estava em pé me olhando com o sorriso de canto.
- Isso tá parecendo mesmo aquilo lá que você sente que já viveu o momento... Djavan, sei lá! - ele dizia gargalhando.
- Dejavu, Luan, Dejavu! - falei rindo. 
Pois bem, isso aconteceu na mansão quando você mesmo me trancou no seu quarto. Sempre idiota. 
- Mas agora eu nem precisei trancar, cê veio sozinha!
- Você não entenderia o motivo no qual fui no seu quarto. - falei ainda ofegante, olhando pra baixo. 
- Então explica. - dizia Luan se agachando na minha frente, colocando meu cabelo soado atrás de minha orelha. 
- E-eu vim procurar o celular do Bernardo pra ligar para minha mãe porque o meu eu não encontro de jeito nenhum. - disse rápido com medo de gaguejar, vendo um olhar desconfiado passar por seu rosto.
- Ah tá, mas acho que não está lá. Parece que vi ele com o celular lá na piscina. - falou simples se aproximando de mim.
- Vou procurar ele então, obrigada. - me levantei rápido completamente desengonçada, fazendo com que meu celular que estava no bolso caísse.
- Uai, acho que encontrei seu celular! - falava Luan contendo o riso.
- Nossa, que burra, juro que não percebi que ele estava comigo esse tempo todo... Bom, vou indo! Tchau! - falei apressada e sai correndo dali, como uma adolescente apaixonada. Que raiva!

Encontrei meu irmão conversando com Pedro em uma das espreguiçadeiras na beira da piscina e pedi para ele ir arrumar suas coisas pois já deveríamos estar em Campo Grande a tempos. Ele subiu e fiz o mesmo entrando no quarto da Bruna e recolhendo minhas coisas que estavam jogadas pelo quarto assim como a das meninas. Fechei minha mala e desci com ela, a deixando na beira da escada à espera de Bernardo para nos despedirmos de todos. 
- Ai, Mila... Queria passar mais tempo com você! - Bruna dizia fazendo aquele famoso "biquinho" que só ela e Luan sabem fazer.
- Ô, Bru... Tenho que ir mesmo! Natal tem que ser com a família, concorda? -  falei a-abraçando.
- Se depender do Berna, cês só viaja no ano novo! - falava Luan descendo as escadas.
- Posso saber porque? - Bruna perguntou intrigada.
- Ele quer passar mais tempo com você, uai. - Luan dizia rindo pra sacanear os dois.
- Tô ouvindo tudo aí, falou o que não quer passar mais tempo com minha irmã!  
- Não seria uma má ideia. - Luan dizia piscando e sorrindo pra mim. Vai se foder, que sorriso maravilhoso! 
Nesse clima de descontração de sempre, tivemos que nos despedir de todos eles. Passamos no meu apartamento pra pegar algumas coisas e fomos rumo ao aeroporto.