O barulho dos amigos havia cedido ao lado de fora tinha uns cinco minutos. Todos estavam se mobilizando pra tentar achar uma cópia da chave ou pelo menos para achar o número de um chaveiro. Luan e Camila não haviam se falado, até então. Falaram apenas com Bernardo, Bruna e Matheus através da porta. Fugir pela janela não era uma opção, era tão pequena que uma criança de cinco anos não escaparia. Santana sentou-se ao lado da pia e ficou olhando para o teto.
Camila estava em pé e foi só aí que ela lembrou das questões. Em um passo rápido ela se aproximou e soltou o fundo da gaveta. Luan arqueou a sobrancelha quando viu e em segundos estava ao lado da garota.
- Ah, sai de perto Luan! – Mila fez careta quando percebeu que a guerra ia recomeçar.
- Não vou a lugar algum. – Ele sorriu malicioso.
- Você é tão, tão... – Mila fechou as mãos em punhos de raiva.
- Lindo? – Ele riu piscando pra ela e a garota rolou os olhos.
- Irritante, imbecil, retardado, lerdo e agora posso perceber que também é PRETENCIOSO. – Mila sorriu vitoriosa pela cara que ele fez.
Então dois envelopes grossos foram retirados do fundo da gaveta. Luan tomou um da mão de Camila , que ficou furiosa, mas já não tinha mais paciência para reclamar. Cada um sentou, a uma certa distância, e abriu o envelope que tinha em mãos em silêncio.
- Er. Luan ... – Mila disse depois de três minutos.
- O que?
- A gente podia trocar de envelope, né? Afinal as perguntas que eu tenho que responder estão na sua mão. – Ela sorriu marota e Luan riu.
- E porque eu faria isso?
- Porque eu tenho aqui o que você precisa.
- Faz sentido. – Ele riu e quando ia deslizar o envelope pelo chão, parou no meio do caminho.
- O que foi? – Mila franziu a testa.
- Eu não posso entregar o que você quer tão fácil. Você supostamente tem que responder isso aqui. – Ele sorriu torto e Mila revirou os olhos.
- Você quem sabe. Mas vocês vão zerar amanhã, queridinho. – Ela zombou. – Vocês não devem saber nem metade do que está aqui.
- Não me desafie. – Luan sorriu e Mila fez o mesmo, involuntariamente, tentando se controlar. – Aliás, onde sua mãe descobriu essas coisas?
- Ela deve ter ligado para as mães de vocês.
- Ah. – Ele olhou para o papel. – Com quantos anos eu ganhei o primeiro violão? – Luan perguntou do nada e Camila riu, gostando da brincadeira.
- Cara, eu ainda nem te conhecia. Mas já soube pela Bruna que você não tinha nem 3 anos de idade. – Ela riu alto, o que fez Luan rir também. – Qual a marca de bolsas preferida da Júlia?
- Tommy. – Ele respondeu rápido e Camila arregalou os olhos. – Ah vai, essa era muito fácil.
- Se você diz. – Camila riu.
- Qual o único livro que Pedro leu na vida? – Luan riu para a pergunta.
- Orgulho e Preconceito. O Bernardo disse que viu ele chorando. – Mila rolou os olhos rindo. – Vejamos... Mila pesquisava alguma coisa na lista. Não, não vou perguntar nada sobre mim...
- ... Porque não? – Luan interrompeu.
- Porque você não vai saber. – Mila riu e fez graça da cara de Luan .
- Eu sei muito mais do que você imagina. – Luan respondeu em um sorriso tímido e olhou para baixo.
- Duvido.
- Então manda.
- Nome do meu panda de pelúcia.
- KAKÁ! Por causa do jogador da seleção, que vocês tanto babam. E se quer saber, sou bem mais bonito! Ele fez deu uma piscada pra ela e Camila riu.
- Certo, certo. Qual meu personagem do meu Filme preferido?
- Fácil demais! Jack de Titanic.
- Como você sabe essas coisas? – Camila olhava pensativa.
- É só observar.
- Você me observa? – Ela falou gaguejando e olhando nos olhos do garoto que corou imediatamente.
- Não, não. Sei lá uai, Essas perguntas tão fáceis demais! – Luan olhou para baixo tentando disfarçar.
- Tá. Porque eu tenho medo de altura? – Mila perguntou vitoriosa. Luan abaixou os olhos pensativo. Um minuto se passou. Depois mais dois. – Anda, Luan .
- Er... Sei lá, porque você caiu de uma escada? – Ele riu baixo. – Isso explicaria sua loucura.
- Cala a boca. – Camila rolou os olhos, impaciente. – E você está errado.
- Então qual é a resposta certa?
- Ai, seu cotovelo está sangrando. – Mila disse olhando fixamente para o braço do garoto, que fez uma expressão estranha e engraçada.
- Mas o que isso tem a ver com altura e... – Luan parou e passou a mão no próprio cotovelo. – Aaaaah tá! – Ele disse e Mila riu verdadeiramente. Ele fechou a cara nos dois primeiros segundos, mas não resistiu em acompanhá-la no riso.
- Dói? – Ela perguntou num sorriso tímido e Luan sorriu sem olhá-la.
- Bom, tendo em vista que eu estou preso com uma garota boni... – Ele parou no meio da frase e tossiu – Com uma garota. Eu poderia dizer que sim, o que obrigaria você a cuidar de mim. Mas como eu tenho medo de você quebrar meus ossos, eu digo que não.
Camila deu uma risada estranha, algo que misturava fúria e graça, mesmo.
- Espero sinceramente que você tenha que amputar esse braço. – Ela disse olhando para as unhas e ele riu.
- Ah, você é adorável, Camilinha.
Luan riu baixo e sentiu um baque na porta atrás de si. Levantou-se, assim como Camila e ficaram olhando a porta.
- Aleluia, acharam a chave ou resolveram arrombar? – Luan perguntou um pouco alto e camila suspirou de alívio.
- A chave estava comigo. Dona Ana Paula mãe de Camila, que respondeu num olhar furioso. – Os dois, fora do meu banheiro.
- Mãe, isso pode parecer estranho, mas não é nada do que você... – Camila estava confusa e atropelava palavras.
- Eu sei que vocês não estavam fazendo nada de errado, agora desapareçam do meu banheiro. Vão pra sala, Estou logo atrás de vocês. Teremos uma conversa definitiva. – Ela disse num tom de voz alto e um tanto assustador, para uma pessoa sempre bastante calma. As mãos de Camila gelaram ao descer as escadas.
No andar debaixo, estavam todos os outros seis devidamente acomodados nos sofás. Todos com caras de absoluto espanto. Todos querendo fugir dali. Júlia deu um espaço para o lado e olhou para Mila, sem dizer nada, e ela entendeu o recado, sentando-se ali. Luan sentou no chão em frente a Maria.
- Luan , sente-se no sofá. – Dona Ana disse num tom de voz severo. Ele obedeceu prontamente, sentando-se num pequeno sofá de dois lugares entre Pedro e Matheus.
- Er,mãe eu... – Bernardo tentou dizer alguma coisa, mas seu rosto estava vermelho.
- Silêncio, Bernardo. Agora eu falo, e vocês escutam. – Ela disse andando de um lado para o outro da sala, como uma policial em frente a vários delinqüentes. – Muito bem. Tentando roubar o questionário, não é mesmo? – Ela ia dizendo e percebeu que vários deles iam se manifestar ao mesmo tempo. – Quietos. Como eu estava dizendo... Eu arrumei uma maneira prática e justa de resolver o problema de vocês, mas ninguém aqui pareceu colaborar comigo, não é mesmo? Pena. – Ela chacoalhou a cabeça. – Eu confiei em vocês, mas vocês traíram minha confiança. E eu tenho algo a dizer: Eu já esperava. Sim, eu esperava que vocês trapaceassem, eu conheço muito bem meus filhos e também os amigos deles. E eu tenho um ultimato.
- Mãe, por favor nos desculpe. Não era nossa intenção e... – Mila ia tentando usar seu poder de convencimento, mas foi interrompida.
- Nós só fizemos isso porque as meninas iam fazer! – Bernardo disse e Camila arregalou os olhos.
- O QUE? Você bebeu, Bernardo? Deixa de ser ridículo!
- É isso mesmo, o Pedro ouviu e...
- Grande coisa, como se vocês já não estivessem planejando isso. – Maria interrompeu.
- Não estávamos não! – Bernardo bateu o pé e as meninas riram alto.
- Ah sim, claro. Vocês são todos SANTINHOS agora, não é mesmo? A-D-O-R-O! – Mila revirou os olhos impaciente e Matheus abaixou a cabeça.
- CHEGA! CANSEI DE VOCÊS. CALEM A BOCA AGORA! – A mãe de Bernardo e Camila disse e todos voltaram a sentar. – Escutem bem o que eu vou dizer agora. Eu NÃO VOU mais me preocupar com essa eterna briguinha ridícula de vocês. É o seguinte: vou dar duas alternativas pra vocês. Se me interromperem na primeira, eu faço valer a segunda e fim de papo. – Ela disse severa e ninguém se moveu. – A primeira: Todos vocês vão. Eu estou pouco me importando se vão se matar ou não. – Ela disse todos arregalaram os olhos, mas ninguém disse nada. Não era uma possibilidade a ser considerada.
- E a segunda? – Bruna perguntou timidamente e Sra. Salsa abriu um largo e malicioso sorriso.
- A segunda, minha querida Bruninha é essa: Se não forem todos, ninguém vai. Repito: NINGUÉM. Lindo não é? Agora se matem, eu vou tomar um banho. E Luan e Bruna, a mãe de vocês me ligou e avisou para que os dois quando forem pra casa, ir pegar a chave da casa da prima Amanda de vocês, pois seus pais iram sair hoje. Coisa que eu TAMBÉM deveria fazer! - Ela disse subindo as escadas enquanto todos permaneceram em silêncio absoluto e caras de espanto. Até ouvirem o barulho da porta.
- SEM CHANCE! – Bernardo gritou.
- Eu NUNCA vou viajar com vocês. NUNCA! – Bruna gritou e todos começaram a falar ao mesmo tempo.
- Eu já sou obrigada a agüentar vocês o ano todo, e nas férias também? Não mesmo!
- Isso é ridículo, eu não vou.
- Nem eu.
- Eu quero ir. – Matheus disse baixo e todos olharam pra ele. – O que foi? É verdade mesmo, eu quero ir.
- Ah, cala a boca Matheus! – Bruna disse e a guerra continuou.
Estavam todos falando ao mesmo tempo. Não dava nem para entender uma pessoa sequer. Camila sentou-se no sofá contrariada e ficou observando a guerra em sua frente. Ninguém iria ceder. Ninguém iria simplesmente dizer que aceitava. Luan olhou para ela do meio da muvuca e manteve os olhos fixos. Ela desviou o olhar, sem graça, olhando para Matheus, e então levantou.
- Eu estou com o Matheus. – Disse simplesmente e Luan arregalou os olhos.
- O que? – Bruna olhou, incrédula.
- Isso mesmo. Eu também quero ir. – Ela disse confiante e olhou para Luan .
- Você bebeu né amor? Coitada, uma hora presa num banheiro com o Luan foi demais pra sanidade dela... – Maria disse e Todos riram.
- Eu estou falando sério. Eu não vou estragar minhas férias por causa dessas briguinhas. Caramba gente, é a Mansão foda da minha tia em Ubatuba, perto das praias e Pub's... Vocês tem noção disso? É ótimo, e a gente vai ficar aqui podendo estar nos divertindo MUITO lá? Não faz sentido!
- Aleluia, alguém sensata! Amo você Mila! – Matheus disse e ela riu.
- Mas Mila, eu também quero muito, mas eles vão e... – Bruna ia dizendo mas a amiga e interrompeu.
- E daí, Bru? Cara, aquilo é uma mansão, se a gente não quiser, nem precisa se ver direito! Mas eu não vou perder minhas férias por causa disso!
- Ok maninha, você me convenceu. Tô dentro! – Bernardo disse erguendo a mão e Matheus riu. E em seguida todos concordaram. Alguns mais a contragosto, outros mais convictos, e imediatamente começaram a bolar planos para que ninguém melasse as férias alheias, para que não precisassem se ver o tempo todo. Dona Ana sorriu vitoriosa, no topo da escada, vendo que tinha conseguido.
-------- horas depois --------
- Ah, que susto Luan ! – Camila pulou para trás na sala de estar escura, iluminada apenas pela luz da tv. Ela estava de pijama e tinha um balde de pipoca em mãos. – O que você ainda está fazendo aqui? É quase uma da madrugada!
- Fiquei jogando vídeo game com seu irmão e esqueci da hora. – Ele sorriu levemente para ela.
– É, parece que a gente vai se ver muito mais do que imaginávamos nessas férias, né? Por essa eu não esperava. Camila Salsa me surpreendeu de novo.
- Eu sou uma caixinha de surpresas, amorzinho. – Ela riu e ele rolou os olhos.
- Acha que vamos sobreviver, cê me bate, me morde, briga comigo.. E eu vou Passar as férias toda com você, será? – Ele perguntou com as mãos nos bolsos e ela riu baixo.
- Claro que vamos, Luan. Só precisaremos de alguns anos de terapia depois que voltarmos, mas isso é básico. – Ela riu e ele também.
- É, acho que vamos precisar mesmo... – Luan disse pegando um pouco da pipoca. – Boa noite, Camila. Até daqui a pouco. -Disse se aproximando dando um beijo pausado na bochecha da garota e sorriu verdadeiramente. Camila sentiu um arrepio estranho na espinha, mas se manteve-se inteira e soube disfarçar.
- Boa noite pra você também, Luan.
Em seguida Camila subiu as escadas indo para o seu quarto e se deitou pra ir dormir, lembrou de alguns momentos, de horas atrás e riu sozinha. Depois de despertar dos seus desvaneos, desligou a TV e tentou dormir.
Luan Narrando
Hoje o dia não foi brincadeira. Como sempre tive meus arranca rabos com Camila mas isso não é novidade pra ninguém...-pensava ele soltando um riso froxo.- Acabou que todos nós vamos a mansão da tia dos Salsa's e pensando bem não vai ser tão ruim assim. Até porque a mansão tem muitos cômodos, cada um pro seu lado, certeza que só vou esbarrar nas meninas raramente. -alguém bate na porta do quarto do Luan-
Bruna: Pi, queria conversar com você.
Luan: Manda a ver Bubuzinha
Bruna: O que você está achando da viagem? Ta animado? Cara, vai ser muito bom!
Luan: To numa animação que só vendo... -falou ironicamente
Bruna: Aí Luan! Isso tudo por causa das minhas amigas, e em exclusividade, a Camila? Ta na hora de vocês pararem de puxar o saco um do outro. -Disse Bruna com tom de autoridade.
Luan: IHHHHH.. Vai tirar a catinga do mijo e depois cê vem dar bronca no irmão. -falou Luan bagunçando o cabelo da irmã em seguida-
Bruna: Posso ser mais nova que você mas acho que sou mais esperta mil vezes! O que eu vejo você finge não ver. -Dizia a menina com um sorriso malicioso.
Luan: Onde você quer chegar, dona Bruna?-Luan perguntava arqueando a sobrancelha.
Bruna se levantou da cama rindo, foi em direção a porta e disse em alto e bom som: VOCÊ E A CAMILA SE AMAM! Cara, só tem essa explicação pra tanto ódio no coração... Aí que cafona vocês. Não assumir de quem gosta não é tendência não, hein maninho? -risos. -fechou a porta do quarto do irmão e saiu em direção ao seu, deixando Luan com cara de tacho pensando no que a irmã acabará de dizer.
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