quarta-feira, 27 de maio de 2015

• Capítulo 54

Adentrei no quarto de Bruna com a velocidade de um foguete, assustando-a. Pedindo a Deus que Luan não viesse atrás.
- Ai que susto, parecia que estava correndo de um monstro pela casa. - Bruna dizia me fazendo sorrir amarelo. 
- Cade a pipoca? Espero que tenha realmente ficado muito boa, só assim pra eu perdoar essa sua demora. 
- Que pipoca? - comecei a andar de um lado para o outro fazendo Bruna me olhar tentando entender o que estava acontecendo, ela me conhece o suficiente pra saber que algo ali estava errado.
- Como assim que pipoca? A que você foi fazer, a que você passou quase quarenta minutos pra fazer! - Ela me olhava de uma forma interrogativa.
- Amiga, me desculpa. Acontece que eu sou alérgica a pipoca microondas! Fico me coçando só de imaginar, sabia? - eu falava rápido e sem olhar pra ela, que já me olhava sem entender meu nervosismo, quando ouço a maçaneta da porta do quarto girar várias vezes, me fazendo gelar.

- Camila, abre isso aqui! - Luan falava como quem implorava por resposta.
- Pi? É você? - Bruna olhava pra mim indo em direção a porta gargalhando.
- Para de bater, quer acordar nossos pais? Já estou abrindo. - Bruna dizia rindo da situação. - O que você quer? Ou melhor, deixa eu ver se entendi. Bruna ria olhando pra nós dois e isso estava me irritando.
- O que foi, Bruna? Mas que porra! Me dá a minha mala, vou pro quarto de hóspedes. 
- Deixa de ser esquentadinha, amiga. Afinal, se negar é pior! - Bruna dizia rindo ainda mais.
- Você vai ficar aqui mais uns dias? - Luan dizia sorrindo.
- Estava tudo certo para que isso acontecesse.
- Estava? Porque não tá mais? - Luan perguntava arqueando a sobrancelha.
- Porque você chegou! 
Virei a cara pra ele e dei um olhar mortal pra Bruna que tentou conter o riso.
- Mila, vamos conversar. Para de ser marrenta cara! - Luan disse já impaciente.
- Hoje não Luan, tô cansada - disse sem conseguir sem quer olhar pra ele. 
- Já que você quer assim, até amanhã então. - ouvi seus passos pesados por alguns segundos seguido de uma batida forte de porta. Ele realmente não tava satisfeito.
Bruna sentou em sua cama e ficou me olhando desconfiada.
- Amiga, o que aconteceu? E sim, eu quero detalhes! - dizia animada batendo palminhas. 
Apenas olhei pra ela com raiva e ignorando-a.
- Ah, por favor amiga! 
Depois de muita insistência deitei no colo dela e contei tudo de forma mais detalhada possível, ela era minha melhor amiga mas também era irmã dele, o que me deixava com uma certa vergonha.
Ficamos conversando por horas e Bruna já estava quase pegando no sono, então resolvemos dormir, mas no meu caso, apenas tentar. Rolei para o lado, rolei pro outro e nada do sono vir. 
As lembranças dos beijos dele, das suas carícias e palavras vieram à tona e eu me lembrava de tudo com um certo sorriso bobo no rosto, até que finalmente o sono chegou e adormeci.

Luan Narrando

Era quinta-feira e eu estava no meu camarim, a espera de fazer mais um show e dessa vez aqui mesmo em SP. Resolvi que após acabar o show, eu iria pra um Hotel qualquer somente pra dormir e logo cedo iria em casa. Eu não gostava muito de chegar de madrugada porque sempre acabo acordando ou assustando alguém com meu jeito destrambelhado. Peguei meu celular e dei uma olhada rápida no Instagram pra passar o tempo e vi que Bruna havia postado uma foto que mostrava apenas as suas pernas e de outra pessoa, deitadas numa cama e dando as mãos. 
"Tem coisa melhor que a companhia da melhor amiga do mundo?" marcando Camila na foto. 
Como assim a Camila está na minha em casa e ninguém me disse nada?

- Boi, o atendimento ao Camarim começa daqui a 5 minutos. - Rober falava quebrando o silêncio.
- Pódeixá Testiba! - luan tirava sua touca do cabelo pra por em Rober que ria. - Olha, quando acabar o show a gente segue, quero ir pra casa logo. 
- Então tenho que cancelar seu quarto que reservei no Hotel, mas por que?
- Camila tá dormindo lá em casa, cara. Cê acha que eu ia perder isso? 
- Boi, boi... - Rober sendo interrompido.
- Da cara preta, mata esse Testa que só quer se meter na vida do Luanzeiraaa! 
- Tá apaixonadin! - Rober dizia rindo.
- Na sua mãe, aquela gostosa! 

Nesse clima de descontração atendi meus fãs e a emprensa e em seguida fui fazer o show. Depois do termino do show, eu parti direto pra minha casa decidido a acabar de uma vez com a barreira que eu e Camila havíamos criado, apesar de que ultimamente nós viemos nos falando com uma boa frequência, mas isso não me bastava. O caminho todo fui relendo nossas conversas do WhatsApp e percebi que ela também me dava sinais de que me queria. Camila nunca foi de dar o braço a torcer, por mais que estivesse morrendo de amor! - luan ria pensando do seu jeitinho. Estava na frente da minha casa e antes que eu entrasse liguei pra ela, que atendeu com um pouco de demora.

- Luan? Alô? - Ouvi sua voz e involuntariamente abri um sorriso. 
- Mila, abre a porta. 
- Hã? Que porta? 
- A da minha casa, ué. Eu sei que você está aqui. 
- Mas hoje você não tem show? 
- Só abre.
Camila desligou a ligação e provavelmente estava vindo ao meu encontro. 
Quando ela abriu a porta com aquela minúscula roupa de dormir, me arrepiei por inteiro, aumentando a necessidade  que tinha por aquela mulher. 
- Qual o motivo dessa sua vinda repentina?
- Você é o motivo!
A puxei com toda a força pra junto do meu corpo e quando nossos lábios se encontraram senti meu corpo todo se acender, nunca havia me sentindo assim com outra mulher desde que tinha a beijado a anos atrás. Tudo com ela se tornava muito melhor. 
Aos poucos Camila foi relaxando e dando passagem a minha língua insistente. Pressionei ela contra o meu corpo para que ela o sentisse e aumentei a intensidade do beijo, nesse momento ela levou as mãos a minha nuca e fazia carinho em meus cabelos. Eu estava sentindo a melhor sensação da minha vida, a sensação de reciprocidade. Fui adentrando minha casa e fechando a porta sem precisar me desgrudar dela. Aos beijos fomos nos sentando no sofá e quando a coisa esquentava mais, ela começou a relutar contra nossos instintos. 
Essa mulher queria mesmo me matar!
- Não me nega isso, por favor. - Eu praticamente suplicava olhando em seus olhos. 
- Eu acho melhor pararmos por aqui. - Camila dizia de cabeça baixa.
Nenhuma frase me irritaria mais do que isso no momento. Eu precisava dela comigo e ela não estava levando isso a sério. Camila foi em direção à escada me deixando plantado na sala e sem nem dá nenhuma explicação pra isso, mas eu não iria desistir tão facilmente.

Camila Narrando 

Fui dormir super tarde e isso me resultou acordar tarde também. 
Olhei as horas e já eram 12h30 e o que me despertou mesmo foi o som de vozes no andar debaixo. Olhei ao redor do quarto e Bruna já havia acordado. Me levantei a muito custo e fui a sua suíte tomar um banho. Depois de pronta, segui rumo a escada e quando cheguei ao fim dela me deparei com aquela cena da família feliz. Marizete, Amarildo, Luan e Bruna estavam sentados todos na mesa almoçando entre conversas e sorrisos estampados em no rosto de cada um. Fique com uma leve vergonha de interromper aquele momento tão bonito e então Mari me avistou chegando.
- Minha linda, dormiu bem? - ela anunciou com voz doce fazendo todos da mesa me olharem, Luan com um olhar penetrante e Bruna percebendo minha vergonha não conseguiu segurar o riso. 
- Dormi sim, Mari. Desculpa a hora que acordei, eu e a Bubuzinha viramos a noite como os velhos tempos! 
- Realmente, essa noite aconteceram muitas coisas como os velhos tempos. Luan finalmente se pronunciou, me fazendo arrepiar involuntariamente. 
- Amiga, vem almoçar. Temos que resolver muitas coisas do amigo secreto. - Bruna falou tentando mudar de assunto fazendo Marizete e Amarildo se distraírem antes que nos olhassem confusos com o que Luan havia dito.
Me sentei na cadeira vaga entre Luan e Bruna tentando me concentrar na comida, o que estava sendo difícil por causa de Luan que não tirava os olhos de mim e às vezes sorria, me deixando completamente desconsertada. 

- Olha, Mari... Você para de fazer essas comidas gostosas, desse jeito vou me mudar pra cá de mala e cuia viu? - dizia  Camila alisando a mão da sua mãe de cosideração.
- Eu ia adorar que você passasse uns tempos aqui! Eu e Bruna ficamos muito sozinhas nessa casa enorme quando Luan viaja e precisa que meu marido vá junto. 
- Eu também ia adorar, Mila. - Luan dizia sorrindo de canto.
- Obrigada gente, mas eu tenho uma vida bem corrida também. Só ia aumentar o número de bocas pra comer nessa casa! - dizia divertida.
- Mas você sabe que as portas dessa casa sempre estão abertas pra senhorita, né? - Amarildo falava carinhosamente. 
- Sei sim, sou grata demais e digo o mesmo pra todos vocês! - Dizia Camila com um sorriso sincero.


domingo, 24 de maio de 2015

• Capítulo 53

Num ato rápido Luan me puxou pra o seu corpo, deixando nossos rostos a centímetros um do outro. 
- O que você está fazendo? 
- O que eu deveria ter feito desde que te reencontrei.

Os lábios macios dele encontravam-se com os meus. Luan passava a sua língua gentilmente por toda a minha boca, seus beijos e toques falavam por si só, cheios de saudade me fazendo rir durante o beijo. Eu me sentia como se tivesse que aproveita-lo sem pausas e interrupções, por medo de não saber se aquilo voltaria a acontecer.
Luan foi aprofundando o beijo enquanto me guiava pra dentro de casa e com agilidade fechava a porta atrás de si. 
- Luan, sua mala ficou lá fora! - falava ainda com nossos lábios grudados.
- Que importância tem uma mala, perto da gente? - ele dizia sorrindo e fazendo meu coração quase sair pela boca! Esse traste era realmente bom nisso.
Fomos nos sentamos no sofá sem nos desgrudar um segundo se quer. Toda a nossa distância e as indiferenças estabelecidas entre nós, naquele momento não existia mais. Eu só sabia sentir as mãos dele percorrendo meu corpo, seu cheiro me invadia e quando me dei conta ele já estava sobre mim, tendo total acesso ao meu meu corpo. A medida que íamos nos deitando no sofá, Luan dizia palavras doces, me fazendo flutuar. Ele vez ou outra parava de me beijar, apenas pra me olhar e pra tirar meus longos cabelos do meu ombro, dando passagem pra seus beijos e caricias. E eu confesso, isso me deixava louca por ele cada vez mais.
O beijo se tornava mais intenso, preciso e urgente entre ambos. Até que eu me afastei de leve, desgrudando nossas bocas.
- Não me nega isso, por favor. - Luan dizia olhando nos meus olhos. 
Eu não conseguia dizer nada, as palavras fugiram de mim e ele se aproveitou disso me calando com mais um dos melhores beijos que já demos. 
Luan começou a abaixar a alça fina da minha blusa, distribuindo beijos no meu pescoço fazendo com que eu perdesse os sentidos. 
Me afastei do seu corpo rapidamente enquanto vejo Luan me olhar incrédulo.

- Eu acho que devemos parar por aqui. - Eu dizia tentando retomar o fôlego, me levantando do sofá.
Olhei pra Luan que se levantava junto tentando me puxar novamente pra si.
- Camila, não faz isso, por favor. Você não sabe de quanto eu preciso de você.
- Luan, aqui não! 
- Podemos subir pra o meu quarto, podemos ir pra onde você escolher, só não me deixa sem você agora. - ele dizia com um olhar de deixar qualquer uma sem coragem de dizer um "não".
- Não faz essa cara de cachorrinho abandonado que você sempre consegue o quer. - falei pondo a mão na cintura, demonstrando indignação.
- Mas esse é o propósito, uai. Vem cá, morena, vem! - ele dizia me puxando pra si.
- Se você insistir mais, eu vou gritar e seus pais vão descer aqui. Prefere? 
- Caralho, não precisa mais se fazer de durona. Eu sei que você quer tanto quanto eu, eu sei que meus beijos te fizeram falta, eu sei que só eu consigo te deixar assim... Para de pirraça! 

A vergonha já começava a tomar conta de mim então sai correndo em direção a escada. Antes de subir os degraus, olhei pra trás e ele continuava a me olhar, subi a escada de vez antes que eu mudasse de ideia e voltasse a trás. 
Adentrei o quarto de Bruna com a velocidade de um foguete, a-assustando.
- Ai que susto, parecia que estava correndo de um monstro pela casa. - Bruna dizia me tirando um sorriso sem graça.
- Cade a pipoca? Espero que tenha realmente ficado bom, só assim pra eu perdoar essa sua demora. 
- Que pipoca? - comecei a andar de um lado para o outro fazendo Bruna me olhar tentando entender o que estava acontecendo.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

• Capítulo 52

- Você pode contar comigo sempre.
- Será que dar pra falar sério com você pelo menos por um segundo?
- Já se passaram um segundo. - Ele dizia eu podia ver ele sorrir.
- Você me irrita. 
- Linda.
- Ok, só era isso mesmo... Bom show, Luan. 
- Muito obrigado, Mila! 
- Por nada!
- Ei, não desliga. 
- Você vai começar o show e eu não quero te atrapalhar.
- Não vai começar agora, ainda nem atendi o pessoal que vai vir pra o camarim, relaxa. Eu só quero falar um pouco mais com você. 
- Tá, então. O que você quer conversar comigo? - sentia minhas bochechas queimarem e meu coração bater feito uma escola de samba.- 
- Eu quero voltar a ser pelo menos seu amigo, Mila. Como foi o seu dia? 

Uma semana depois...
Camila Narrando

Hoje era quinta-feira, estava eu voltando pra casa depois de mais uma coletiva de imprensa com minha equipe, tendo que aturar os olhares de reprovação do Matheus sobre mim e aquilo estava me incomodando demais. Não é pelo fato de que eu e ele não namoramos mais que eu queria ele longe de mim. Eu e o Math somos melhores amigos desde a alfabetização, ao contrário de Luan, eu e ele sempre nos demos bem e eu no fundo sempre soube que nunca daria certo passar dos limites da amizade com ele, mas já que aconteceu, agora tenho que aturar esse clima sobre nós dois. 

Cheguei em casa e fui tomar um banho pra aliviar os estresses do trabalho, juntamente com trânsito que sempre era caótico. 
Já faziam duas semanas que não via a Bruna e senti uma enorme vontade de chama-lá pra vir dormir aqui. Peguei meu celular e disquei seu número na esperança de que ela atendesse.

- Nossa, um milagre aconteceu. Camila Salsa lembrando das amizades... 
- Ô Bubuzinha, não fala assim! Estou numa correria imensa, mas logo logo entro de férias e você não vai ter sossego. 
- Quero ver, hein? Porque a senhorita não vem se redimir vindo aqui pra passar todo o final de semana comigo? Estou de bobeira.
- Topo na hora, amiga. Eu que ia te chamar mas pensando bem, aqui não tem as comidinhas da Tia Mari, hahahah. 
- Safada e interesseira! - ela ria junto comigo.

Combinei que iria apenas aprontar uma bolsa pra passar os dois dias e iria logo pra lá. Me recordava bem onde se localizava o condomínio e nem precisei de que Bruna me mandasse a localização. Cheguei lá e como sempre fui bem recebida, dessa vez com Amarildo junto. 
- Que coisa boa reencontrar você, filha. Espero que não invente mais de sumir desse jeito, viu? - Amarildo me abraçava de lado.
- Prometo que não sumo mais da vida de todos vocês, nem que me paguem! 
- Ei, tá ótimo vocês dois já né? - Bruna dizia fazendo birra e nós riamos dela.

Bruna e Luan sempre teve ciúmes de Amarildo comigo e Bernardo, ele nos considerava como filhos adotivos. Estava me sentindo em casa novamente, do jeito que me sentia antes.

Depois de conversar e comer o melhor bolo de Cenoura do mundo com a minha segunda família, eu e Bruna subimos para o seu quarto pra vermos um filme.
Enquanto Bruna procurava algum, eu desci as escadas pra ir a cozinha fazer uma pipoca pra nós duas, quando meu celular que estava no silencioso começou a vibrar. Olhei para o visor e era Luan que estava ligando, na mesma hora minha respiração pareceu falhar, esperei me acalmar pra não passar nervosismo. Desde o dia em que liguei pra Luan para comunicar do tal amigo secreto que eu e a Bru estávamos organizando, nós dois não nos paramos de nos falar, seja lá por ligação ou WhatsApp. Se o plano de Bruna era nos juntar novamente, está dando certo.

- Alô? - Eu tentava falar com a mesma voz de sempre, mas ela insistia em falhar.
- Mila, abre a porta. 
- Hã? Que porta? 
- A da minha casa, ué. Eu sei que você está aqui. 
- Mas hoje é quinta-feira, você não tem show? 
- Só abre.
A cada milésimo que passava eu tinha mais certeza que meu coração ia sair pela boca. Desliguei a ligação e fui em direção a porta, girei a maçaneta e dei de cara com Luan. Ele olhava pra baixo e roía as unhas, era isso que ele fazia quando estava nervoso, ri disso. 
- Posso saber o motivo dessa sua vinda repentina? 
- Você é o motivo.

Num ato rápido Luan me puxou pra o seu corpo, deixando nossos rostos a centímetros um do outro. 
- O que você está fazendo? 
- O que eu deveria ter feito desde que te reencontrei.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

• Capítulo 51

Luan Narrando

Depois de ver Camila indo embora e dando um estrondo na porta da minha casa, me sentei no sofá querendo matar a mim mesmo. Eu não consigo segurar minha língua, sempre quero conseguir conquistá-la de uma vez, a todo custo e isso só piora minha situação. Preciso ir com menos sede ao pote. - gritava o subconsciente dele. 
- Eu tenho quem me ajude. - Luan subia as escadas indo diretamente para o quarto de Bruna.

- Pi?- disse na terceira batida.
- Entra! - escutou sua voz de desânimo.
- Preciso muito da sua ajuda. - dizia se sentando na cama onde ela estava.
- O que, Luan? Vai me dizer que precisa de mim pra mais uma vez concertar suas burradas? Você não cansa de fazer as coisas sem pensar? - Bruna já havia aumentado o tom de voz.
- Não sei se você estava escutando, mas eu só tentei abaixar a guarda dela, eu não fui chato e nem ignorante. 
Eu só queria que ela entendesse que depois que ela voltou, eu percebi que nunca deixei de ama-lá e eu tenho certeza que ela também nunca me esqueceu. 
Eu quero ela pra mim de novo, Pi. 
- Luan, eu te conheço. Você tá nessa euforia toda porque ela está ignorando você, não está te dando o mínima e isso te faz ficar desse jeito. Isso afeta seu ego de pegador! Assim que a Camila "abaixar a guarda" e se render, você vai perder o interesse, vai deixá-la de lado e fazê-la sofrer como já fez um dia. Não se esqueça que apesar de tudo, ela sempre foi vista como uma irmã pra mim e eu não quero ver ela sofrer por você nunca mais.

Luan abaixou a cabeça, ficando com um aspecto de decepção com si próprio. Ele sabia que no fundo Bruna não mentia. Mas mesmo assim queria saciar a saudade que estava de Camila desde o dia que a encontrou.
O silêncio ecoava no quarto até que Bruna pegou uma das mãos do irmão e sorrindo de lado pra ele.
- Pi, eu vou te ajudar. Eu sempre te apoio, né?
- Por isso que eu te amo, coisa linda do irmão! - Luan enchia Bruna de beijos, eles riram e logo em seguida, tentavam bolar um plano de Camila ser mais próxima da família Santana como antigamente e consequentemente mais próxima de Luan.

Camila Narrando

Cheguei em casa exasperada e com a cabeça explodindo. Todas as vezes que eu me encontro com Luan é a mesma história, brigas, brigas e mais brigas!
Pra esfriar a cabeça resolvi tomar um banho longo para afastar qualquer problema, pelo menos por um tempo. Sai do banho colocando meu roupão e fui na cozinha preparar algo pra comer. Estava fuçando a geladeira quando escuto meu celular tocar, olhei pro visor e vi que era Bruna.

- Mila?
- Oi, Bubuzinha. Me desculpa por ter ido embora da sua casa sem me despedir, mas você sabe que seu irm... - sendo interrompida.
- Sei, sei de tudo! Nem me precisa falar. Vamos falar de coisas boas. -
- Lá vem.. Diz logo!

Apesar das verdadeiras intenções da Bruna não vou deixar isso estragar o reencontro da nossa turma. Ela me propôs que fizéssemos um amigo secreto de fim de ano com todo o nosso grupo de antigamente, e eu animei-me, topando prontamente.
Fui preparar um sanduíche pra mim, sentei-me no sofá e comecei a ligar para cada um, me emocionando com as vozes que não ouço a muito tempo. 
Depois de falar com alguns, o único que faltava ligar era Luan. Involuntariamente sorri entendendo o real motivo de Bruna querer que eu mesma ligasse para todos. Disquei o número e no segundo toque ele atendeu. 

- Olá, Camila Salsa, o que devo a honra da sua ligação? - ele disse com tom de sarcasmo.
- Nem olhei a hora pra te ligar, desculpa. Tá ocupado? É que preciso falar com você. - Dizia fingindo indiferença.
- To esperando começar o atendimento ao camarim, mas pode falar, cheguei cedo e to com tempo. Mas peraí, já sei o porquê da ligação. - Pude ver o sorriso dele se formando.
-Sabe? - Disse desconfiada.
-Claro, é que você não agüentou de saudade de mim e teve que ligar só pra ouvir minha voz. - Ele diz seguido de uma gargalhada.
- Aí Rafael, você não para de ser idiota e convencido nunca mesmo né?Cala a boca e me escuta! - falo já alterada.
- Ui, chamou de Rafael. 
- Quer parar?
- Tá bom, marrenta. Diz a boa!
-  Como já já viramos o ano, a Bruna propôs de fazermos um amigo secreto para reencontrar nossos amigos das antigas e eu queria saber se a gente pode contar com você.
- Você pode contar comigo sempre.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

•Capítulo 50

Luan Narrando

Depois da gravação do show da virada, vim direto para minha casa já que só teria compromissos no sexta à noite, preferi ir pra minha casa nem que fosse pra passar somente um dia, do que ter que encarar mais uma noite num quarto de hotel. Eram 3h40 da madrugada quando cheguei, procurei minhas chaves e com delicadeza e jeito abri a porta. Pensei em passar no quarto dos meus pais para avisa-los que tinha chegado mas resolvi ir direto para o meu e fazer uma surpresa a eles amanhã quando acordassem. Tirei minha roupa e entrei debaixo do chuveiro, deixando que a água caísse sobre mim na tentativa de me relaxar. Estava me sentindo bastante cansado não só fisicamente como psicologicamente também. Talvez uns dias de férias resolveriam, não quero viajar pra um lugar pra curtir e ir a festas, mas sim pra ter sossego e descansar bastante junto com a minha família. 
Eu tenho a vida que pedi à Deus, sou profundamente grato a ele e as minhas fãs por me fazerem o cara mais realizado do mundo todos os dias, mas se eu falar que nunca tive vontade de sumir, estou mentindo.  
Depois de muito refletir sobre isso, sai do chuveiro me enrolando na toalha e escolhendo uma roupa confortável pra dormir, o que não demorou muito pra acontecer.

Ainda muito cansado, fui abrindo meus olhos de pouco em pouco e me deparei com meus pais e minha irmã sentados na ponta da minha cama, olhando pra mim como se estivessem me admirando. 
Sorri com a cena e levantei pra abraçá-los.

- Meu filho, que surpresa boa! - Marizete falava com um enorme sorriso no rosto.
- Mãe, larga do Pi. Hoje ele é só meu! - Bruna resmungava como uma criança.
- Calma, calma. Tem pra todas!
- As duas aí, fiquem sabendo que hoje é dia de jogar com o paizão aqui! - Amarildo falava com ar de soberania fazendo todos rirem.

Fomos à cozinha nesse clima de descontração que sempre tinha quando eu voltava de viagem. 
Depois de um tempo eu e Bruna subimos pro nossos quartos, eu pra pegar meu celular que havia deixado em cima da cama e Bruna foi pra procurar uns filmes pra nós vermos. 
Depois de pegar meu celular, fui no corredor do quarto dela pra chama-lá quando ouço ela falando no telefone escandalosamente. Ri do seu jeitinho e quando eu ia rodar a maçaneta a-ouvi dizer "Meu Deus, Camila! Que felicidade, eu sabia que você não iria resistir ficar longe de mim por tanto tempo." 
Confesso que meu coração bateu descompassado ao pensar na possibilidade de a ser Camila que eu estava pensando. Fiquei mais um tempo tentando entender a conversa e pelo o que eu ouvi ela viria aqui.

Rapidamente sai da porta de Bruna e voltei pro meu quarto. Fiquei andando de um lado pro outro e se continuasse assim certeza que ia fazer um buraco no chão. Sentei na cama, peguei meu celular e fui tentar me distrair. Entrei no instagram e fui vendo umas fotos aleatórias até que uma me chamou a atenção... Era ela, tão linda, como eu queria poder dizer que também era minha. Vou fazer de tudo pra essa mulher voltar de vez pra minha vida. Olhei novamente a janela e nada da Srta. Salsa. 
Onde será que tá essa lesma que não chega? 

Ouvi passos no corredor acompanhado da voz de Bruna. Deitei na cama rapidamente e fingi que estava dormindo.
- Ô Pi, você não sabe q... -Ela parou no meio da frase provavelmente vendo que eu estava "dormindo", saiu do quarto e fechou a porta. Melhor assim, não quero que ninguém fique repreendendo as minhas atitudes.
Tomei um banho e experimentei no mínimo 20 camisetas mas nenhuma parecia boa o bastante. "Porra, o que é que tá acontecendo?"
No meio da minha crise de ansiedade, fui até à varanda e a vi estacionando aqui em frente, segui cada movimento seu com os olhos e ouvi a campainha tocar. Era ela.

Só foi Camila chegar e minha coragem sumir. 
Já faziam meia-hora completa que ela havia chegado e eu não tive coragem nem pra aparecer. Abri a porta do meu quarto pra tentar escutar o que elas tanto conversavam quando a Mamusca quase me mata de susto saindo do seu quarto que é quase em frente ao meu, fazendo com que eu me escondesse. 
Me senti um idiota por fazer essa frescura toda. "Qual é, Luanzera? Desaprendeu a ser galã?" Falava pra si próprio.
Quando ouvi minha mãe descer as escadas fui para o corredor caminhando devagar e agora sim podia ouvir o que elas falavam.

- Como está linda. Sempre foi! - Ouço a Mamusca dizer e um sorriso surgiu no meu rosto só de imaginar a carinha dela de vergonha.
Criei coragem e fui descendo as escadas quando ouvi minha mãe perguntar se ela preferia bolo de cenoura ou de chocolate.
 No mesmo instante me veio na cabeça coisas que já vivenciei com Camila.

•FLASHBACK ON• 

Os dois estavam na cozinha da casa de Camila, tentando preparar seu tão amado bolo de cenoura já que sua mãe não estava.

-Aí seu idiota, você tá me sujando toda . - Camila dizia olhando pra si própria pelo vidro do microondas, fingindo estar brava e se contendo pra não rir. 
- Tá com raivinha, tá? 
- Não enche. Olha o que você fez no meu cabelo, tá cheio de trigo!
- Sabia que você estressada fica mais linda ainda? - Dizia Luan a virando pra ele e puxando-a pra um beijo apaixonado e cheio de carinhos.
- Sabia que a cada dia que passa, meu coração só consegue sorrir quando está assim, contigo.. Juntinho?
- É? Então avisa pra esse coraçãozinho que ele vai sorrir pro resto da vida.
•FLASHBACK OFF•

Voltei a realidade e relembrar disso só me fez ter mais necessidade dela perto de mim de novo. Desci as escadas e rapidamente respondi a pergunta da minha mãe.
-Ela prefere de cenoura, Mamusca. 
- Você não estava dormindo, Pi? - Bruna perguntava rindo da situação.
- Falou certo, estava. 
Oi Camila, que surpresa boa! - disfarçava o nervosismo, rindo e agindo naturalmente. 
- Oi, Luan. Estou tão surpresa quanto você, afinal se eu soubesse que você estaria aqui, eu nem teria nem vindo. 
E Dona Mari, hoje eu gostaria de um bolo de Chocolate mesmo, se não for incomodo claro.
Camila falava com um sorriso sínico, fazendo Bruna segurar o riso. 
- Mas num larga de ser implicante nunca, que mulherzinha insuportável. Luan dizia indo em direção a cozinha.
- Insuportável é você! - Camila aumentava o tom de voz para que ele pudesse ouvir. 
- Mamusca, eu, seu filho, Luan Rafael, quero muito um bolo de Cenoura hoje! 
- Mas filho, seus bolos prediletos sempre são de chocolate. 
- Mas hoje prefiro de Cenoura e não me negue isso, dona Marizete. Cheguei de viagem cansado, doido pra comer um bolo de cenoura que só minha Mamusca faz. - Luan abraçava Marizete e olhava pra Camila que bufava.

- Ai Pi, larga disso! Você só quer comer de cenoura porque a Camila não quer. - Bruna falava se mostrando irritada.
- Ai Bubuzinha, parece que você não conhece o seu irmão. Ele se faz de coitado e sempre consegue tudo que quer.
- Porque você fala com tanta certeza que eu sou assim? Ah, já sei... Porque eu já consegui muita coisa com você, na verdade, tudo que eu queria. Lembra? - Luan dizia sorrindo malicioso.
- Eu não lembro de nada que te envolva, seu imbecil. - Camila se levantava do sofá se mostrando irritada.
- Chega vocês dois! Parece até que nunca cresceram. Eu me lembro bem das brigas que os dois sempre tiveram quando menor, era de encher a paciência de qualquer um. Mas parece que não amadurecem nunca! E eu não vou fazer mais bolo nenhum, se virem. - Marizete dizia se mostrando brava, subindo as escadas, ficando somente Luan, Bruna e Camila na sala.

- Eu ainda tinha dentes de leite da última vez que vi a Dona Mari assim, ela nunca se irrita. - Camila falava receosa.
- Pois é, amiga. Não tem quem aguente esse mimimi de vocês, e não vai ser eu que vou aguentar. 
Bruna falava saindo da sala ficando deixando Luan e Camila sozinhos.

- Culpa sua! Estragou o meu reencontro com sua irmã, você só me faz merda. - Camila dizia se levantando.
- Eu estou na minha casa, com a minha família e se tem alguém que estraga as coisas aqui é você.
- O que eu estraguei? Você comer seu bolinho de Cenoura que você nunca gostou de comer? - Camila dizia chegando mais perto.
- Não, Camila. Quem dera que você só estragasse isso. Parece que você fica agindo dessa forma comigo, pra sempre criar uma armadura, um jeito de escapar do que você sabe que uma hora vai acontecer.
- Não, eu não sei do que vai acontecer. Eu nunca tive um dom pra adivinhar as coisas, mas uma coisa que eu sempre tive foi noção do certo e do errado, se é que você entende. 
- Você tá querendo dizer que o sentimento de amar alguém é errado? - Luan tinha uma afeição de decepção e raiva.
- Não, até porque eu sempre soube amar as pessoas, fazendo de tudo para nunca magoá-las. Mas nem sempre as pessoas que conheci tiveram esse mesmo respeito por mim. Diga a sua irmã e a seus pais que outro dia volto à vê-los e de preferência num dia que você esteja bem longe.
Camila virou as costas para Luan que continuava estático, pegou sua bolsa e foi em direção a porta, batendo-a fortemente.

"Deus do céu, o que é que eu faço com essa mulher?"