sábado, 24 de janeiro de 2015

•Capítulo 23


- Ei cara! – Matheus entrou no quarto de Luan, que procurava uma camiseta no armário. 
- E aí brother! Fecharam com o Dj?-perguntou despreocupado, vestindo uma camiseta. 
-Fechamos sim. Math arqueou uma sobrancelha de um jeito desafiador e riu de Luan que não estava entendo sua fisionomia. – Vocês ficaram pela primeira vez naquele dia da boate. Ela te pediu motivos pra alguma coisa que eu não lembro... Depois continuaram ficando escondidos pelos cantos da casa, com desculpas esfarrapadas para nós e... – Matheus parou e gargalhou da cara de espanto de Luan – Eu disse que sabia. 

- Ela te contou isso? – Luan franziu a testa e Math balançou a cabeça afirmativamente – Eu achei que não podia dizer pra Maria, ela quase me matou hoje a tarde... – Luan riu – Mas tudo bem, deixa quieto. 
- cara, eu nunca imaginei um negócio desses! 
- Eu menos ainda. – Luan riu – Aliás, tem hora que eu ainda nem acredito! 
- Seu gay! – Matheus gargalhou – Ela gosta de você. – Math disse sorrindo e Luan virou de frente, paralisando. 
- O que você disse? O que ela disse? 
- Ela não disse com todas as palavras, mas eu conheço a Camila... O jeito que ela fala de você é estranho, tenho certeza que ela gosta de você! 
Matheus disse e Luan respirou fundo. Sentiu seus lábios se curvarem num sorriso tímido, mas ainda assim estava descrente na informação. Camila Salsa gostando de alguém? E esse alguém era ele? 

- Não acho que seja verdade... – Luan chacoalhou a cabeça e riu – Afinal, somos apenas amigos com benefícios, nada mais. 
- É na amizade que se começa! – Matheus riu – E eu sei que você gosta dela, o que é estranho. Eu nunca vi você tão afim de alguém... 
- Ei, nem vem, eu tô normal! – Luan levantou as mãos e Math gargalhou. 
- Esse não é seu normal! Ah, que orgulho, meu garoto cresceu... Em breve vai dispensar as gostosonas pra ficar em casa vendo filmes abraçado com a namorada! – Matheus sacaneou, apertando as bochechas dele. 
- Sai pra lá veio! – Luan o empurrou, segurando o riso – Eu nunca serei esse cara! Parece que não me conhece!

 Luan Rafael não é de uma só, e nunca será! – Disse firme e Matheus arqueou a sobrancelha. 
- Melhor você se cuidar então, cara... Porque esse lance com a Camila vai ficar perigoso. Se você não for o melhor cara pra ela, já sabe das conseqüências... 
- Tá me ameaçando? 
- Eu não. Mas o Bernardo vai ficar bem puto. – Matheus fez careta – Agora vou nessa, pegador... Tô com fome, e hoje temos que entregar convites por aí, não esquece! 
- Não vou esquecer. – Luan disse realmente baixo, e assim que viu o amigo sair do quarto, se jogou pra trás na cama. 
O que ele estava fazendo? Quem era aquele Luan Rafael?
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- Nossaaaaa, você quer matar quem do coração com esse vestidinho, dona Camila? – Bruna assoviou e a garota riu, tacando uma almofada na amiga. 
- Ninguém específico, só tenho que estar bem convincente pra que os gatos aceitem vir pra nossa festa, sabe? – Camila respondeu rindo e Juju concordou. 

- Os garotos estão lindos e perfumados, acabei de vir do quarto do Matheus! Sério, isso vai bombar amanhã! – Disse animada e as três riram, indo para o quarto de Maria. 
As garotas desceram as escadas da mansão e Luan sentiu o queixo cair quando olhou para Camila. Pedro não pode deixar de rir, ainda que discretamente, enquanto olhava todas aquelas pernas e decotes passeando em sua frente. 
- Pra que chamar mais gente, voto em festa particular! – Pedro disse e Camila estapeou o garoto, que riu alto. 
- Pervertido! 
- Vocês que me levam pro mau caminho, tá? – Ele disse com carinha de bebê e as meninas riram – Vou chamar a gazela do Bernardo pra gente ir! 
- Eu vou pegar uma h2O e quando voltar quero você dona Bruna de saia longa e blusa começado do pescoço pra baixo!– Luan disse rapidamente, fazendo as meninas rirem e passou entre Julia e Maria, que não disseram mais nada. 

Aproveitando que as amigas conversavam distraídas, Camila caminhou devagar até a cozinha, mas logo percebeu que Bruna estava em seu encalço e desanimou. Viu Luan e Matheus conversando e parou do lado dele. 

- Oi, tentação. – Sussurrou vendo o garoto arrumado com sua camisa branca e seu jeans surrado. Ele riu baixo. 
- Que pernas. – Ele murmurou e a garota riu um pouco mais alto. 
- Camila, acabou a Sprite, serve Fanta Uva? – Bruna disse e Camila chacoalhou a cabeça, voltando para o foco. 
- Pode ser, vai... – Disse sem humor algum. 

- Cheguei, vamos nessa? – Bernardo disse entrando na cozinha e parou para olhar para Bruna e seu vestido azul royal curtinho. Suspirou alto. – Erm, bonito vestido! – Disse desconcertado e Camila riu.
 – Ei, aonde você pensa que vai com esse pedaço de pano? 
- Vá a merda, Bernardo! –Camila  gargalhou. 
- Eu vou ter que te proteger no caminho! Mas que diabos, odeio ter uma irmã gostosa! – Ele disse e Luan gargalhou, saindo da cozinha.
- Pois é, cara. Difícil mesmo! -Disse Luan passando a mão no cabelo e indo em direção aos amigos que arregalaram os olhos para o que ele havia dito. Percebendo ele soltou mais uma pra consertar o que havia dito. -Difícil mesmo, a Bruna sabe que eu não gosto dela mostrando essas pernas! -todos riram do nervosismo que ele transmitiu.

Os oito passaram em alguns barzinhos pela orla e pararam em um bar-restaurante que parecia estar mais badalada. Como estavam andando em um grande grupo, Luan e Camila não conseguiram ter nenhuma aproximação. 
Luan ainda estava confuso devido a conversa que teve com Matheus, não queria ser um daqueles meninos que ficam bobos e apaixonados, queria ser o Luan Rafael de sempre, que beija quatro garotas numa mesma noite. Luan havia passado por fustrações com garotas quando criança e por isso havia essa revolta. 

Mas porque diabos todas as garotas daquele lugar não pareciam boas o suficiente comparadas a ela? Viu Camila conversando com Juju e Bernardo perto do bar e percebeu os olhares furtivos do barman sobre ela. Talvez ele não fosse o único que achasse ela a criatura mais linda naquele lugar, e de certa forma aquilo estava se tornando bem irritante. 

Resolveu ir até lá, porque já estava há mais de oito horas sem tê-la por perto de verdade e aquilo sim era o que podia ser considerado tortura. Começou a forçar passagem entre algumas pessoas – O local estava realmente lotado – E quando finalmente saiu do outro lado, viu que Bernardo e Julia não estavam ali, apenas Camila conversava animadamente com o barman. Ele estava tocando a mão dela com a sua. Luan sentiu um ódio estranho o consumir rapidamente, e respirou fundo. 

- Amizade colorida, amigos com benefícios. – Repetiu três vezes para si mesmo e olhou para o lado, encarando uma loira que realmente tinha lhe chamado atenção – A amizade continua. 
– Riu, dando um gole gigantesco em seu drink e indo até a garota. O verdadeiro Luan Rafael estava de volta.

- Camila, vamos ao banheiro? – Bru perguntou e a garota sorriu, assentindo – Preciso retocar a maquiagem, estou parecendo uma louca! 
- Que louca o que sua perua, você sabe que tá linda! – Camila disse e Bruna riu, puxando a amiga pela mão. 
- Aonde vocês vão? – Mari gritou do lado de Pedro. 
- Ao banheiro retocar a maquiagem! – Camila respondeu e Maria sorriu. 
- Também vou! 
- Tá, onde é o banheiro aqui? – Bruna disse perdida e Camila gargalhou. 
- Você tava me levando sem rumo? 
- Ah, eu ia procurar, né... – Bru olhou pras unhas e Maria riu. 
- Eu sei onde é, venham comigo! – Disse puxando a mão de Camila, que fez o mesmo com Bruna. 
Maria andou devagar por entre as pessoas e de repente sentiu que Camila não estava mais andando atrás dela. Virou para trás e viu que a amiga mantinha o olhar perdido em algum lugar, e tentou descobrir qual lugar era esse. Viu Luan abraçado com uma loira em um sofá enquanto conversava animadamente com uma morena. Engoliu seco. 
- Merda. – Repetiu baixo, e apertou a mão da amiga. 
- Camila, anda! – Bru disse sem entender e Camila chacoalhou a cabeça. 
- Amigos com benefícios. – Sussurrou e sentiu os olhos arderem querendo lacrimejar. – Vamos para o banheiro.

Camila não conseguia fazer a bebida descer pela garganta. Não tinha mais procurado por Luan e nem queria. Ele era de fato um idiota, isso estava claro. Percebia que Maria tentou falar com ela sobre o assunto diversas vezes, mas sempre tinha alguém inocente demais da história por perto. Chacoalhou a cabeça, sentindo uma sensação estranha e foi para o meio da pista, sem se preocupar com os amigos que ficavam para trás. 

Ficou exatamente embaixo do globo de luz e começou a mexer os braços no ritmo da música, jogando o cabelo pra lá e para cá, de olhos fechados. Queria se livrar daquele sentimento ruim, o que quer que fosse aquilo, dançando mais rápido conforme a batida. Sentiu que alguém envolveu sua cintura e abriu os olhos rapidamente, como quem saía de um transe. Piscou os olhos diversas vezes. Era ele mesmo. 

- O que diabos você tá fazendo? – Gritou, tanto pela raiva quanto pela música alta. Luan sorriu. 
- Para com isso e vem aqui. Olha o tamanho do seu vestido Camila Salsa. Para de mexer assim! -Luan dizia tentando parecer bravo mas estava realmente nervoso com medo de a garota ter visto o que não devia.

- E daí? – Disse, tirando as mãos do garoto da sua cintura – Eu não tô afim ta? Sai. 
- Eu só estava falando com você... – Ele arqueou a sobrancelha e Camila sentiu seu hálito altamente alcoólico bater em seu rosto. Bufou. 
- Então fale sozinho. – Respondeu virando de costas e Luan a puxou de volta. Seus corpos colaram involuntariamente, e a garota teve que respirar fundo pra que seus joelhos não cedessem. 
- O que eu te fiz? – perguntou, talvez em um momento mais sóbrio. Camila riu sarcástica. Ele realmente era muito cara de pau. 
- Você existe, você nasceu! Isso basta. – Respondeu próximo ao garoto e saiu, sem nem olhar para trás e Luan também não insistiu.

 Foi em direção a saída do Bar e chamou o primeiro taxi que viu. Foi a caminho da mansão, engolindo o choro e dizendo ao seu sub-consciente "Eu não vou chorar. Ele não merece que eu chore, ninguém merece que eu chore por quem quer que seja. E eu o odeio muito." Chegando na mansão, destrancou as portas e seguiu subindo para o seu quarto, se despindo pra entrar num banho quente e sem animo algum. 

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