sábado, 31 de janeiro de 2015

•Capítulo 34

- Ei, dá pra tirar a língua da boca da minha irmã? - Bernardo chegou na sala, tacando uma almofada em Luan e Camila, que gargalharam. 

- Bernardo, vai ver se eu tô lá na esquina, vai amorzinho? - Camila disse rindo da cara de indignado do irmão. 
- Eu já falei pra vocês: Só passou um dias desde que eu autorizei isso aí – Ele apontou abanando a mão – Quando der uma semana, eu deixo você dar um selinho nela. Mas só selinhos! 

Então a risada de Maria ecoou na sala. 
- Pobre iludido... - Ela ria junto com Camila e Luan enquanto Bernardo fazia careta.
– Vai nessa, Bernardo, vai nessa... 
- Ei, o que ela quis dizer com isso? - Perguntou com uma voz afetada, e os olhos de Camila arregalaram. 
- Ela não quis dizer nada, chuchu, a Mari é maluca. - Disse entredentes, enquanto Luan segurava o riso. 
- Ai, ai! - Bernardo já ia começar outro discurso, quando a sala fora invadida por um furacão, que atendia pelo nome de Bruna. 

- Bernardo, porque você não cuida da sua vida ao invés de ficar controlando o casal? - Ela disparou, mas antes que Salsa protestasse, continuou – Eu preciso da sua ajuda pra carregar minha sacolas. 
- Desde quando eu carrego sacolas pra patricinhas no shopping? 
- Desde quando sou em quem pede. Desde quando tem alguém pra comprar seu DVD novo de 3 Doors Down. Lá é onde eu e você podemos nos divertir. - Bru sorriu com todos os dentes e Bernardo, assim como os demais da sala ficaram boquiabertos – Acredite, Bernardo, eu só preciso da sua ajuda quando acabar. 

- Você vai me pagar uma coca? - Ele sorriu maroto, e a garota riu. 
- Pago várias na volta. 
- Até mais galera, comportem-se, vou fazer compras! - Bernardo disse com uma voz afetada, e ele e Bru riram, antes de sumir do campo de visão dos demais. 
Assim que sairam, o silêncio pairou na sala por alguns segundos. 

- Só eu que achei isso... Estranho? - Luan se pronunciou coçando a cabeça e as garotas riram. 
- Não mesmo. - Responderam juntas. 
- Ah... E o que temos com isso, não é mesmo? - Luan arqueou uma sobrancelha de um jeito engraçado e Camila riu, mordendo seu lábio inferior. 
- Definitivamente nada. 

- Ah, adoro segurar vela! - Mari reclamou, fazendo os dois rirem.
– Se me dão licença, vou comer um doritos, porque ficar aqui já aumentou consideravelmente meu teor de diabetes! - Ela gargalhou. 
- Vá a merda! - Camila gritou, olhando por cima das costas do sofá, rindo alto. 
- Também te amo! - A amiga gritou de volta. 
- Que folgada! - Camila reclamou, ainda rindo, deitando o corpo por cima do de Luan no sofá. 
- Nem ligo... - Ele disse baixo, distribuindo alguns beijos no pescoço da garota, e sorrindo ao ver que ela estava arrepiando. 
- Ela vai pagar e... 
- Dá pra você ficar quieta? - Luan disse, mordendo Camila, que riu baixo. 
-Ah, você vai ter que me calar... - Sorriu maliciosa, vendo Luan rir e aproximar suas bocas.

Quatro dias. Exatos quatro dias desde que tudo estava as claras para Luan e Camila. Quatro dias praticamente sem brigas – Pelo menos não as tradicionais e sérias. Apenas aquelas briguinhas bobas de sempre, porque por mais que estivessem juntos, ainda eram os mesmos. As coisas com Bernardo e o resto dos amigos estavam bastante fáceis, e de fato, o surgimento de um casal tão inesperado quanto esse, melhorou o relacionamento dos garotos com as garotas, e vice-versa. Eles não tinham mais tanta implicância em conviverem em harmonia. Cada qual a seu modo, obviamente.

Amanhã seria o dia de todos voltarem a suas respectivas casas e especificamente daqui a uma semana seria o aniversário de Camila, juntamente com as volta as aulas.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

•Capítulo 33

Era praticamente uma da tarde quando Luan e Camila acordaram. Não voluntariamente, já que Julia e Maria tacaram dezenas de almofadas nos dois, rindo da cena. Luan foi para seu quarto, tomar um banho e trocar de roupa e Camila fez o mesmo, enquanto as garotas tagarelavam em sua cama. 

- Pega uma blusa pra mim? – Camila pediu e Julia tacou uma regata branca em sua direção. Ela sorriu, colocando-a. 
– E o Bernardo? Perguntou, sentindo um nó na garganta. Mari deu de ombros. 
- Não sei. Bom, ele não estava lá embaixo quando acordamos, e ninguém sabia de nada. 

Camila ia perguntar mais alguma coisa, mas deixou pra lá. Chamou as amigas pra ir almoçar. Desceu as escadas vendo Matheus com cara de medo. Então viu que Luan e Bernardo estavam frente a frente, no meio da sala, a uma distância mínima. Bruna, Pedro e Matheus estavam mais adiante, observando apreensivos. Rapidamente, Camila correu e puxou as amigas com ela. 

- Vocês não estão brigando né? – Perguntou, sua voz estava falhando e odiava quando isso acontecia. Júlia apertou sua mão com um pouco mais de força, tentando frear a amiga que ia se meter entre os dois. 

- Camila. – Luan olhou para o lado, sorrindo fraco – A gente só ta conversando. 
- No meio da sala com essas caras de assassinos? – Maria se intrometeu – Gente, se vocês se socarem eu vou chamar a polícia, juro! 
Bernardo rolou os olhos. 
- Eu não vou socar ninguém. – Respondeu baixo, e logo os outros três estavam perto das garotas. 
- Vocês podem ir, eu garanto que não vai acontecer nada e... - Luan tentava dizer, mas fora rapidamente interrompido. 
- Não preciso que ninguém vá embora. A conversa aqui é rápida.
Luan levantou as mãos ao lado da cabeça, como quem se rendia. 

- Eu não acredito no que você fez, cara! – Bernardo chacoalhou a cabeça.
– Eu nunca esperei isso logo de você! 
- Mas cara, o que eu fiz? Eu não fiz nada de errado! – Luan dizia, aparentemente calmo – Eu não planejei isso, simplesmente aconteceu! E eu não estou nenhum pouco arrependido. 
Camila tentou sorrir, mas o misto de sensações que tomava conta dela não permitiu. Achava que teria um colapso, seria eternamente grata pela mão de Julia e pelo abraço de Pedro, que era a única coisa que a mantinha em pé. Sua mente desviou por alguns segundos, e quando voltou ao foco, Bernardo já gritava. 

- Caralho, com tantas meninas nessa merda de lugar e você tinha que escolher justo a minha irmã? – Ele gritou, visivelmente transtornado, e então respirou fundo, deixando transparecer toda a decepção em seu olhar.
– Você era meu melhor amigo. 
Luan sentira os olhos arderem, não queria acreditar que aquilo estava acontecendo. Encarou Salsa nos olhos, respirando fundo. 
- Como assim eu ERA seu melhor amigo? 
- Isso mesmo que você ouviu! Depois de tudo o que você fez... – Dessa vez Luan interrompera Bernardo, agora já perdendo o controle. 
- Eu não fiz metade do que eu devia ter feito com você! Talvez se eu tivesse revidado seu soco, você não estaria falando tanta merda agora! – Luan gritou, e Bernardo o encarou, incrédulo. 
- Você acha que eu GOSTEI de bater em você? Po véio! Quem você pensa que eu sou? – Bernardo gritou – Eu te conheço, Luan! Você pode estar curtindo agora, mas vai passar outra loira gostosa e você vai esquecer da Camila! E aí, você acha que EU tenho que deixar isso acontecer? 
- Você tá maluco, só pode! – Luan também gritava – Eu não sou esse canalha que você tá dizendo!
Bernardo gargalhou. 
- Olha só cara, eu não vou admitir! - Bernardo disse apontando o dedo na cara do amigo. 

- PUTA QUE PARIU, a Camila não é qualquer uma! – Luan berrou, interrompendo.
 – Sabe qual é a diferença? A diferença é que eu gosto da tua irmã! De verdade, e até demais! Você acha que eu me senti bem quando descobri isso? Quando eu percebi que era ela quem eu queria? – Luan disparou a falar, deixando Bernardo completamente pasmo.
– Eu posso não ter experiência com relacionamento, mas eu to gostando dela, Bernardo! E se um dia eu fizer merda, vou ser eu quem vai pedir pra você me bater, porque eu vou ter perdido a única que eu realmente quis! E com ou sem sua aprovação, eu não vou... 

Luan parou de falar, percebendo o silêncio absurdo que a sala estava. Olhou para o lado, e viu Camila dois passos adiante dos demais, com um sorriso quase infantil no rosto. 
- Você não vai...? 
Ela o incentivou, e Luan aproximou-se, com as mãos nos bolsos. Não sabia como aquilo tinha simplesmente escapado de sua mente. Tinha esquecido totalmente que tinham seis pessoas além dele e Bernardo na sala. Mas já era tarde para ficar com vergonha. Sorriu, a encarando. 
- Eu não vou deixar você. – Ele disse baixo, e a garota sorriu, pulando e o abraçando. 
- Isso foi perfeito! – Ela disse baixo, mas todos da sala ainda podiam ouvir – Você derreteu meu coração! Como pode? – Camila disse rindo e olhando nos olhos de Luan , que sorria idiotamente, aproximando a boca da dela. 

- EI! – Bernardo berrou – O que vocês pensam que estão fazendo? – Disse, sério.
– Eu ainda não terminei a conversa aqui! 
- Bernardo, cala a boca! – Camila dizia, fechando os punhos, e ele arqueou uma sobrancelha. 
- Os Salsa s são violentos, né? -Bruna apontou para as mãos de Camila, e Maria prendeu o riso.
- Você pode ter “derretido” o coração dela... – Bernardo disse fazendo aspas – Mas eu tô de olho em você! – Disse, dando uma piscadinha, e o queixo de Luan caiu. – Eu fui um idiota, cara. Cuida bem da minha irmã. 
- QUE? – Camila interrompeu, incrédula. 
- Acho que esse bobão gosta de você, baixinha. – Bernardo disse sorrindo. E se vocês estão felizes... Quem sou eu para dizer não? 
- Meu irmão idiota e ciumento? – Camila fez bico e Bernardo riu. 
- Me desculpa, Luan. – Bernardo falou baixo, olhando para os pés. Luan sorriu. 
- Você tá falando sério? 
- Nunca falei tão sério em toda minha vida. 
Luan ficou em silêncio, em seguida abriu um sorriso maior que o próprio rosto. 
- Aaaaah, dá aqui um abraço, Bernardin! – Luan o puxou e os dois gargalharam, assim como Camila. – Obrigado, cara. Você não vai se arrepender! 

Luan piscou e puxou Camila pela mão, encostando os lábios nos dela. 
- Eca! Não! Não! – Bernardo interrompeu de novo – Demais pra minha visão! Uma coisa de cada vez! 
Ele disse engraçadamente e todos gargalharam, derrubando-o no sofá sob um montinho sufocante. Camila encarou Luan , que ria sem fôlego, e sorriu largamente, sentindo que talvez ele fosse muito mais do que ela pensava. Tudo aquilo era inesperado, mas aquele era o sorriso, o olhar, o garoto que tinha realmente conseguido mexer com ela. Como nenhum outro jamais conseguiria.

•Capítulo 32

- São quase oito da noite, eu tô realmente preocupada! – Camila andava de um lado para o outro, e Matheus a segurou pelos braços. 
- Camila, quer parar? – Matheus disse, com a voz calma.
– Não vai acontecer nada! O Bernardo não tá sozinho! 
- Mila, a única coisa que você tem que fazer agora, é sentar nesse sofá e esperar que ele volte do banheiro com sua melhor cara de “tô nem aí” ok? -Disse Maria calmamente
Camila não disse nada, enquanto Matheus encarava Maria de sobrancelha erguida. 
- Você daria uma ótima psicóloga... – Ele disse baixo e Maria riu. 

O barulho da porta abrindo foi discreto, mas todos ouviram. No fundo, estavam disfarçando com risadas o pânico em que estavam. Bruna entrou primeiro, e em seguida, Bernardo. A garota andou calmamente até o sofá, mas virou para trás e olhou sugestivamente para Bernardo, que fitou os próprios pés. Em seguida, começou a caminhar na mesma direção que ela, mas passando direto para as escadas. 
- Bernardo! – Luan disse alto, e Camila sentiu que por um momento, seu corpo havia paralisado. 

-A gente pode conversar agora? 
- Eu não tenho nada pra falar com você, me erra velho. – Bernardo respondeu baixo e com firmeza, e virou as costas. 
- Eu vou até lá! – Camila levantou num pulo, e antes que alguém pudesse se manifestar, já estava subindo as escadas.


- Bernardo, preciso falar com você. 
Camila disse entrando no quarto e dando de cara com o irmão deitado de bruços na cama, com a cabeça enterrada em travesseiros. Ele murmurou alguma coisa inaudível, fazendo-a rolar os olhos. 

- E eu não vou sair daqui enquanto isso não acontecer. E sentou em uma cadeira. Bernardo levantou a cabeça e sentou na cama, tentando arrumar o cabelo bagunçado. Camila teve que reprimir um sorriso vitorioso que iria se espalhar em seu rosto. Pelo menos ele havia aceitado a conversa, o que já era meio caminho andado. 

- Fala. – Ele disse, encarando a cama. Camila puxou a cadeira pra mais perto, ponderando as palavras. Sabia que se desse um sermão logo de cara, ele a expulsaria do quarto, e era um fato que Bernardo era mais forte que ela e a tiraria carregada se fosse preciso. 
- Por quê você fez aquilo? Porque diabos você bateu no Luan? – Ela cuspiu as palavras, sem saber exatamente por onde começar. O rosto de Bernardo levantou, já adquirindo sinais de raiva. 
- Como porque? Francamente Camila! – Bernardo ficou de pé – Você é minha irmã! Ele tava te agarrando, aquilo não faz sentido! 
- Desde quando você liga pra quem eu agarro ou deixo de agarrar? – Camila perguntou, impetuosa, mas permanecendo sentada. 
Bernardo gargalhou, sarcástico. 
- Desde quando o IDIOTA do meu melhor amigo resolve ser o cara que você agarra... Ou que agarra você, dane-se! – Bernardo fez careta.

- Camila, pelo amor de Deus, você ODEIA o Luan! 
- Eu não odeio o Luan. – Camila disse baixo, tentando manter a calma, coisa que considerava que seria impossível – Não era você quem sempre quis que nós nos déssemos melhor e... 
- Uma coisa é vocês se tratarem decentemente, outra é aquele merda com a mão na tua bunda! – Bernardo disse, ficando cada vez mais vermelho. Camila riu.

- Para de chamá-lo de merda, de idiota! Você não percebe que o único idiota aqui É você?
– Puta merda Bernardo, você nunca foi assim! Eu tô feliz! O Luan me faz feliz, porque você tem que estragar isso? 
Os gritos da garota ecoaram por todo o corredor. Os outros tinham resolvido que ficariam no andar debaixo, mas Pedro não pode deixar a curiosidade de lado, e subiu alguns degraus da escada. Sorriu ao ouvir o que Camila havia dito, mas o silêncio que seguiu a frase o deixou perturbado. 
Bernardo encarou a irmã, que tinha lágrimas nos olhos. Mas ele a conhecia como ninguém, sabia que aquelas eram lágrimas de raiva. A segurou pelos ombros. 

- Camila, eu amo você. Eu sou seu irmão, eu estou fazendo isso pra te proteger! – Disse, um pouco mais baixo. E Pedro já não conseguia ouvir mais nada. 
- Pra me proteger do que, Bernardo? – Camila deixou uma lágrima escorrer, e ele respirou fundo. 
- Eu conheço o Luan tão bem quanto conheço você. Eu convivo com ele, mais do que eu convivo com você! – Bernardo respirou fundo.

- Camila, o Luan é um cara legal, mas porra, você sabe muito bem que ele nunca quer nada sério! Quantas garotas ele já deu em cima naquele colégio, hein? – Ele dizia sério, tentando conter o impulso de abraçar a irmã, que chorava.
– QUANTAS? 
- Eu não sei, mas que merda! – Camila soltou dos braços de Bernardo, enxugando as lágrimas com as costas da mão. 
- Eu não quero que você sofra, Camila! – Bernardo disse, a abraçando, mas a garota mantinha os braços do lado do corpo, sem conseguir reagir.
– Fala alguma coisa! – Pediu, aflito, vendo que a irmã não se movia e que o silêncio era cada vez mais assustador. 
Camila respirou fundo, e encarou Bernardo nos olhos. 

- Ele não vai fazer isso comigo. – Disse baixo, quase em um sussurro. Percebeu que Bernardo ia dizer alguma coisa, então continuou falando – E o único que está me machucando aqui, é você. 
Disse por fim e correu para fora do quarto, fazendo com que Bernardo finalmente derrubasse a maldita lágrima pelo rosto. A sua irmã era tudo na vida dele e jamais cogitou a fazer chorar. 
Camila correu até o fim do corredor e bateu sua porta com força.
A sala entrou em silêncio profundo, nem as respirações eram ouvidas. Ninguém sabia o que havia se passado no outro andar, mas estavam apreensivos. Ao ouvir o baque da porta, Luan levantou rapidamente, sem nem pensar. 

- Cara, não é melhor que você... – Matheus tentou dizer, mas Luan rafael o ignorou. 
- Já esperei tempo demais. 
Subiu as escadas rapidamente e parou diante do quarto de Bernardo. A porta estava aberta, e ele não enxergou ninguém lá dentro. Rapidamente, correu a distância do corredor até o quarto de Camila. Não bateu na porta, que estava destrancada. Camila tomou um susto e tentou limpar o rosto, que tinha marcas do rímel preto manchado. Pela primeira vez em sua vida, Luan desejou estar em dois lugares ao mesmo tempo. Queria consolar Camila e sim, queria encher Bernardo de porrada. Mas engoliu essa segunda vontade, caminhando rápido até a cama da garota, e sem dizer nada, a tomando em um abraço apertado e silencioso. Afagou seus cabelos e começou a ouvir soluços da menina. 

- Eu não acredito nisso! – Luan segurou o rosto vermelho de Camila entre mãos, e sentiu a raiva subir. 

- O que diabos o Bernardo... Eu vou até lá, eu vou... – Luan ameaçou levantar, mas Camila o puxou pelo braço. 
- Por favor, não... – Disse baixo, tentando fazer com que sua voz saísse normalmente – Só fica aqui comigo. Não me deixa sozinha, por favor... – Ela pediu e Luan sentiu que seu coração tinha sido quebrado. Era algo estranho, protetor. Camila deitou na cama e Luan fez o mesmo, a abraçando e mexendo em seus cabelos. 
- O que aconteceu? – Ele perguntou baixo, e Camila respirou fundo. 
- Eu não quero falar sobre isso, desculpe. 
- Tudo bem. – Ele sorriu fraco, ficando em silêncio. 

Aos poucos, Camila sentia que melhorava gradativamente sua situação. Ainda doía, e muito, lembrar das coisas que o irmão tinha lhe dito, mas afastou o pensamento, porque Luan estava ali.

- Ei... – Camila sussurrou, sentando na cama e esfregando os olhos. Luan fez o mesmo, mas não tinha sinal algum de sono. – Promete que você nunca vai me decepcionar? 
Luan sorriu, confuso, e aproximou sua boca da dela. 
- Por que a pergunta? 
- Só prometa. 
- Eu nunca vou te decepcionar. Prometo. 
Disse e sentiu-se aliviado quando viu um sorriso tímido no rosto de Camila. A segurou pela nuca, beijando-a calmamente, mas de uma forma estranha, seu corpo todo parecia ceder e seu coração tinha a sensação esquisita de que tinha aquecido. Preferiu não lutar contra isso, afinal sabia que era perda na certa. Deixou as preocupações de lado ao sentir os dedos frios da garota em sua nuca, o que provocava arrepios. Suspirou pesadamente quando Camila desfez o beijo, e abriu os olhos. 
- Obrigada. Por tudo, Luan. – Ela sorriu. 
Luan beijou sua testa carinhosamente, e a abraçou. Encarou o relógio na mesinha, que marcava duas horas da manhã. 

- Camila, acho melhor eu ir... Já tá tarde! – Ele sorriu forçado, e Camila sorriu verdadeiramente. 
ao perceber esse detalhe. 
- Dorme aqui comigo? – Perguntou, manhosa, e Luan sentiu aquela sensação estranha de novo. Desistiria de entender. 
- Camila, o Bernardo vai... – Luan ia dizendo, tentando parecer convencido de suas próprias palavras, mas ela o interrompeu. 
- Eu só quero acordar abraçada a você. Só isso. 
Disse, sincera. 
Era tudo o que realmente precisava, o perfume de Luan e o calor de seu corpo perto do seu. Não estava realmente pensando em nada além disso, só queria sentir-se segura. Queria que seus olhos fossem a primeira coisa que visse ao acordar, depois daquela confusão toda. Chacoalhou a cabeça, deixando de lado os pensamentos progressivamente idiotas e melosos, e encarou Luan, que sorria.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

•Capítulo 31


Luan definitivamente não estava esperando por aquilo. O murro certeiro de Bernardo em próximo a seu olho tinha o pegado desprevenido, sentia o rosto latejar. Segurou o nariz, completamente dolorido, sem conseguir esboçar nenhuma reação. 

- Eu vou te matar, seu traidor! – Bernardo gritava, e Matheus rapidamente segurou o amigo – Me solta, Matheus! 
Camila olhou assustada para o irmão, que se debatia contra o corpo de Matheus, com o rosto vermelho de raiva. 

Abaixou rapidamente em frente a Luan, sentindo o coração dar cambalhotas dentro do peito. 
- Meu Deus, você está bem? – Perguntou, sentindo os olhos arderem. Mas não esperou resposta alguma, virando o pescoço para trás – Bernardo, você tá maluco? – Berrou. 
- Eu não tô maluco porra nenhuma, você que deve ter ficado louca! – Ele tentava se soltar de Matheus, enquanto Luan punha-se de pé com ajuda de Juju e Pedro. 
- cara, não vá... – Pedro segurou Luan, que encarava Bernardo com um olhar indecifrável. 
- Eu não vou fazer nada. – Luan respondeu simplesmente. 

- Eu nunca esperei isso de você, cara! Porra, você é meu melhor amigo! – Bernardo gritava, ficando ainda mais nervoso com os braços de Matheus em sua volta.

 – ME SOLTA! 
- Bernardo, olha pra mim, por favor! – Camila se aproximou do irmão, que virou o rosto – Deixa eu explicar... 
- Eu não quero falar com você! Meu assunto é com esse dai! 
Luan passou a mão pelo rosto, sentindo o pouco de sangue que escorria de seu nariz. Respirou fundo. 
- Solta ele, Matheus. – Disse baixo. 
- O quê? – Camila e Bruna disseram juntas, e Luan segurou a mão de Camila quase imperceptivelmente. 
- Vai ficar tudo bem. – Ele disse baixo, apenas para que ela ouvisse. 
- Luan, não... 
Ela dizia baixo, seu olhar era de dor, e isso deixou Luan ainda mais inquieto. Não gostava de vê-la daquela forma. Sorriu com o canto da boca, brevemente, e aproximou-se de Bernardo. Viu, com a visão periférica, Mari abraçar Camila de lado. 

- Vamos conversar então cara... – Luan disse calmo, medindo as palavras. Olhou firmemente para Matheus, que hesitou em soltar Salsa, mas por fim o fez. Bernardo respirou fundo. 
- Você é inacreditável, Luan. – Disse com desprezo – É a minha irmã, porra! – Bernardo disse e Camila ia abrir a boca para se manifestar, mas Pedro a repreendeu com o olhar. 
- Cara, eu sei, mas... 
Luan ia dizendo quando Bernardo lhe acertou um soco na barriga, não com toda a força de antes, mas que ainda assim fez Luan gemer de dor. 
O próprio Bernardo deu alguns passos para trás, piscando várias vezes, e sentindo a aproximação rápida de Matheus. Luan levantou a cabeça e Camila correu para seu lado, sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto. 

- É... É melhor eu sair daqui, eu não sei mais o que eu tô fazendo! – Bernardo disse por fim e andou em passos largos em direção ao portão, sendo seguido por Bruna.
– Me deixa sozinho! 
Ele berrou, mas a garota não obedeceu, e continuou a segui-lo para o lado de fora.

- Me desculpa, me desculpa! – Camila tentava engolir o choro, passando as mãos trêmulas pelo rosto de Luan, que estava sentado em uma cadeira de praia. Ele sorriu fraco. 

- Ei... – Disse, segurando suas mãos – Não é sua culpa. Pare com isso! 
- Claro que é minha culpa! Se eu não tivesse um irmão tão idiota, você não teria... – Camila ia dizendo, quando foi interrompida. 
- Seu irmão não é um idiota. Ele é meu melhor amigo, e a culpa não é sua, nem minha. – Luan disse olhando para baixo, e Camila tentou abraçá-lo de uma forma que não fizesse nada doer ainda mais. 
- Obrigada por não bater nele. Por mais que aquele idiota mereça, é claro... 
Luan sorriu, selando os lábios da garota brevemente. 
- Eu nunca bateria no Bernardo. – Ele disse, tentando puxá-la para mais perto, e gemendo quando sentiu a musculatura da barriga contrair. 

Maria chegou correndo e Matheus estava logo atrás dela. 
- Aqui, Camila. – Ela estendeu um kit de primeiros socorros para a amiga. Luan Rafael desatou a rir, ao ver o que Matheus o carregava. 

- Pra que diabos esse pedaço de carne, Matheus? Eu não tô com fome, e não como comida congelada! – Ele disse e todos em volta riram, ainda que estivessem visivelmente preocupados. Principalmente Julia, que estava completamente confusa. 
- Acabou o gelo na festa, então você vai colocar essa carne congelada no nariz! – Math disse engraçadamente e Camila sorriu, ainda sem vontade de rir. Luan pegou a carne, fazendo graça, e encostou no nariz, contorcendo o rosto em uma careta. 
- Apanhei do meu melhor amigo, não revidei, estou todo dolorido e com um pedaço de CARNE na cara... Rapaz, complicado né não?! – Luan Rafael gargalhou
– Mais humilhante, impossível! - Completou Math.
Todos riram alto, especialmente Pedro e Matheus. Luan sentiu-se um pouco melhor ao ver que Camila também ria, e sorriu. 

- Vamos melhorar a humilhação... – A garota sorriu – Vou cuidar de você. 
Disse, com um olhar divertido, e Luan riu, puxando-a para um beijo rápido. Então Juju desatou a rir. 
- O que foi, sua doida? – Camila olhou para trás. 
- É tão engraçado... Vocês dois juntos. – Juju ria e logo todos fizeram o mesmo. 
- Relaxa, no começo é meio assustador, mas depois você acostuma! – Pedro disse e Camila tacou um rolo de esparadrapos em sua direção, fazendo-o gargalhar.


- Qual a parte do eu quero ficar sozinho, você não entendeu, Bruna Santana? – Bernardo perguntou com rispidez, enquanto a garota sentava ao seu lado, perto do mar. 
- Qual a parte do você está agindo como um idiota, você não entendeu, Bernardo Salsa? – A garota arqueou uma sobrancelha e ele bufou. 
- O que você quer? 
- Queria te dizer que você não tem o direito de fazer aquilo com meu irmão. Você pode não ter gostado do que viu, mas a vida é deles! Se eu já te odiava antes, agora não te suporto.
- Então me deixa sozinho! – Bernardo respondeu, e Bru rolou os olhos. 
- Você poderia ser menos estúpido? O que eu fiz pra você? – Ela disse um pouco irritada, fazendo-o encará-la. 
- Desculpe. Você não tem nada a ver com isso. – Bernardo disse ainda olhando para frente, e os dois ficaram em silêncio por alguns instantes. 

-Você sabia disso? 
Bruna negou. 
- Estou tão surpresa quanto você. – Respondeu baixo. 
- Tenho certeza que quase todo mundo sabia! Porque aquele merda tinha que... – Salsa já ia começar o descontrole, quando Bruna o encarou. 
- Não chame o Luan de merda. Você só está nervoso com ele. 
- Você vai defendê-lo só por ser seu maninho? – Bernardo perguntou, olhando nos olhos da garota pela primeira vez. 
- É claro que não. Eu também estou muito preocupada com os dois, Bernardo. Luan e Camila não é algo que possa dar certo sem que ninguém saia ferido... – Bruna balançou a cabeça, reprimindo um sorriso – Mas nem por isso concordo com seu ataque pra cima do meu irmão! E se ele tivesse revidado? Você tem noção do que você fez, Bernardo? 
O garoto parou e a fitou, incrédulo. 

- Eu não acredito que eu tô tomando uma bronca logo de você! 
- Pode acreditar! – Bruna disse séria mechas do cabelo, e o queixo do garoto caiu. 

- Quer saber, Bruna? Não tô afim de conversinha, de sermão! Se você vai ficar aqui sentada, eu vou andar por aí! – Disse, levantando o mais rápido que conseguiu, e saiu em passos largos. 

– O que você tá fazendo atrás de mim? – Perguntou, colocando as mãos na cintura, e a garota riu alto, fazendo a expressão dele, que beirava a ira, transformar-se em confusão. 
- Eu sinceramente não sei. – Bruna ria – Acho que quero garantir que você não bata em ninguém, sabe como é... – Disse arqueando uma sobrancelha e Bernardo sorriu brevemente. 
- Pode ficar tranqüila, eu não vou atacar ninguém que não mereça! - Respondeu e Bru sorriu. 
- Prefiro ir junto, se não se importa... – Ela disse e Bernardo bufou. 
- Como se adiantasse dizer não! Mas você vai calada! 
- Não tô nem aqui! – Ela fez sinal de zíper nos lábios, depois parou.

 – Bernardo, me paga uma Coca? 
Bernardo gargalhou. Não sabia se estava rindo de raiva ou de espanto, mas aquilo também fez Bruna rir. Nem ela sabia o que estava fazendo. 
- Se você calar a boca, eu te pago varias uma na volta. 
- Fechado! – Bru deu um pulinho, saltitando atrás de Bernardo.

- O que diabos vocês estavam fazendo todos lá no quintal? – Luan perguntou do nada e Pedro riu, sapeando os canais da televisão. 
- A gente ia fazer hambúrgueres, porque não tinha nada pro café da... – Pedro parou no meio da frase e trocou um olhar de pânico com Juju. 
- OS HAMBÚRGUERES! – Gritaram e saíram correndo juntos, fazendo Luan, Camila, Maria e Matheus gargalharem. 
- Devem ter virado carvão... – Matheus deu de ombros. 
- Você tá melhor? – Camila perguntou baixo, acariciando o rosto de Luan sorriu assentindo. 
- Eu tô ótimo, linda... Relaxa uai! – Ele disse sorrindo fraco e deitando a cabeça no colo de Camila. 

A verdade era que estava preocupado com o que estava por vir. Sabia que a reação de Bernardo, num primeiro instante, seria negativa, mas nem em suas piores hipóteses havia cogitado apanhar do amigo. Sentiu que Camila mexia em seus cabelos e sorriu, encarando a televisão e tentando engolir todo aquele sentimento ruim que tomava conta de seu corpo. Ela era tudo o que sempre quisera, mas Bernardo era seu melhor amigo. Aquela não era uma situação agradável de estar.

•Capítulo 30

- Vamo tomar esse café? As coisa ta tudo roncando aqui já. – Ele disse colocando uma bermuda e me puxou em seguida. E eu ri. 
- Preciso me trocar! 
Luan fez bico e me abraçou. 
- Ah não, eu gosto dessa roupa! – Ele reclamou e eu ri baixo, o apertando com mais força. 
- Imagina se eu desço com a sua camisa e meu irmão tá lá embaixo? Ele infarta com 16 anos! – Ela disse e Luan gargalhou, concordando.

- Vou até o meu quarto rapidinho, dá uma olhada pra ver se o corredor tá liberado! Tudo bem que eles vão ficar sabendo de nós logo menos, mas não precisa ser na base do choque! 
Luan gargalhou. 
- Não será tão chocante assim, eu acho! O Matheus e o Pedro sabem, a Maria desconfia. Só o Bernardo, a Juju e a Pi vão ter algum problema com a imagem! – Ele olhou para o lado – Tudo certo, pode ir. 
Dei um selinho nele, mas Luan me prensou contra a porta e me beijou de verdade. Senti meus joelhos cederem. 
- Te vejo na cozinha. – Disse rápido e saltitei para o lado de fora, antes que passasse o dia no quarto.


Coloquei um vestido rapidamente e peguei um chinelo, desci as escadas correndo e ninguém estava na sala. Luan estava parado na porta da cozinha, sorrindo. 
- Não temos comida! – Ele disse, fazendo uma careta. 
- Tá brincando? – Disse, desanimada. Ele negou e me puxou pela mão. 
- Vamos até a padaria comer alguma coisa, e trazemos uns pães para os desmaiados que vão acordar mortos de fome! E eu tenho que ter uma conversa com a dona Piroca, onde já se viu...-Não deixei ele terminar o que ia dizer e lhe dei um beijo de tirar do fôlego.
- Vou falar mal da Bruna mais vezes. Ele disse e eu ri, entrelaçando meus dedos nos dele e saindo. 

Fomos andando até uma padaria e tivemos um café maravilhoso. Obviamente, já que estávamos em outra cidade, achava tudo melhor. 
Estávamos conversando sobre qualquer besteira e dando risada. Pagamos pães, queijo e leite para levarmos pra casa, e saímos novamente. Luan tentava inutilmente espantar o sol daquela hora do dia com a mão, cobrindo o rosto pra tentar enxergar alguma coisa. Comecei a rir e ele me encarou. 
- Isso, ria da desgraça do seu menino! – Ele disse e eu o virei de costas contra o sol. 
- Meu menino? -Pendurei meus braços em sem pescoço e aproximei nossos rostos, ficando na ponta dos pés. 
- Você é lindo. – Sorri, sem sentir nenhuma vergonha daquilo. Para uma garota que mal conseguia expressar qualquer tipo de sentimento, até que eu não estava tão ruim. Ele sorriu e largou as sacolas no chão, me puxando para cima. 

- Eu gosto quando você tenta me agradar. – Ele sorriu e me beijou de leve. 
- Isso vai acontecer com mais freqüência, eu acho. Pelo menos estou tentando... – Respondi, sincera, e Luan encostou a testa na minha. 
- Mesmo quando você tenta me irritar, você me agrada. Não adianta. – Ele disse e eu ri, o beijando novamente. 
- Preciso de métodos melhores pra te tirar do sério, então... – Respondi num tom pensativo e Luan fez cara de indignado, antes de começar a rir. 

- Sabe, hoje quando eu acordei e você não estava do meu lado... – Luan parou como quem iria editar o pensamento, mas eu continuei em silêncio, e ele sorriu. – Eu achei que aquilo tudo tivesse sido coisa da minha cabeça. 
Pronto! Alguém me ensina a controlar essas benditas borboletas no estômago? 

- Ô, meu Deus... Porque meu menino é tão lindo?! – Deixei escapar, fazendo Luan rir, complemente corado. – Isso foi muito fofo. Mas eu estou aqui, não estou? Sua, muito sua! 
- "Grazadeus" né? -falou coçando a nuca e me puxando pra ficar mais próximo dele.
- Você desperta meu lado gay. – Luan disse e eu gargalhei. 
- Eu gosto de todos os seus lados. – Retruquei. – Acho que você despertou meu lado menininha... – Franzi a testa e Luan riu, sussurrando próximo a minha boca. 
- Só espero que seu lado menininha não leve meu lado gay pra fazer compras... Isso seria demais né?! – Ele completou e nós desatamos a rir, antes de retomarmos o fôlego para perdê-lo de novo... Em um beijo.


- Ah Luan Rafael, não, não! 
Saí correndo em direção ao portão com Luan logo atrás. Ele queria se vingar de mim. Só porque eu taquei areia nele? Que absurdo! 
- Vou te jogar dentro da piscina! – Ele gritou de volta, quase rindo, e eu arregalei os olhos. 
- Você não é louco! 
- Você quem pensa, vai vendo! – Ele disse e eu gritei, abrindo o portão com força. Olhei para trás e vi Luan largar as sacolas da padaria no chão e correr atrás de mim. 
– Luan Rafael, por favor! 
- Agora cê vem toda meiguinha, né? – Ele disse com a voz afetada e eu gargalhei, correndo pela lateral da casa, gritando. 
Luan me alcançou e me segurou pela cintura, me virando de frente. Fui dando passos para trás, tentando me preparar para fugir. 

- E agora, gatinha? – Ele me puxou para perto e eu senti minha nuca arrepiar. 
- Por favor... – Pedi com a voz mais fofa que consegui, eu sabia que isso derretia Luan. Ele sorriu, derrotado, e me puxou para si. 
Continuei andando de costas, procurando algo em que me apoiar, minhas pernas tinham a terrível mania de tremer com aqueles beijos dele. Esbarrei em uma árvore e parei, separando o beijo com um sorriso no rosto. Luan manteve as mãos em meu rosto, então eu ouvi um barulho. 

- Camila! – A voz de Julia parecia de pânico. Luan me encarou com um olhar calmo, como quem me incentivava a olhar para minha amiga. Sorri e me virei, e ele fez o mesmo. 
Foi quando eu percebi que todos estavam ali. Sem exceção. Pedro, que parecia tão em pânico quanto Juju, que estava ao seu lado. Matheus tinha uma expressão estranha no rosto, Maria parecia preocupada. Bruna estava entre a surpresa e a alegria, e eu não entendia o motivo de todo aquele desespero. 
Luan Rafael apertou minha mão com força. 

- Bernardo, não! 
Vi meu irmão sair de trás de Matheus como um flash e ouvi um grito de Julia. Numa fração de segundo, ele estava a centímetros de nós e então Luan já estava no chão.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

•Capítulo 29

- Boa noite, linda. – Ele sussurrou. 
- Boa noite, lindo. – Eu ri. 

Achei que fosse capotar logo em seguida – Minhas pálpebras estavam pesadas, meu corpo estava mole – Mas não foi isso que aconteceu. De repente, uma lembrança veio em minha mente e eu comecei a rir. De início, tentei me conter, mas depois comecei a rir alto demais. Luan apoiou o corpo em um braço se apoiando e me encarou nos olhos. 

- Ta maluca? Vai acordar a casa toda! – Ele disse, segurando o riso. –O que foi? 
Eu não conseguia falar. Luan começou a rir junto e isso só piorou minha situação. 

- O que foi Mila? – Ele repetiu, me chacoalhando, e eu percebi que estava extremamente curioso. Tentei recuperar o fôlego. 
- Você... Você se lembra... Do dia que eu espalhei pro colégio que você era um broxa?
Dessa vez Luan riu alto demais, então eu joguei o edredon por cima de nossas cabeças, numa tentativa inútil de abafar o som. 

- Eu lembro! – Ele dizia entre risos. 
- Quem diria hein? Eu estava tão errada! – O encarei com um olhar malicioso, mas pouco via seu rosto embaixo do edredon. Luan me puxou pra perto. 
- Aposto que você queria me provar... – Ele disse, presunçoso, e eu dei uma mordida em seu braço.
– Você é má comigo!
- Ja fui pior, olha o drama..
Ri alto e o beijei a boca e logo em seguida também beijei o lugar onde havia mordido. 
Luan suspirou, tirando o edredon de nossos rostos. 

- Posso perguntar uma coisa? – Luan disse baixo, mexendo no meu cabelo. Sorri, assentindo. 
– Será que nossos pais tem idéia do que está acontecendo com a gente? 
- Não, acho que não. - Camila pareceu confusa, mas antes que dissesse algo, eu continuei. 
– Mas iram saber, né?! 
- É. – Eu ri vergonhosa, me sentindo uma idiota.
- Rapaz do céu! Eu consegui deixar você com vergonha?! Você está vermelhinha! – Luan disse com a voz afetada e eu ri.

- Como a gente é idiota, né não cara? Em pensar que eu poderia... Que a gente poderia... Sabe, ta junto a muito tempo atrás.
- Sorri e beijei sua bochecha.-
- O tempo não diz nada, Luan.
Talvez se fosse antes, não seria tão bom quanto agora. 
- Você tem razão... – Luan dizia, quando me viu bocejar. Ele riu baixo. – Mas depois a gente conversa sobre isso. Sonha com a gente, estando casados e eu famoso, um dos melhores cantores das moda apaixonada desse Brasil! -ele riu pensando alto e depois gargalhou percebendo o que havia dito.
Sorri e ele beijou minha testa. 
- Vou sonhar, meu cantor. Boa noite!


Abri os olhos devagar ao sentir uma maldita de luz em minha visão. Pisquei algumas vezes, tentando retomar o foco, e encarei Luan dormindo tranquilamente ao meu lado. Minha cabeça apoiada em seu peito ia e vinha conforme sua respiração calma e serena. Fiquei o observando por alguns minutos – Ah, vai, que garota não faz isso? – E como percebi que não acordaria tão cedo, resolvi levantar. O relógio marcava meio dia, mas a casa estava muito quieta, provavelmente todos dormiam. Eu estava com sono, mas não queria dormir. Era como se fosse perder muita coisa se não estivesse acordada. Olhei para trás e espiei Luan novamente, sorrindo de leve. Uma sensação boa tomou conta de mim, ele era meu. Poucas vezes em minha vida tinha tido essa conclusão. Mesmo em namoros sérios, sempre ficava totalmente desconfiada. Mas ele, por incrível que parecesse, parecia meu, e eu sabia que não queria mais ninguém. E mesmo que não tivesse nada definido em minha mente – Eu não sabia se estávamos juntos ou coisa do tipo. Mas também sabia que não era coisa da cabeça de dois adolescentes – Eu estava completa e irrevogavelmente feliz. Quem diria. Abri o armário de Luan e encarei as camisas perfeitamente enfileiradas. Peguei uma branca e uma samba canção e corri para o banheiro. Tomei um banho demorado e fiz minha higiene matinal, tudo meio arrastada. Penteei os cabelos, ainda molhados, e decidi que não iria fazer nada com eles. Meu estômago pedia por atenção, eu precisava comer alguma coisa urgentemente. 
Abri a porta do banheiro e Luan estava sentando na cama, esfregando os olhos. 

- Oi! – Sorri, me aproximando da cama. Ele me encarou com um sorriso enorme. 
- Pode parando aí moça. – Disse com a voz baixa e eu arqueei uma sobrancelha, sem entender nada. 
- O que foi? – Perguntei e ele riu. 
- Acabo de concluir que roupas de homens definitivamente ficam melhores em Camila Salsa. – Luan disse e eu ri, pulando na cama. 
- Como se você nunca tivesse visto uma garota com suas roupas antes... – Murmurei, me aproximando. Luan me deitou na cama, me beijando calmamente. 
- Todas as garotas não são você. 

Um arrepio percorreu minha espinha na mesma hora. Sorri. 
- Fico melhor do que na Amanda? – Fiz uma careta e Luan gargalhou, mordendo meu lábio em seguida. 
- Precisaria de quarenta Amanda's pra chegar na metade de uma Camila.
- Você é bom nisso! – Sussurrei, derrotada, enquanto beijava seu pescoço. Luan sorriu vitorioso. 
- Você não viu nada rapaz. 
Ri e ele levantou, caminhando em direção ao banheiro. 
- Anda rápido que eu tô com fome! – Disse e ele olhou para trás, rindo. 
- Se você quiser me ajudar no banho! – Seu olhar era malicioso. Taquei um travesseiro em sua direção, e Rafael riu ainda mais ao desviar dele. 
- Anda logo, seu tarado! – Desatei a rir enquanto a porta fechava. 
- Tá destrancada! – Ele gritou lá de dentro. Ninguém merece esse idiota.
- Vai rápido, Luan! Se você ficar enrolando eu te afogo na banheira! 
Ele gargalhou. 
- Psicopata! – Gritou. 
- Tarado! 
Ouvi o barulho do chuveiro sendo ligado. 
- Acho que esse foi meu “Cala a boca” – Murmurei rolando os olhos e ri, ligando a televisão.
Luan saiu do banho em pouco tempo, apenas de boxers e secando o cabelo. Como podia ser tão bonito? Dava até calafrios ficar olhando.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

•Capítulo 28

Em nenhum instante pensei em negar aquele momento. Com ele era tudo completamente diferente. Era melhor, muito melhor. Nada parecia precipitado, parecia certo, e isso fazia toda a diferença. 
O coração dele batia tão forte que eu sentia em mim. Ou talvez o contrário, não faço idéia. Respirei fundo, tentando sair do êxtase do qual eu estava, mas foi inútil. 

-Luan! Disse num sussurro.
- Oi? O que foi?- perguntou assustado e eu ri.
-Nada Luan, é que é na frente. Ri.
-O que é na frente?
-O sutiã abre na frente. Ri de novo.
-Sério que eu tô aqui matando e esse trem abre na frente?
Luan finalmente tirou meu sutiã e me deitou novamente na cama, se deitando sobre mim. Luan beijava meu pescoço, meu colo, até chegar em meus seios, ele os apertava e os beijava. Ele se contorceu pra tentar tirar a calça e eu ri do seu desespero. Voltou me beijar e agora era questão de segundos pra te-lo pra mim. Luan foi beijando todo meu corpo até se livrar de ultima peça que me restava. Ainda me beijando ele mesmo tirou sua Box, pegou a camisinha na mesinha do lado do cama e voltou pra cima de mim. Eu que observava tudo pra não perder nem um segundo daquele momento.

-Se eu te machucar me avisa tá? Ele disse.
- Aviso. -disse com um sorriso maior do que eu podia dar.

Depois de mais algumas caricias intensas Luan me procurou. Eu que estava com as pernas abertas, uma de cada lado, entendi o recado. Luan começou a me estimular com os dedos, e eu soltei vários gemidos em seu ouvido, o que fazia ele aumentar a velocidade. Depois de uns minutos assim, ele tirou seus dedos de mim, em seguida ele fez uma cara ansiosa avisando o que faria e eu não via a hora daquilo. Eu estava louca de amor e desejo, percebendo meu rosto corado, ele me deu um beijo cheio de amor. 
Quando sentimos o fôlego acabar ele tirou meus cabelos do ombro e ficou beijando meu pescoço. 
Desceu os beijos para a minha cintura e chegando onde eu e ele tanto queríamos. Luan me invadiu lentamente com seu membro e aos poucos foi aumentando suas investidas. Ficamos minutos assim até que nossas respirações começaram ficar falhas. Depois ele se sentou de joelhos na cama e me colocou em cima dele na posição mamãe e papai. Assim eu o sentia por completo dentro de mim. 
Depois de um tempo ele parou com suas investidas e ficou me olhando como quem queria atravessar meus pensamentos e como estivesse me admirando. Aquilo só me fez ficar mais apaixonada e louca pra aquela noite nunca ter fim. Soltei um sorriso incapaz de expressar o tamanho da minha felicidade, ele não se conteve soltando um riso lindo também. Se deitou na cama novamente, me invadindo de novo e dessa vez com mais intensidade. 
Uma sensação maravilhosa percorreu meu corpo e eu estremeci.
 Na mesma hora eu subi em cima dele pra comandar aquilo. Ele fez a feição de ter se surpreendido, mas dava pra notar todo o seu desejo por mim. Subi cavalgando nele e fazendo com que o seu membro entrasse em mim por inteiro. Eu já estava enlouquecendo quando apoiei minhas mãos nos joelhos dele, jogando meus cabelos longos para trás e cavalgando com mais rapidez. 

Aquilo estava sendo tudo e mais um pouco. Não conseguia me preocupar mais em nada do que deixá-lo dentro de mim. Levantei a cabeça para que pudesse ver seus olhares, pareciam que iriam pegar fogo a qualquer momento. Depois de mais algumas investidas cheguei ao me ápice ele também chegou no seu limite segundos depois. Ainda dentro de mim, fui soltando o meu corpo sobre o dele devagar. 
Nós estávamos ofegantes e completamente suados. Selamos nossos lábios com a mais linda ternura.

Ainda deitada sobre ele, sentia Luan alisando meus cabelos que estavam grudados em meu corpo totalmente molhado de suor. Ouvi ele falar baixo, quase um sussurro e pedi para que ele falasse novamente, minha cabeça não estava ali. Estava nas nuvens. Ri disso e ele falou:
-Eu sei que é meio clichê, mas... Foi bom pra você? 
-Foi perfeito, Luan. Não tenho palavras pra tentar descrever isso. -Falei com o rosto corado e o perguntei o mesmo.- E você gostou? Não mente.
- Como não amar? Como não te querer a todo instante? Você foi perfeita. Se eu já achava que te amava antes, hoje, agora, nesse momento eu só tenho mais certeza.

•Capítulo 27

Luan Narrando

Girei na cama me acordando e desconfiando que mal tinha dormido. Desenterrei a cabeça do travesseiro, coçando os olhos. Então meu coração deu um pulo. Olhei para o relógio – cinco e dezenove – voltei meu olhar pra ela. Sentada na poltrona olhando a chuva cair na varanda. Ela. Ela estava ali. Não consegui me mover, parecia que eu tinha borboletas no estômago.

- Você disse meu nome enquanto dormia – Ela disse sem virar. Foi pro pau, como ela sabia que eu já tinha acordado? 
– Duas vezes. – Ela completou e eu senti meu rosto corar. Ela olhou por cima do ombro, sorrindo. – Talvez eu seja a garota dos seus sonhos... – Disse rindo, enquanto levantava em minha direção. Fiz o mesmo, me aproximando rapidamente. 
- Talvez você seja... – Disse baixo, aproximando meu rosto do dela. 
A pouca luz vinha da varada, e eu podia sentir um tremor na espinha ao olhar em seus olhos. Parecia que tinha alguma conexão ali. Ela sorriu de canto, cruzando os braços ao redor do meu pescoço. 
- Pensei que você fosse me chamar de pretenciosa. – Disse baixo e eu a puxei pra muito mais perto, aproximando minha boca de seu ouvido. 
- E você é. – Eu ri, e ela me acompanhou. – Pretenciosa, teimosa, mandona, irritante, maluca, bipolar... 
- Eu espero que tenha um “mas” no final dessa frase... – Ela disse rindo e eu gargalhei. 
- Mas... – Disse e ela me encarou nos olhos – Eu sei que eu também não sou grande coisa né rapaz... Então eu me atrevo a dizer que a gente se merece - Eu ri e ela sorriu, mordendo minha bochecha. 
- Um amor bipolar... – Ela sussurrou – Eu gosto dessa idéia, demais da conta! – Disse rindo, e eu ia me manifestar, quando ela me deu um longo selinho – Não mais do que eu gosto de você. Eu acho que no fim das contas, você sempre foi a parte que faltava, Luan.
- Rimos alto e ao mesmo tempo, e ela estava corada, o que fazia meu coração bater de forma estranha.
-Eu só demorei muito pra reparar. Ela disse por fim. Camila sorriu o sorriso que eu adorava, aquele que ela não mostrava pra ninguém. 
- Linda... – Disse sem nem pensar, colocando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha, e aproximando nossas bocas. 

Ela fechou os olhos sorrindo e eu soube que aquilo era certo. Ela não era apenas quem eu queria. Ela era o que eu sempre quis. Senti meu corpo estremecer quando Luan acabou de vez com o espaço que tínhamos entre nós. Suas mãos se embrenharam em meus cabelos e o toque gentil de sua língua na minha quase me fez ter um colapso. Alguém me explica se um coração pode bater tão forte assim? Espero que possa, porque eu sou muito nova pra morrer. Foi o suficiente para saber que tudo o que eu precisava era estar ali, nos braços dele. Ninguém nunca me faria sentir daquela forma, mas ele não precisava ficar sabendo disso. Talvez só um pouco, vai... Ele merece. 

- Por quê você demorou tanto? Queria que eu tivesse uma prévia do que é morrer de ataque cardíaco? Trem ruim esse de levar bolo.. - Luan afastou a boca da minha só pra dizer isso. E ainda se fingiu de bravo o que me fez rir. Abri meus os olhos devagar, rindo e encarando os dele bem próximos. Sorri ao perceber que ele estava ansioso.

- Assim que você saiu do banheiro, eu já tinha tomado minha decisão. Eu teria chegado aqui em cinco minutos ou menos – Sorri tímida ao ver o enorme sorriso que estampava o rosto dele. – Só que meu irmão me viu, e começou a me dar uma puta bronca! 
Rolei os olhos ao lembrar da cena. Luan riu baixo e sentou, ainda me mantendo em seu colo, e eu acabei ficando com uma perna de cada lado de seu corpo. 
- Bronca? – Ele sorriu maroto e eu mostrei a língua. 
- Hot’n’Cold numa mesa de sinuca pode agradar a muita gente, mas o Bernardo tende a ser um pouco ciumento com a irmã, se é que você me entende... – Respondi olhando pras unhas e Luan gargalhou. Eu adorava aquela risada. 
- Tá certo, tem que cuidar da irmãzinha! – Luan disse com um olhar malicioso e eu gargalhei de verdade. Num movimento rápido, me deitou na cama e me prendeu entre seus braços. – Sabe quantos marmanjos podem querer se aproveitar dela nessa cidade? – O estapeei e nós dois rimos. 
- Babaca... – Murmurei, rolando os olhos. Luan riu mais alto. 

- O Bernardo demorou tudo isso pra te dar bronca? Rapaiz do céu! 
-Sorri concordando-
Hum... Então ta bom. Mas pra que tanta bronca? Coitada da minha delícia! -Luan disse fazendo o bico mais lindo do mundo.
Um calor repentino tomou conta de mim ao ouvir o famoso apelidinho sem vergonha. O mais engraçado era que dessa vez, eu tinha gostado. Não tive necessariamente tempo pra pensar em nada, Luan já estava tentando me matar do coração de novo. Senti o beijo calmo se transformar em algo mais intenso, mais quente e irresistível. A maneira com que suas mãos se moviam era delicada e ao mesmo tempo desesperada. Mordi seu lábio devagar na medida que minha respiração ficava um pouco mais alta que o normal. Tive vontade de rir, mas me segurei enquanto ele apertava com força o lado das minhas coxas e me fazia ficar presa entre suas pernas. A pressão de seus lábios contra os meus era quase furiosa, mas não é como se estivéssemos perdendo algum toque. 

Era como simplesmente nossos corpos pedissem por mais, como se tivéssemos esperado tempo demais. Talvez aquilo fosse verdade. As mãos de Luan subiram por baixo da minha blusa, a puxando devagar para cima. Parei o beijo, completamente ofegante, e ri baixo. Vi as bochechas de Luan ganharem um tom rosado e sorri. 
- Rapidinho você, hein? 
Luan riu alto e puxou a blusa para cima, deixando meu sutiã preto a mostra. 
- Já eu acho que estamos perdendo tempo demais... – Ele disse, a voz rouca e arrastada perto do meu ouvido, enquanto dava beijos suaves ali. Senti meu corpo inteiro estremecer, e concordei inutilmente, rindo baixo. 
- Pervertido. 
- Como sempre, realista. – Luan gargalhou. 
- Não deixa de ser verdade. 

Respondi e Luan me encarou nos olhos, um sorriso quase infantil no rosto. Como uma criança que vira os presentes de Natal embaixo da árvore. Simplesmente lindo. 
- O que foi? – Perguntei, um sorriso igualmente idiota nos lábios. 
Luan chacoalhou a cabeça, e voltou a beijar meu pescoço, dando a entender que não iria dizer nada. 
- Luan Rafael! – Ele riu ao ouvir o nome completo e me deitou de volta, acariciando meu rosto. 
- Isso vai soar estúpido... – Luan fez uma careta, o que só me deixou mais curiosa. 
- Fala, vai! Por favor... – Pedi, a voz fofa, e ele arqueou uma sobrancelha. 
- Eu só não consigo acreditar que... Que eu consegui ter você. 
Um sorriso se estampou em meu rosto e eu senti meu coração bater mais forte gradativamente. Luan sorriu junto comigo, e me beijou, dessa vez devagar e delicadamente, o que só fazia meu cérebro girar e meu corpo responder sozinho a cada toque. Comecei a desabotoar sua camisa, sem me desfazer do beijo, e ele a jogou para longe. Os beijos dele começaram a fazer um caminho pelo meu pescoço e seios, enquanto suas mãos já buscavam os botões de trás do meu vestido. Tentei fazer o mesmo com a calça dele, mas era complicado demais para me concentrar enquanto ele me torturava com beijos no pescoço. Gemi em protesto e ele riu e em seguida ri também.

Estávamos nervosos por saber o que acabaria acontecendo ali. Estava sendo as melhores horas que passei na vida. Observei seu corpo coberto apenas pelas Box pretas e sorri maliciosa. Não demorou muito para que Luan de desfizesse de meu sutiã, que tomou o mesmo rumo que as demais peças que eu vestia. Eu o beijava no pescoço muito mais ferozmente do que podia calcular, tinha certeza que algumas marcas sobrariam por ali. Luan soltou um braço das minhas costas e começou a tatear a mesinha do lado, derrubando alguns objetos que pareciam fazer muito barulho quando tocavam o chão. Ri baixo do desespero dele. Seu olhar encontrou o meu enquanto nos livrávamos das últimas peças de roupa que estavam entre nós. 

- Ei. – Suspirei. Ele me encarou, o olhar tão fixo no meu que parecia poder ver através deles. 
- O que foi? 
- Eu acho que gosto um pouquinho de você. – Murmurei e Luan gargalhou. A melhor risada que eu podia ouvir, que me fazia estremecer. Ri junto. 
- Só um pouquinho? – Ele sussurrou, encostando a testa na minha. 
- Digamos que esse pouquinho seja do tamanho do quanto eu sou linda. – Respondi e Ele sorriu. 
-Então quer dizer que você me ama infinitamente? 
Assenti sorrindo, sem forças pra dizer mais nada, com um sorriso no rosto. O olhar de Luan no meu, o corpo dele no meu, era algo inexplicável. Nunca poderia ser dito em palavras, ele era só meu e eu era só dele. Dentro das nossas loucuras, brigas, dentro do nosso mundinho. Algo só nosso, que nem nós mesmos éramos capazes de entender.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

•Capítulo 26

- ME LARGA, SEU IDIOTA! – Ela gritava, mas Luan Rafael não dava ouvidos. – Luan Rafael, me põe no chão AGORA! 
- Fica quieta! 

Ele a segurava com mais força e as pessoas abriam espaço para que passassem. A música continuava e todos cantavam e dançavam, mas paravam para olhar a garota que se debatia e esmurrava as costas dele. Luan abriu a porta do banheiro da sala de estar com o pé e respirou aliviado por não ter ninguém ali. 
Largou Camila rapidamente na bancada gélida da pia e ouviu o barulho de algo se quebrando atrás dela, enquanto trancava a porta. 

- O que você está fa... – Camila ia dizendo quando Luan a puxou pelo pescoço e colou suas bocas. Parecia que o mundo ia acabar ali, parecia que era última coisa que ele precisava fazer antes que tudo explodisse. A garota conseguiu puxar o mínimo necessário de ar dos pulmões quando sentiu que ele a apertava com cada vez mais força contra si mesmo e entrelaçava os dedos em seu cabelo. Sentiu seu corpo literalmente ceder e reagir rapidamente ao de Luan, apertando com um pouco mais de força do que o necessário um de seus ombros. 
Luan separou o beijo, sentindo seu lábio formigar e vendo a boca de Camila completamente vermelha. A garota respirava fundo, de olhos fechados, e ele ainda mantinha as mãos nas costas e coxa da garota, enquanto ela não moveu as mãos ao redor de seu pescoço. 

- Eu quero você, só você. – Luan respirou fundo e Camila encostou a testa na dele, abrindo os olhos – Eu posso beijar três, quatro, quarenta mas nenhuma delas vai chegar aos pés do que você consegue fazer comigo só com um olhar. 
- Luan, eu... 
- Shiiii. – Luan disse e mordeu o lábio inferior de Camila, que riu baixo e sentiu o corpo estremecer – Chega de amizade colorida. Eu não agüento mais me esconder. Eu disse que você ia ser minha, e é isso que eu quero. 
- Luan... Eu sou sua. – Camila respondeu e o garoto sorriu de canto, sentindo o coração acelerar muito mais do que o normal. 
- Mas eu não quero que seja assim... Eu já aceitei suas regras, seu jogo... Agora se você me quiser, nós vamos ficar na frente de todo mundo. 
- Como é? – Camila arregalou os olhos. 
- Exatamente isso. – Luan suspirou alto e a beijou com mais delicadeza do que a primeira vez, mas Camila ainda sentiu que seu coração ia sair pela boca.
 – Pode pensar no que você quer. Apareça no meu quarto, se você concordar com o que eu te disse... – Luan sorriu pervertido e beijou demoradamente o pescoço da garota. – Confio em você. -Disse, destrancando o banheiro e subindo as escadas. 

Passou despercebido pela festa e fechou a porta atrás de si, em seu quarto, respirando com dificuldade. Era ela que ele queria, e achava que era correspondido. Só faltava ela aparecer.
Comecei a andar de um lado para o outro dentro do quarto feito um idiota. A idéia de que Camila não aparecesse era mais do que humilhante, era assustadora. 
Eu nunca tinha deixado as coisas chegarem nesse ponto: seja lá de qual ponto estamos falando, nunca tinha gostado assim de uma garota. É claro que algumas delas já me surpreenderam, mas com a Camila era diferente: Era estranho porque mesmo ela sendo bastante teimosa e insuportável, - Além de irmã do meu melhor amigo – Ela parecia me ter em mãos. Tudo o que ela fazia, cada gesto, o jeito de falar, de andar, até a forma com que ela me tirava do sério era irresistível pra mim. E eu não sei como isso veio acontecer, porque sinceramente eu a odiava. Tudo aquilo que eu não suportava nela tinha sumido, ou pior ainda, se transformado em alguma forma estranha de qualidade. Qualquer garota que me desse um bolo pra sair com as amigas deveria ser ignorada até a morte. Mas não, quando ela faz isso...

Olhei para o meu relógio e percebi que estava andando sem parar há pelo menos quinze minutos. Mas que merda, porque ela tinha que demorar tanto? Tirei os tênis e me joguei na cama, procurando algo na TV. Passei canal por canal, sem reparar em nada do que estava ali, era um gesto automático, irritante. Soltei o controle na cama e olhei para a tela, onde algumas mulheres realmente gostosas estavam fazendo o que bem queriam numa piscina. Ri sozinho.

(Flashback on)

- Camila, olha o meu estado! 
- Liga no Playboy TV. – Ela respondeu rindo e sumiu escada acima.

- Playboy TV. - murmurei, rolando os olhos. Até nisso eu tinha que lembrar dela. Desliguei a TV poucos minutos depois, eu não prestaria atenção nem naquilo, quando tinha algo engasgado em minha garganta. Ela estava demorando demais. Conseguia ouvir o som alto da festa no andar debaixo, aquilo iria longe. Eu poderia descer e ver com meus próprios olhos, ela provavelmente estaria dançando em cima de alguma coisa com as amigas, como se não se importasse. Mas eu sabia que ela se importava. Ela tinha que se importar. Puxei dois travesseiros enormes e deitei neles, virando a barriga para baixo e fechando os olhos, como se convencesse a mim mesmo de que não estava esperando ninguém. Mas eu tinha tava cansado, e meus olhos começaram a ficar pesados. Procurei pelo celular no bolso. 
- Quarenta minutos. – Disse baixo e enterrei o rosto nos travesseiros, nervoso. 

Eu não estava mais conseguindo vencer a luta contra meus próprios olhos, eu teria que levantar naquele instante se quisesse estar acordado quando ela chegasse. Se ela chegasse. Respirei fundo, mas não consegui. O som da festa parecia mais distante, minha cabeça já começou a misturar as imagens de tudo o que eu tinha visto e feito no dia. Eu não tinha mais forças pra continuar acordado.

domingo, 25 de janeiro de 2015

•Capítulo 25

Leiam o Capítulo ouvindo a música: Hot'n Cold - Katy Perry.

- Qual seu nome?
- Gabriel. E o seu? 
- Camila. 
- Posso te oferecer uma bebida na sua própria festa? – Ele riu e Camila fez o mesmo. 
- Quantas quiser, Biel.

Luan fechou os olhos sentindo os beijos de uma garota em seu pescoço. Abriu os olhos e eles só ganharam foco nela, que estava nos braços de outro cara. 
Ela, que estava no meio da pista beijando outro. Num impulso, empurrou a garota da qual não fazia idéia do nome para trás. Passou como um furacão no meio da pista e em seguida segurou o braço de Camila.

Ela que agora ria de alguma besteira que o Gabriel dizia, virou olhando assustada. 
- Vem aqui. -Luan dizia nervoso-
- Luan, eu tô ocupada, não sei se você reparou! – Respondeu rindo, mas ele não se importou, puxando-a pro lado de fora.
– Ei, o que você está fazendo? 
- O que VOCÊ tá fazendo? – Luan disse um pouco mais alto, já do lado de fora, e um casal parou de se beijar, olhando para os dois.

- Quem é aquele cara? 
- Quem? O Biel? – Camila riu da cena e Luan respirou fundo. – Só um amigo. 
- Você não pode ficar com ele! 
- O que aconteceu? Pensei que você teria três ou mais garotas pra se preocupar essa noite, então larga do meu pé! – Camila respondeu sarcástica e Luan rolou os olhos, rindo debochado. 
- Eu tenho. Só não quero que você saia pegando todos os garotos da festa pra me fazer ciúme, porque não vai funcionar... – Ele riu 
– Ainda que você não queira assumir o que a gente tem... Ou teve, pra ninguém, temos amigos que sabem, e vai ficar meio feio pra sua imagem... 
- Você é ridículo! Talvez nos seus sonhos eu estivesse beijando aquele cara pra te fazer ciúme, não é meu bem? – Ela riu – E em momento algum eu disse que não queria assumir nada pros nossos amigos! Aliás, porque estamos tendo mesmo essa conversa? 
- Não sei! – Luan disse alto. 
- Você me prometeu que ia ser diferente, mas adivinhe? Já me saiu um perfeito idiota! Novidades pra você, Luanzinho: Figurinha repetida não completa o álbum. Volte para suas biscates, porque o Gabrielzin está me esperando! Passar bem.

Camila respirou fundo e segurou as lágrimas que se formavam. Não iria chorar, aquilo era ridículo. Procurou seu mais novo amigo e inventou qualquer desculpa para ele, que acreditou prontamente.
O garoto não demorou muito na festa, teve algum problema que Camila não conseguiu prestar atenção. Viu Luan circulando com pelo menos três garotas diferentes naquela noite, e tudo o que queria era gritar. 

O que estava acontecendo com ela? Começou a beber um pouco mais do que o recomendável, enquanto ria com pessoas desconhecidas e tomava uma ou outra bronca das amigas pelo excesso, assistindo algumas partidas de sinuca. Viu que Luan estava sem garota alguma, ao lado de Bernardo e os dois conversavam sobre algo que não parecia interessar para Luan. Em seguida uma garota ruiva chegou por trás dele e o abraçou. Ele não se movimentou, continuou conversando com o Salsa do mesmo jeito. 

Camila rolou os olhos e pensou em sair dali, quando ouviu a introdução da música Hot’n’Cold, da Katy Perry. Sorriu furtivamente e caminhou até a mesa de sinuca, pegando o taco da mão de um garoto e rindo abobalhada. 
- Agora que a festa vai começar! – Disse mais para si mesma do que para as outras pessoas. 

- Tem uma garota na mesa de bilhar! – A ruiva disse e Luan virou de costas, assim como Bernardo. 
- Ah não! – Bernardo murmurou, chacoalhando a cabeça.
Camila segurou o taco como um microfone enquanto dançava enlouquecida. Olhou para Luan e começou a cantar junto com a música.

You change your mind, (Você muda de idéia) 
Like a girl changes clothes. (Como uma garota muda de roupas) 
Yeah you, PMS. (Sim, você tem TPM) 

- Ela não está fazendo isso! – Maria disse aproximando-se da mesa e Luan deu dois passos adiante. 
Camila descia e subia cantando empolgada enquanto várias pessoas rodeavam a mesa.
 Ela havia se tornado a atração principal da noite. Jogou os cabelos e sorriu, continuando a cantar:

Cause you're hot then you're cold (Porque você é quente e logo esfria) 
You're yes then you're no (Você quer e depois não quer) 
You're in and you're out (Você está dentro, depois está fora) 
You're up and you're down (Você está feliz, depois está triste) 
You're wrong when it's right (Você está errado quando está certo) 
It’s black and It’s white (É preto e é branco) 
We fight, we break up (Nós brigamos, nós terminamos) 
We kiss, we make up. (Nós nos beijamos e voltamos)
You, You don’t really want to stay, no (Você realmente não quer ficar, não) 
You, but you don’t really want to go, (Você, mas você também não quer ir) 
You're hot then you're cold (Você é quente e logo esfria)

- Faz alguma coisa, Luan cara! – Matheus disse chegando ao lado do amigo, que estava paralisado, enquanto a garota cantava olhando em seus olhos. Viu vários caras gritando empolgados enquanto ela rebolava e chegou perto da mesa rapidamente. 

- Camila, desce daí! – Disse alto, mas seu grito fora abafado pelos das pessoas. Ela riu. 
- Vê se me erra.

We used to be, just like twins (Nós costumávamos ser, como gêmeos) 
So in sync (Tão em sincronia) 
The same energy, now’s a dead, battery (Com a mesma energia, agora a bateria acabou) 
Used to laugh bout nothing (Costumávamos rir, sobre nada) 
Now your plain boring (Agora você está entediante) 
I should know, that you’re not gonna change. (Eu deveria saber que você não iria mudar.)

Camila frisou bem o you’re not gonna change, e Luan olhou pros lados, mexendo nos cabelos sem saber o que fazer. Ouviu a voz de Bruna logo atrás de si. 
- Amiga, desce daí! 
- Sobe aqui, Bruninha! – Camila gritou rindo. 
A garota dançava de um jeito que enloqueceria qualquer um ali, mas Luan em especial. Não conseguia se conter, o jeito que ela cantava e dançava o fazia sentir culpado e feliz ao mesmo tempo. Com raiva e animado. Quente e frio, riu de si mesmo. Mas ele não queria que todas aquelas pessoas olhassem daquela forma pra ela. Ela era dele, era difícil entender? 

- É impressão minha ou a minha irmã tá cantando pro Luan? Bernardo perguntou abismado e Mari sorriu amarelo. 
- Claro que não, Bernardo! 
Luan respirou fundo e puxou Camila pela mão. 
- Desce daí. – Pediu baixo, mas ela apenas riu, soltando a mão da dele. 
- Pra quê? Pra você me decepcionar de novo? – Riu alto – Estou bem, obrigada Lu! 
Disse e continuou cantando.

Someone call the doctor (Alguém chame um médico) 
Got a case of a love bipolar (Tenho um caso de amor bipolar) 
Stuck on a rollercoaster (Presa em uma montanha russa) 
Can’t get off this ride (Da qual eu não consigo descer)

Camila ajoelhou na mesa em um lugar que a deixou de frente para onde Luan estava. Cara a cara, a poucos centímetros. Repetiu baixo, sentindo uma lágrima escorrer solitária em seu rosto.
- Chega. – Luan disse e a puxou de cima da mesa, colocando-a nos ombros. Várias pessoas começaram a vaiar, e Camila se debatia e xingava. 
- ME LARGA, SEU IDIOTA! – Ela gritava, mas Luan não dava ouvidos. – Luan, me põe no chão AGORA! 
- Fica quieta vai! 
Ele a segurava com mais força e as pessoas abriam espaço para que passassem. A música continuava e todos cantavam e dançavam, mas paravam para olhar a garota que se debatia e esmurrava as costas dele. Luan abriu a porta do banheiro da sala de estar com o pé e respirou aliviado por não ter ninguém ali. Largou Camila rapidamente na bancada da pia e ouviu o barulho de algo se quebrando atrás dela, enquanto trancava a porta.

•Capítulo 24

- Cara, apaga essa luz! 

Luan berrou tampando os olhos e tentando esconder a cabeça embaixo do travesseiro. Não ouviu nenhum barulho, só sentiu alguém puxando seu edredon e xingou até a quinta geração daquele ser dos infernos. Coçou os olhos e deu de cara com Matheus. 

- O que você quer, Math? – Disse alto e sentiu a cabeça zunir ao ouvir sua própria voz. Devia lembrar-se de beber menos das próximas vezes. 
- Você tá fudido. – Matheus respondeu baixo – Falo sério. 
Ao ouvir o tom de voz do amigo, ficou rapidamente desesperado. Não lembrava do que tinha feito de tão errado assim, mas certamente coisa boa não era. 
- O que eu fiz? – Perguntou mais baixo enquanto segurava a cabeça. Matheus fez careta. 
- Você acaba de perder a Camila. 
- QUE? – gritou novamente e quase xingou a si mesmo por isso. O que tinha bebido pra dar tanta dor de cabeça? Álcool de carro com Tang? 
- Cara, ela tá muito puta com você. Não que ela tenha me dito... Na verdade ela disse pro Pedro. 
- Disse o que? – Luan estava subitamente desesperado e achando-se ridículo por aquilo. Mas a situação pedia, como ele podia ter perdido aquela menina? 
- Bom, ela te xingou de todos os nomes possíveis depois de ontem... Das duas garotas que você pegou na frente dela. Ela gravou exatamente o rosto das duas, até descreveu a roupa de uma delas, se segurando pra não chorar. Nunca vi a minha melhor amiga assim cara. Fala sério... E ainda ficou com mais ódio por você ainda achar que poderia ficar com ela lá depois disso. Sério cara, aquilo foi bem ridículo. 
- Eu o que? 

Luan não conseguia acreditar. Ainda que lembrasse vagamente de ter ficado com outras garotas, não lembrava ter feito isso na frente de Camila e muito menos de tentar ficar com ela depois disso. Lembrava-se apenas dela ter dito algo que o irritou profundamente no meio da pista de dança, e depois disso ele acabou pegando mais uma das amigas da morena com quem tinha ficado antes. 
Ouviu Matheus explicar o que tinha acontecido, e sentiu-se um perfeito idiota. Ele e sua belíssima capacidade de estragar tudo! Resolveu levantar, tomar um banho e um remédio pra a dor de cabeça e tentar resolver o problema com Camila. Se é que ela iria o escutar.

Luan foi até a piscina e viu que Juju, Mari e Pedro conversavam animados sobre alguma coisa na água. Maria o olhou de uma forma matadora assim que o viu, se os olhos de Maria Pontes tivessem lasers, ele estaria morto naquele momento. 
- Cadê todo mundo uai? – Perguntou olhando especificamente pra Pedro, que fez uma careta de pena pra ele. 
- Todos foram a praia. – Pedro respondeu o amigo.
- Nem todo mundo, o Bernardo foi comprar alguma coisa no mercado... – Julia disse ingenuamente e Pedro quase riu. 
- Verdade, tinha esquecido disso. 
- Tá, valeu! – Luan disse correndo até o enorme portão.

Luan discou para o celular de Camila inúmeras vezes, mas sabia que ela não ia atender. Foi até o quiosque que costumavam ficar, e viu que ela não estava lá. Quando ia voltar para casa, viu a bolsa de praia e as coisas de Camila em uma mesa. Sabia que ela estava lá, devia e estar nadando ou algo do tipo, então resolveu esperar. Pediu uma água com gás e sentou-se na sombra.
 Viu ao longe a garota saindo da água junto com um cara, e os dois conversavam animadamente. Forçou o olhar contra o sol e assim que estavam mais perto, pode perceber que ele era o barman da boate. Apertou a garrafa de água com um pouco mais de força do que o normal e respirou fundo, indo até onde os dois estavam. 

- Oi. – Disse e Camila o encarou, secando o cabelo longo despreocupadamente. 

- Oi. Esse daqui é o Richard. Richard, esse é o Luan. – Ela disse formalmente e o barman, visivelmente alto e sarado, estendeu a mão para cumprimentá-lo, mas Luan não repetiu o gesto. Camila bufou. 
- Eu vou buscar sua bebida, linda! – Richard disse e Camila sorriu. 
- Eu vou com você! 
- Não, você fica! – Luan segurou o braço da garota, que rolou os olhos – Eu preciso falar com você. 
- Mas eu não preciso. 
- Você vai me ouvir! – Luan disse ainda segurando o braço de Camila, que fez uma careta. 
- Esse cara tá te incomodando, Camila? – Richard perguntou com a expressão fechada e Camila sorriu amarelo. Também não queria que Luan morresse, ainda que ele merecesse. 
- Está tudo bem, Richard. Te encontro no bar em cinco minutos. 
- Qualquer coisa me chama. – Ele disse e bufou. 
- Não vai ser preciso. – Respondeu Luan, fazendo Camila se perguntar o quanto ele prezava pela própria vida. 

- Fala logo, Luan. – Camila disse ao ver Richard se distanciar e Luan soltou seu braço. 
- Eu vim aqui falar com você, eu sei que eu aprontei alguma noite passada, mas pelo que eu vejo isso realmente não está te preocupando, não? – Luan riu sarcástico – Acho que você já arrumou mais um amiguinho... 
- Do que você está falando, Luan? Eu não posso ir à praia com um amigo agora? – Camila rolou os olhos
- Aposto que essa amizade tem benefícios... – Luan riu debochado e Camila segurou os pulsos junto ao corpo para não estragar o rostinho perfeito daquela criatura. 
- E se tiver, algum problema? – Respondeu e ia dizer alguma coisa, mas ela continuou – Você tem outras amiguinhas com benefícios também... Não reclame. – Disse por fim e quando foi sair, a puxou novamente. 
- Você está com ciúme? 
- não, e você está? 
- Cala a boca! – Os dois disseram juntos, e Camila segurou pra não rir – Vou voltar pro meu outro amigo, te vejo mais tarde... 
- Ou não. Eu posso estar com minhas outras amigas. 
- Como preferir. -Camila deu as costas a Luan fazendo com o que seu cabelo longo batesse nele, saiu rindo e consciente que havia atuado bem a sua raiva.

A casa estava completamente lotada, parecia que todas as pessoas – Bonitas, diga-se de passagem – Que tinham sido convidadas para estarem lá, compareceram. A decoração era simples, mas bem colorida, o Dj tocava músicas animadas e a bebida rolava solta, exatamente da maneira que as meninas gostavam. Nunca tinham dado uma festa miada na vida, mas aquela tinha tudo pra ser a melhor dos últimos tempos. 
Camila desceu as escadas devagar, vestindo um vestido preto e curto o suficiente pra mostrar suas pernas, cabelos sempre soltos e porém dessa vez com cachos nas pontas.


Viu que alguns garotos a encaravam, o que era bom sinal. Procurou uma certa pessoa antes de chegar ao local da aglomeração da festa, sentindo-se bem idiota por isso. Mas ele não estragaria essa noite, não essa. Sorriu ao ver o irmão e Juju mais adiante e correu até onde eles estavam, empolgada.
Depois de vários tipos de bebidas diferentes, as garotas dançavam empolgadas na pista. Camila já tinha visto Luan algumas vezes, mas não foi falar com ele. Tinha coisas mais interessantes pra fazer do que se irritar por um idiota daqueles. 

Percebeu que um garoto realmente bonito estava chegando cada vez mais perto, e sorriu. 
- Bela festa! – Ele disse, abrindo um sorriso encantador – Não tão bela quanto você. 
Camila riu alto. 
- Obrigada! Não lembro de ter te entregue o convite pessoalmente, mas vou agradecer a quem fez isso! – Disse encarando o garoto nos olhos, e fazendo-o rir. 
- Agradeça aquela sua amiga de vestido rosa, então! 
- Brubru! Obrigada! – Ela gritou e Bruna riu mas não entendeu nada. – Qual seu nome? 
- Gabriel. E o seu? 
- Camila.
- Posso te oferecer uma bebida na sua própria festa? – Gabriel riu e Camila fez o mesmo. 
- Quantas quiser, Biel. 

sábado, 24 de janeiro de 2015

•Capítulo 23


- Ei cara! – Matheus entrou no quarto de Luan, que procurava uma camiseta no armário. 
- E aí brother! Fecharam com o Dj?-perguntou despreocupado, vestindo uma camiseta. 
-Fechamos sim. Math arqueou uma sobrancelha de um jeito desafiador e riu de Luan que não estava entendo sua fisionomia. – Vocês ficaram pela primeira vez naquele dia da boate. Ela te pediu motivos pra alguma coisa que eu não lembro... Depois continuaram ficando escondidos pelos cantos da casa, com desculpas esfarrapadas para nós e... – Matheus parou e gargalhou da cara de espanto de Luan – Eu disse que sabia. 

- Ela te contou isso? – Luan franziu a testa e Math balançou a cabeça afirmativamente – Eu achei que não podia dizer pra Maria, ela quase me matou hoje a tarde... – Luan riu – Mas tudo bem, deixa quieto. 
- cara, eu nunca imaginei um negócio desses! 
- Eu menos ainda. – Luan riu – Aliás, tem hora que eu ainda nem acredito! 
- Seu gay! – Matheus gargalhou – Ela gosta de você. – Math disse sorrindo e Luan virou de frente, paralisando. 
- O que você disse? O que ela disse? 
- Ela não disse com todas as palavras, mas eu conheço a Camila... O jeito que ela fala de você é estranho, tenho certeza que ela gosta de você! 
Matheus disse e Luan respirou fundo. Sentiu seus lábios se curvarem num sorriso tímido, mas ainda assim estava descrente na informação. Camila Salsa gostando de alguém? E esse alguém era ele? 

- Não acho que seja verdade... – Luan chacoalhou a cabeça e riu – Afinal, somos apenas amigos com benefícios, nada mais. 
- É na amizade que se começa! – Matheus riu – E eu sei que você gosta dela, o que é estranho. Eu nunca vi você tão afim de alguém... 
- Ei, nem vem, eu tô normal! – Luan levantou as mãos e Math gargalhou. 
- Esse não é seu normal! Ah, que orgulho, meu garoto cresceu... Em breve vai dispensar as gostosonas pra ficar em casa vendo filmes abraçado com a namorada! – Matheus sacaneou, apertando as bochechas dele. 
- Sai pra lá veio! – Luan o empurrou, segurando o riso – Eu nunca serei esse cara! Parece que não me conhece!

 Luan Rafael não é de uma só, e nunca será! – Disse firme e Matheus arqueou a sobrancelha. 
- Melhor você se cuidar então, cara... Porque esse lance com a Camila vai ficar perigoso. Se você não for o melhor cara pra ela, já sabe das conseqüências... 
- Tá me ameaçando? 
- Eu não. Mas o Bernardo vai ficar bem puto. – Matheus fez careta – Agora vou nessa, pegador... Tô com fome, e hoje temos que entregar convites por aí, não esquece! 
- Não vou esquecer. – Luan disse realmente baixo, e assim que viu o amigo sair do quarto, se jogou pra trás na cama. 
O que ele estava fazendo? Quem era aquele Luan Rafael?
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- Nossaaaaa, você quer matar quem do coração com esse vestidinho, dona Camila? – Bruna assoviou e a garota riu, tacando uma almofada na amiga. 
- Ninguém específico, só tenho que estar bem convincente pra que os gatos aceitem vir pra nossa festa, sabe? – Camila respondeu rindo e Juju concordou. 

- Os garotos estão lindos e perfumados, acabei de vir do quarto do Matheus! Sério, isso vai bombar amanhã! – Disse animada e as três riram, indo para o quarto de Maria. 
As garotas desceram as escadas da mansão e Luan sentiu o queixo cair quando olhou para Camila. Pedro não pode deixar de rir, ainda que discretamente, enquanto olhava todas aquelas pernas e decotes passeando em sua frente. 
- Pra que chamar mais gente, voto em festa particular! – Pedro disse e Camila estapeou o garoto, que riu alto. 
- Pervertido! 
- Vocês que me levam pro mau caminho, tá? – Ele disse com carinha de bebê e as meninas riram – Vou chamar a gazela do Bernardo pra gente ir! 
- Eu vou pegar uma h2O e quando voltar quero você dona Bruna de saia longa e blusa começado do pescoço pra baixo!– Luan disse rapidamente, fazendo as meninas rirem e passou entre Julia e Maria, que não disseram mais nada. 

Aproveitando que as amigas conversavam distraídas, Camila caminhou devagar até a cozinha, mas logo percebeu que Bruna estava em seu encalço e desanimou. Viu Luan e Matheus conversando e parou do lado dele. 

- Oi, tentação. – Sussurrou vendo o garoto arrumado com sua camisa branca e seu jeans surrado. Ele riu baixo. 
- Que pernas. – Ele murmurou e a garota riu um pouco mais alto. 
- Camila, acabou a Sprite, serve Fanta Uva? – Bruna disse e Camila chacoalhou a cabeça, voltando para o foco. 
- Pode ser, vai... – Disse sem humor algum. 

- Cheguei, vamos nessa? – Bernardo disse entrando na cozinha e parou para olhar para Bruna e seu vestido azul royal curtinho. Suspirou alto. – Erm, bonito vestido! – Disse desconcertado e Camila riu.
 – Ei, aonde você pensa que vai com esse pedaço de pano? 
- Vá a merda, Bernardo! –Camila  gargalhou. 
- Eu vou ter que te proteger no caminho! Mas que diabos, odeio ter uma irmã gostosa! – Ele disse e Luan gargalhou, saindo da cozinha.
- Pois é, cara. Difícil mesmo! -Disse Luan passando a mão no cabelo e indo em direção aos amigos que arregalaram os olhos para o que ele havia dito. Percebendo ele soltou mais uma pra consertar o que havia dito. -Difícil mesmo, a Bruna sabe que eu não gosto dela mostrando essas pernas! -todos riram do nervosismo que ele transmitiu.

Os oito passaram em alguns barzinhos pela orla e pararam em um bar-restaurante que parecia estar mais badalada. Como estavam andando em um grande grupo, Luan e Camila não conseguiram ter nenhuma aproximação. 
Luan ainda estava confuso devido a conversa que teve com Matheus, não queria ser um daqueles meninos que ficam bobos e apaixonados, queria ser o Luan Rafael de sempre, que beija quatro garotas numa mesma noite. Luan havia passado por fustrações com garotas quando criança e por isso havia essa revolta. 

Mas porque diabos todas as garotas daquele lugar não pareciam boas o suficiente comparadas a ela? Viu Camila conversando com Juju e Bernardo perto do bar e percebeu os olhares furtivos do barman sobre ela. Talvez ele não fosse o único que achasse ela a criatura mais linda naquele lugar, e de certa forma aquilo estava se tornando bem irritante. 

Resolveu ir até lá, porque já estava há mais de oito horas sem tê-la por perto de verdade e aquilo sim era o que podia ser considerado tortura. Começou a forçar passagem entre algumas pessoas – O local estava realmente lotado – E quando finalmente saiu do outro lado, viu que Bernardo e Julia não estavam ali, apenas Camila conversava animadamente com o barman. Ele estava tocando a mão dela com a sua. Luan sentiu um ódio estranho o consumir rapidamente, e respirou fundo. 

- Amizade colorida, amigos com benefícios. – Repetiu três vezes para si mesmo e olhou para o lado, encarando uma loira que realmente tinha lhe chamado atenção – A amizade continua. 
– Riu, dando um gole gigantesco em seu drink e indo até a garota. O verdadeiro Luan Rafael estava de volta.

- Camila, vamos ao banheiro? – Bru perguntou e a garota sorriu, assentindo – Preciso retocar a maquiagem, estou parecendo uma louca! 
- Que louca o que sua perua, você sabe que tá linda! – Camila disse e Bruna riu, puxando a amiga pela mão. 
- Aonde vocês vão? – Mari gritou do lado de Pedro. 
- Ao banheiro retocar a maquiagem! – Camila respondeu e Maria sorriu. 
- Também vou! 
- Tá, onde é o banheiro aqui? – Bruna disse perdida e Camila gargalhou. 
- Você tava me levando sem rumo? 
- Ah, eu ia procurar, né... – Bru olhou pras unhas e Maria riu. 
- Eu sei onde é, venham comigo! – Disse puxando a mão de Camila, que fez o mesmo com Bruna. 
Maria andou devagar por entre as pessoas e de repente sentiu que Camila não estava mais andando atrás dela. Virou para trás e viu que a amiga mantinha o olhar perdido em algum lugar, e tentou descobrir qual lugar era esse. Viu Luan abraçado com uma loira em um sofá enquanto conversava animadamente com uma morena. Engoliu seco. 
- Merda. – Repetiu baixo, e apertou a mão da amiga. 
- Camila, anda! – Bru disse sem entender e Camila chacoalhou a cabeça. 
- Amigos com benefícios. – Sussurrou e sentiu os olhos arderem querendo lacrimejar. – Vamos para o banheiro.

Camila não conseguia fazer a bebida descer pela garganta. Não tinha mais procurado por Luan e nem queria. Ele era de fato um idiota, isso estava claro. Percebia que Maria tentou falar com ela sobre o assunto diversas vezes, mas sempre tinha alguém inocente demais da história por perto. Chacoalhou a cabeça, sentindo uma sensação estranha e foi para o meio da pista, sem se preocupar com os amigos que ficavam para trás. 

Ficou exatamente embaixo do globo de luz e começou a mexer os braços no ritmo da música, jogando o cabelo pra lá e para cá, de olhos fechados. Queria se livrar daquele sentimento ruim, o que quer que fosse aquilo, dançando mais rápido conforme a batida. Sentiu que alguém envolveu sua cintura e abriu os olhos rapidamente, como quem saía de um transe. Piscou os olhos diversas vezes. Era ele mesmo. 

- O que diabos você tá fazendo? – Gritou, tanto pela raiva quanto pela música alta. Luan sorriu. 
- Para com isso e vem aqui. Olha o tamanho do seu vestido Camila Salsa. Para de mexer assim! -Luan dizia tentando parecer bravo mas estava realmente nervoso com medo de a garota ter visto o que não devia.

- E daí? – Disse, tirando as mãos do garoto da sua cintura – Eu não tô afim ta? Sai. 
- Eu só estava falando com você... – Ele arqueou a sobrancelha e Camila sentiu seu hálito altamente alcoólico bater em seu rosto. Bufou. 
- Então fale sozinho. – Respondeu virando de costas e Luan a puxou de volta. Seus corpos colaram involuntariamente, e a garota teve que respirar fundo pra que seus joelhos não cedessem. 
- O que eu te fiz? – perguntou, talvez em um momento mais sóbrio. Camila riu sarcástica. Ele realmente era muito cara de pau. 
- Você existe, você nasceu! Isso basta. – Respondeu próximo ao garoto e saiu, sem nem olhar para trás e Luan também não insistiu.

 Foi em direção a saída do Bar e chamou o primeiro taxi que viu. Foi a caminho da mansão, engolindo o choro e dizendo ao seu sub-consciente "Eu não vou chorar. Ele não merece que eu chore, ninguém merece que eu chore por quem quer que seja. E eu o odeio muito." Chegando na mansão, destrancou as portas e seguiu subindo para o seu quarto, se despindo pra entrar num banho quente e sem animo algum. 

•Capítulo 22


Amizade colorida? – Pedro riu – Isso não colaria se eu usasse com uma garota, mas com a Camila dizendo, aposto que ficou bem fácil de acreditar... 
- Tudo o que ela diz fica muito fácil de acreditar – Luan dizia olhando para a piscina, vendo Camila conversando com o irmão – Eu não sei o que acontece. 
- Acontece que você tá virando um gay, você tá gostando dela! – gargalhou um pouco alto e Luan fez careta. 
- Eu não to gostando de ninguém, fica na sua aí cara. 
- É claro que está, e é da Camila! – Matheus chegou e Pedro não conseguiu conter o espanto em seu rosto. Luan sorriu amarelo. 
- Se mata cara. – Luan respondeu sem graça e quando Matheus ia abrir a boca pra falar, Julia veio correndo até eles. 

- Meninos, prestem atenção: Sábado nós vamos dar uma festa na mansão! O Bernardo concordou por vocês, só um detalhe... – Ela riu. 
- Concordou por nós? – Matheus fingiu indignação – Tudo bem, pra festa eu deixo! – Ele riu. 
- Vamos chamar o pessoal aqui da cidade e fazer uma festa inesquecível! Muita bebida, gatinhos – Juju parou no meio da frase e se corrigiu – Gatas da praia também, né Luan? 
Luan tossiu e Pedro segurou o riso. 
- Isso. – Disse concordando ainda abalado e Matheus desatou a rir. 
- Eita, o que deu nele? – Juju franziu a testa sem entender. 
- Nada, ele é retardado! – disse rapidamente 

– Vou pra água. -Luan se jogou na água e mergulhou até o outro lado da piscina. Voltou à superfície apoiando as mãos na borda, quando percebeu que aquilo não era borda alguma. Chacoalhou a cabeça e passou uma das mãos nos olhos, para enxergar melhor. Estava com as mãos apoiadas nas coxas de Camila. Bernardo encarava abismado e Luan ficou sem reação. Camila sorriu discretamente e bateu um pé na água, dando um caldo em Luan. 

-Tá maluco? Tira a mão daí, seu idiota! – Berrou enquanto Luan tentava limpar os olhos com cloro. 
-machuquei você? – Disse ainda alto e de repente todos da piscina pararam pra olhar. 
- Eu não acredito que eu ouvi isso! – Bernardo repetiu boquiaberto e Pedro encarou Camila, apreensivo. 
- Ah, mas se tiver machucado, foda-se também! Ninguém mandou por a mão onde não devia! – Repetiu alto e a encarou, sem dizer nada. – Vou pegar algo pra beber. 
Camila disse por fim e passou ao lado de Pedro, fazendo sinal com a cabeça pra que ele a acompanhasse. 
- Vou ao banheiro! – disse alto e entrou na casa logo em seguida. – Se controla, a Camila que a gente conhece o Luan, ele não ficaria preocupada em te ferir. Pelo menos o Luan que a gente conhece não! – Ele disse rolando os olhos e a garota assentiu. 
- Eu sei, não sei o que houve comigo! – Disse sincera – Faz o Luan entrar pra eu ver o olho dele! 
- Só foi um pouco de cloro, Camila... – Pedro riu e parou – Ops! Já entendi o que você quer ver! – gargalhou e Camila mostrou o dedo, mas também ria. – Tô indo! 
- Ei!
- O que foi? 
- Obrigada. Você é um amigo fofo. – Disse sincera e ele sorriu. 
- Não tem de quê. 

Pedro e Camila foram em direção a piscina e viu Luan deitado numa cadeira ao lado de Julia. Fez uma careta estranha, mas seguiu mesmo assim. 
- Luan, você precisa lavar teu olho! -Disse rapidamente e arqueou a sobrancelha. 
- Eu to bem, Camila. 
- Não tá não, vai arder, você tem que lavar seu olho.- disse impaciente e Julia riu. 
- Que bonitinho. Preocupado com o amigo.. – Disse olhando para o nada e os olhos de Pedro arregalaram. 
- Tá falando comigo? 
- Não, com as minhas unhas... – Juju rolou os olhos teatralmente e riu. – Luan, vai lavar logo seu olho antes que o Pedro faça isso por você. 
- É, meu olho! – Luan um tapa na testa entendendo a mensagem e entrando em casa. – Camila? – Sussurrou entrando na cozinha, sem ver ninguém. 
- Aqui. – Ouviu a voz da garota vindo do banheiro e sorriu. – Ah, desculpe, você está bem? – Ela disse preocupada e Luan riu. 
- Foi só um pouco de cloro, Camila. Não é como se eu fosse ficar cego ou coisa do tipo. Mas já que você está preocupada... Eu deixo você cuidar de mim. – sorriu maroto e a garota riu. 
- Não estou mais preocupada, você está bem, vou pra piscina. 
- Ai, ai meu olho! Ai meu Deus cara, vou ficar cego demais! – Luan disse segurando o olho e Camila virou de frente, arqueando uma sobrancelha. – Cuida de mim? – Perguntou com a carinha fofa e ela não resistiu, riu baixo e entrelaçou as mãos no pescoço dele dando início só um beijo cheio de carinho.
- Você não presta. 
- E você adora. 
- De certa forma... – Ela sorriu e gargalhou, antes de beijá-la novamente.


- Ok, nós temos dois dias pra fazer essa festa bombar, por onde começamos? – Maria perguntou em frente ao notebook e Camila entrou correndo no quarto. 
- Achei vocês! – Ela sorriu. 
- Aonde você tava, louca? Te procurei pela casa toda! – Bru disse e Camila sorriu amarelo. 
- Tava conversando lá fora... Mas ok, foco não é meninas? Temos uma festa pra organizar! – Disse e Mari fez careta, mas obedeceu. Não adiantaria perguntar. 

Aos poucos as idéias foram surgindo, tanto para a decoração, quanto para o buffet e não foi muito complicado encontrar um Dj. Os garotos não fizeram muita coisa, o que já era de se esperar, mas as meninas também não reclamaram. Organizar festas era um dos hobbies favoritos de Camila, Maria, Bruna e Julia. 
- Tivemos sorte de achar uma gráfica que imprime os convites pra gente hoje, não? Precisamos entregar isso para pessoas bonitas o quanto antes! – Bru disse rindo e as meninas concordaram. 
- Certo, então vamos chamar os meninos pra agilizar o processo! – Maria disse – É claro que temos que supervisionar tudo o que eles fizerem. 
- Ei, eu ouvi isso! – Bernardo exclamou e as quatro riram. 
- Era pra ouvir mesmo, Salsa! – Mari completou – Precisamos buscar os convites na gráfica, comprar as coisas da decoração, comprar as bebidas e coisinhas pra comer e fechar com o Dj. Estamos em oito, vamos em quatro duplas. – Ela olhou ao redor da sala – A Camila tem que falar com o Dj, porque foi ela quem fechou com ele pelo telefone, a Juju entende melhor de decoração, eu entendo bem de bebidas, então a Bru pega os convites. 
- Tá, mas eu posso fazer isso sozinha, não preciso que ninguém venha comigo e... – Bru ia dizendo quando Camila interrompeu. 
- Todo mundo tem que participar, fica na sua Bruna! – Ela disse e a amiga fez careta. 
- Isso, a Camila tá certa! – Maria sorriu de um jeito estranho, que Camila não conseguiu decifrar – Luan, você vem comigo? Perguntou olhando especificamente para Camila, que deixou o queixo cair levemente. Não precisava de mais nada, aquilo era melhor do que se Camila formalmente tivesse dito alguma coisa. 
- Eu? Comprar as bebidas? – Luan fez careta. 
- É, vamos? – Mari sorriu e Matheus arqueou uma sobrancelha. 
- Tudo bem. – Luan disse baixo e desanimado. 
- Eu vou com a Camila. – Matheus disse e Camila ainda estava abalada com o surto da amiga.
 Então ela realmente sabia, o tempo todo. Deu de ombros ao ver que Matheus se aproximava. 
- Eu não entendo nada de decoração, posso ir com você pra gráfica Bru? – Bernardo perguntou com as bochechas vermelhas e a garota sorriu. 
- Claro Berna.
- Como é? – Pedro disse alto e Camila riu. – Ah esquece, eu desisto de entender vocês. vamos Julia, vamos decorar as coisas... – Ele disse engraçadamente e todos da sala riram, antes de irem para seus afazeres.
 

- Terra chamando por favor! – Mari disse pela quinta vez, já estava rindo da cara de nada com que Luan encarava as prateleiras lotadas de bebidas diferentes. 
- Desculpa, tava viajando... 
- Aonde, exatamente? – Ela perguntou pegando algumas garrafas de vodka. 
- Como assim? – Luan franziu a testa e a garota gargalhou. 
- Bom dia Luan, como vai? – Ela disse e ele riu alto – Perguntei no que você tava pensando. 
- Em nada, só tô com sono... – Luan desconversou e Mari segurou o riso. 
- E aquela menina da praia? Ainda está com ela? – Perguntou aleatoriamente e Luan mordeu o lábio. 
- De vez em quando. – Disse rindo. Maria era estranha, estava começando a ter medo dela – Por quê? 
- Por nada. Acho que ela te faz feliz. – Mari sorriu de um jeito encantador e Luan sorriu junto. – Você está diferente sabe? Ela anda te fazendo bem, quem quer que seja... Aliás, ela vem pra festa? 
- Não sei, eu vou chamar. 
- Isso! Chama mesmo, eu quero conhecê-la! Acho que vou gostar dela! 
- Provavelmente... – Luan riu. Então Mari tacou um engradado de cervejas no carrinho e bufou. 
- Caralho Luan, quando você vai deixar escapar que gata da praia na verdade é uma chata e se chama Camila Salsa? – Ela quase berrou e Luan arregalou os olhos, completamente assustado. 
- Que? 
- Isso mesmo, vocês pensam que eu não sei, mas eu sei de tudo! Vocês estão ficando, não estão? E outra coisa, o sabe, o Math desconfia e... 
- Maria, respira! – Luan estendeu as mãos e a garota parou. – Eu não sei do que você está falando. 
- Sabe sim Luan! Até quando vocês vão esconder isso? 
- Maria eu não... 
- Ah, cala a boca Luan! Se é pra ficar mentindo, não precisa nem falar... Pega mais dois engradados disso e me encontra na seção de frios! 
- Maria, volta aqui! 
- Ah, e outra coisa... – A garota voltou e aproximou-se de – Não que ela mereça, porque não devia esconder isso de mim... Mas se você magoar a minha amiga, você vai se ver comigo!


- Camila, se você continuar falando francês com esse cara eu te peço em casamento em dois minutos! – Matheus sussurrou e Camila segurou o riso, enquanto assinava um contrato com o Dj. 
- Você é um idiota, Matheus Perez! Ninguém mandou você me indicar um dj francês. – Ela riu - Merci, jusqu'à demain. 
- O que você falou pra ele? 
- Que ele é uma delícia e que eu quero ir pra cama com ele essa noite. – Camila gargalhou. – Eu só agradeci, seu retardado! 
- Ah sim, acho bom mesmo! Até porque eu conheço alguém que não ia gostar nada de saber que você anda de gracinha pro lado do Dj... – Matheus disse e assoviou, olhando para o teto. Camila chacoalhou a cabeça e riu.