segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

•Capítulo 13


- Já, queremos sair cedo e voltar cedo... – Camila disse e ele a encarou – Tipo umas sete da manhã, sabe? Cedo! – Ela completou e o amigo gargalhou. 
Luan Rafael apareceu do lado de fora e encarou a garota que ria enquanto conversava com Matheus. Ela estava com um short curto, uma baby-look preta, cabelos soltos como sempre e olhos marcados. Extremamente e irritantemente linda. Sentiu raiva ao lembrar do que acontecera momentos antes, e do quanto tinha sido zoado por aquilo. Os outros garotos apareceram atrás dele, também prontos pra sair. 
- Vamos à caça? – Pedro passou o braço nos ombros de Luan Rafael, que riu. 
- Simbora rapaz ! – Ele respondeu e viu as meninas já saírem, seguindo com os amigos para o lado oposto de onde iam.
Depois de darem voltas pela cidade, os garotos acabaram no mesmo lugar onde as meninas estavam. Bernardo as avistou de longe e acenou, pegando uma mesa com os amigos. Luan viu Camila rindo com um garoto, e fez careta. A raiva ainda não tinha passado, e ele queria se vingar. A cada centímetro que o garoto se aproximava, ele ficava mais apreensivo, dando goles gigantescos na sua garrafa de heiniken. Os garotos mal perceberam as reações do amigo, estavam mais interessados em vigiar um grupo de garotas que estava na mesa ao lado. Luan olhou para o lado e viu as quatro garotas bonitas chegarem perto, cumprimentando-os e sentando junto com eles. Chacoalhou a cabeça e fixou o olhar no decote de uma ruiva, por mais que isso incrivelmente lhe parecesse bem menos interessante do que ficar se torturando ao assistir Camila e o outro cara. 
- Vou pegar alguma bebida, quer alguma coisa? – Luan perguntou alto, devido a música, e a garota da qual ele não lembrava o nome sorriu, assentindo. 
- Traz uma pra mim também! – Ela disse e ele sorriu, já um pouco alterado pela bebida. 
Seguiu até o bar e pediu duas cervejas para a garçonete que desconfiou que ele era de menor, mas mesmo assim lhe vendeu a bebida. O pub estava cheio e ele estava tendo dificuldade para conseguir voltar para onde estava sentado. No meio da multidão, avistou Camila e Maria. 
- O que você disse Camila? – Maria gritou e Camila riu. 
- Eu vou pra casa buscar a máquina! – Camila gritou e Maria fez careta. 
- AGORA? Deixa pra depois, a gente tira foto amanhã! – Mari disse alto e Camila negou. Luan Rafael ainda tentava passar, mas de alguma forma queria ficar preso ali. 
- Não, eu quero registrar nossa primeira noite! – Camila respondeu e a amiga riu. – Temos quatro câmeras e esquecemos todas, lerdas! 
- É A EMPOLGAÇÃO, UHUL! – Maria gritou e Camila riu alto, saindo por entre as pessoas. 
Luan Rafael olhou a garota e teve um estalo. Riu sozinho e abriu caminho para passar, com um sorriso malicioso nos lábios.
Camila abriu o portão da mansão e entrou calmamente. O pub em que ela estava com as amigas ficava apenas dez minutos dali, talvez menos, mas ela pegou um táxi mesmo assim. Subiu as escadas devagar, e seus ouvidos estavam zunindo, ainda desacostumados com o silêncio repentino. Entrou em seu quarto e encarou as malas, desanimada. Não tinha a menor idéia de onde havia guardado a câmera e aquilo poderia demorar mais do que ela esperava. Fez uma careta pensando nisso, quando lembrou que ela e as garotas tinham tirado fotos no avião com a câmera de Julia, e foi para o quarto da amiga, diretamente até a bolsa da garota. Pegou a pequena câmera rosa e sorriu, virando-se para ir embora. 
- AAAAAAAH! – Camila gritou alto e Luan Rafael desatou a rir. – LUAN? Porra, quer me matar de susto? – Camila ainda berrava e segurava o peito, ficando irritada ao ouvir a risada gostosa de Luan. – O que diabos você tá fazendo aqui? 
- Ué, eu também estou hospedado aqui, esqueceu? – Luan Rafael respondeu indiferente, encostando na parede. 
- Ah é, quase esqueci desse pequeno detalhe. – Camila respondeu debochada e Luan rolou os olhos. – Vou nessa, até depois Luan! 
Camila disse quase passando pela porta quando Luan Rafael a segurou pelo braço, a puxando para dentro novamente. Luan a puxou com força e seus corpos involuntariamente se colaram. Ele respirou fundo e a encostou na parede, prendendo-a entre seus braços. Camila sentia sua respiração falhar a medida que seu coração acelerava. 
- O que... O que você tá fazendo? – Ela conseguiu dizer com a voz fraca, e Luan sorriu malicioso, a apertando novamente contra a parede. Ele encostou o nariz no pescoço da menina e pode perceber que ela se arrepiou com o toque. Sorriu, aproximando sua boca da orelha dela. 
- Repete o que você disse. – Luan Rafael disse com a voz baixa, e Camila suspirou alto. 
- Do que você tá falando? – Camila respondeu quase sussurrando, enquanto Luan brincava com seu pescoço e ela sentia sua pele arrepiar. 
- Que eu não sou homem. – Ele disse simplesmente, mordendo o lóbulo da orelha da garota, que num reflexo, apertou sua cintura. 
- Você tá maluco? Para com isso, Luan. Luan Rafael... – Camila tentava parecer autoritária, mas sua voz saía fraca, suas pernas estavam moles. 
- Repete. – Luan insistiu, ainda sussurrando, enquanto entrelaçava as mãos no cabelo de Camila, próximo a nuca, e ela fechou os olhos, respirando fundo. 
- Luan, já te disse pra me largar! – Ela respondeu, em um tom de ameaça muito baixo. O garoto riu próximo ao seu ouvido. 
- Engraçado. Você diz uma coisa, mas age de outra forma... Manda eu sair e continua entrelaçada a mim... – Ele parou de falar e encostou a testa na dela. A única luz vinha da varanda, e ele suspirou alto ao encará-la tão de perto. – Se você quer tanto que eu pare, porque está apertando minha cintura com tanta força, gatinha? – Ele continuou malicioso e Camila bufou, sentindo seu rosto queimar. 
- Luan, é melhor você me largar... 
- Pede por favor... –Ele respondeu malicioso e a garota riu sarcástica. 
- Me erra, Luan Rafael! 
- Pede! – Luan Rafael apertou a cintura da garota com força, roçando o nariz no da garota. 
- Por favor... Por favor! – Camila respondeu baixo e o garoto riu. 
- Tudo bem, se é isso o que você quer... – Luan soltou os braços que prendiam Camila e riu. A garota respirou fundo e abriu os olhos, estava irritada, mas mais do que isso, estava tentada a fazer algo que sabia que iria se arrepender depois. Luan sorriu ao olhar a garota totalmente desnorteada e saiu do quarto, fechando a porta. Camila escorregou na parede com a respiração completamente falha, não sabia o que fazer. Respirou fundo novamente e levantou, girando a maçaneta. Mas a porta não abriu. Girou mais algumas vezes e nada aconteceu. Deu um soco na porta, com a raiva já consumindo seu corpo. 
- Luan! – Ela gritou, mas ninguém respondeu. – Puta que pariu! 
Camila correu até a varanda e viu Luan Rafael rindo, sentado na grama. 
- O QUE DIABOS VOCÊ TÁ FAZENDO? – Ela berrou, e ele se contorcia de rir. – Me tira daqui, Luan! – Ela continuou gritando. 
- Engraçado, não é Camila? – Ele levantou, andando de um lado para o outro – Achei que você fosse boa nisso, mas vejo que não! Só foi eu encostar em você – Ele riu presunçoso – Que a mulher decidida foi pelos ares, né não rapaz? – Luan riu e Camila gritou descontrolada, fazendo com que ele gargalhasse ainda mais alto. – Novidade pra você: Sinto informar, mas você não é tão boa nisso quanto pensa. Tenha uma ótima noite presa no quarto! 
Luan riu alto e mandou um beijo com seus dois dedos como ele sempre fazia, caminhando em direção ao portão. Camila gritava descontroladamente. Ele parou e olhou para trás. 
- Tá gritando porque, maluca? – Ele disse e a garota bufou. 
- Luan, me tira daqui AGORA! – Camila gritou autoritária. 
- Ah, tá afim de sair? – Ele sorriu. – Pula! É baixinho! – Luan disse cheio de si, mesmo sabendo que aquilo tinha sido uma tremenda maldade. Ele sabia que ela nunca pularia. 
- Luan cara, você sabe que eu tenho medo! – Ela disse com a voz chorosa e o garoto respirou fundo. Tinha prometido a si mesmo que não daria para trás. 
- Bom, isso já não é problema meu! – Respondeu com a voz meio baixa e saiu dali, sem olhar pra trás, porque sabia que mudaria de idéia.
Luan voltou andando devagar até o pub onde estavam. Por mais que aquilo fosse uma grande lição para Camila, ele estava se sentindo mal por tê-lo feito. As imagens da garota frágil entre seus braços, quase cedendo a suas carícias, faziam seu coração acelerar. Não conseguia entender o como tinha sido forte o suficiente pra levar o plano até o final, e por mais que se sentisse orgulhoso disso, aquela sensação ruim não o abandonava. Avistou Matheus com Julia e Maria do lado de fora do pub e foi até eles. 
- Onde você tava? – Matheus rapidamente perguntou e Luan colocou as mãos nos bolsos, nervoso. 
- Por aí. – Respondeu simplesmente. 
- Meu, eu tô preocupada com a Camila, tô falando sério! – Maria dizia apreensiva, andando de um lado pro outro – Eu não agüento mais esperar, já era pra ela ter chegado, Matheus! Eu vou atrás dela! 
- Eu também vou! – Juju disse rapidamente e Luan sentiu as mãos gelarem. 
- Não! – Ele disse rapidamente e as duas o encararam, confusas. 
- Como não, Luan? A minha amiga pode estar em perigo! – Mari disse e ele forçou um sorriso. 
- A Camila tá bem, eu estive com ela agora a pouco. – Respondeu contra a vontade e Matheus arregalou os olhos. 
- Você tava com a Camila? – Matheus perguntou rindo e Luan assentiu olhando pra baixo. 
- E onde ela tá? – Julia perguntou. 
- Ela foi buscar a câmera pra tirar fotos com vocês, mas conheceu um cara no meio do caminho e ficou conversando com ele. – Luan respondeu do nada e Maria o encarou, sem acreditar nenhum pouco. 
- Fala a verdade, Luan. – Ela disse e o garoto sentiu o rosto queimar. 
- Eu tô falando, Mari. Foi isso mesmo. Eu juro pra vocês que a amiga de vocês tá bem segura. – Luan disse – Até demais. – Sussurrou mais para si mesmo, sentindo-se um completo idiota. Julia encarou Maria
- Tá, Luan. Se algo acontecer com a minha amiga, a culpa é total sua! – Maria disse autoritária. – Vem Juju, vamos entrar. – A garota puxou Julia pela mão de volta para o pub. Antes que Matheus perguntasse alguma coisa, Luan começou a falar. 
- É verdade, Math. Agora eu preciso fazer uma coisa. – Luan disse rapidamente e saiu dali, ignorando o amigo e tudo o que ele pudesse lhe dizer.
Luan Rafael pegou um táxi e chegou rapidamente na mansão. Sabia que Camila iria tentar o matar, e estava preparado pra isso. Tinha pegado pesado demais dessa vez. Subiu as escadas quase correndo e respirou fundo antes de virar a chave na maçaneta. Acendeu a luz do quarto e não viu ninguém. 
- Camila? – Perguntou, com a voz fraca. Ninguém respondeu e Luan tremeu. Abriu a porta do banheiro, mas também não havia ninguém lá dentro. – Merda. – Sussurrou, indo até a varanda. 
Ao chegar à varanda, Luan Rafael olhou para o lado e viu Camila sentada no parapeito que interligava as varandas de Juju e Bernardo. Ela estava sentada, de olhos fechados e com o rosto vermelho. 
- Camila, o que você tá fazendo? – Luan Rafael perguntou com os olhos arregalados e a garota abriu os olhos, olhando para o lado. Luan pode perceber que seus olhos estavam vermelhos e sentiu o peito apertar por isso. 
- O que você acha, idiota? – Ela respondeu secamente, tentando enxugar as lágrimas.
- É perigoso, você não pode, você tem medo, você... – Luan Rafael começou a gaguejar e a se sentir péssimo. Nunca havia se sentido daquela maneira antes. 
- Cala a boca! Eu vou chegar do outro lado, sai daqui! – Camila respondeu se movimentando muito devagar, ainda sentada e de olhos fechados. 
- Camila, deixa eu te ajudar... – Luan disse colocando uma perna no parapeito, mas sendo interrompido por um grito. 
- Fica aonde você está, Luan. Eu não quero e eu não preciso da sua ajuda. – Ela respondeu ainda sentada, e Luan Rafael podia ver que ela tremia. – Eu não quero nada que venha de você. 

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