sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

•Capítulo 32

- São quase oito da noite, eu tô realmente preocupada! – Camila andava de um lado para o outro, e Matheus a segurou pelos braços. 
- Camila, quer parar? – Matheus disse, com a voz calma.
– Não vai acontecer nada! O Bernardo não tá sozinho! 
- Mila, a única coisa que você tem que fazer agora, é sentar nesse sofá e esperar que ele volte do banheiro com sua melhor cara de “tô nem aí” ok? -Disse Maria calmamente
Camila não disse nada, enquanto Matheus encarava Maria de sobrancelha erguida. 
- Você daria uma ótima psicóloga... – Ele disse baixo e Maria riu. 

O barulho da porta abrindo foi discreto, mas todos ouviram. No fundo, estavam disfarçando com risadas o pânico em que estavam. Bruna entrou primeiro, e em seguida, Bernardo. A garota andou calmamente até o sofá, mas virou para trás e olhou sugestivamente para Bernardo, que fitou os próprios pés. Em seguida, começou a caminhar na mesma direção que ela, mas passando direto para as escadas. 
- Bernardo! – Luan disse alto, e Camila sentiu que por um momento, seu corpo havia paralisado. 

-A gente pode conversar agora? 
- Eu não tenho nada pra falar com você, me erra velho. – Bernardo respondeu baixo e com firmeza, e virou as costas. 
- Eu vou até lá! – Camila levantou num pulo, e antes que alguém pudesse se manifestar, já estava subindo as escadas.


- Bernardo, preciso falar com você. 
Camila disse entrando no quarto e dando de cara com o irmão deitado de bruços na cama, com a cabeça enterrada em travesseiros. Ele murmurou alguma coisa inaudível, fazendo-a rolar os olhos. 

- E eu não vou sair daqui enquanto isso não acontecer. E sentou em uma cadeira. Bernardo levantou a cabeça e sentou na cama, tentando arrumar o cabelo bagunçado. Camila teve que reprimir um sorriso vitorioso que iria se espalhar em seu rosto. Pelo menos ele havia aceitado a conversa, o que já era meio caminho andado. 

- Fala. – Ele disse, encarando a cama. Camila puxou a cadeira pra mais perto, ponderando as palavras. Sabia que se desse um sermão logo de cara, ele a expulsaria do quarto, e era um fato que Bernardo era mais forte que ela e a tiraria carregada se fosse preciso. 
- Por quê você fez aquilo? Porque diabos você bateu no Luan? – Ela cuspiu as palavras, sem saber exatamente por onde começar. O rosto de Bernardo levantou, já adquirindo sinais de raiva. 
- Como porque? Francamente Camila! – Bernardo ficou de pé – Você é minha irmã! Ele tava te agarrando, aquilo não faz sentido! 
- Desde quando você liga pra quem eu agarro ou deixo de agarrar? – Camila perguntou, impetuosa, mas permanecendo sentada. 
Bernardo gargalhou, sarcástico. 
- Desde quando o IDIOTA do meu melhor amigo resolve ser o cara que você agarra... Ou que agarra você, dane-se! – Bernardo fez careta.

- Camila, pelo amor de Deus, você ODEIA o Luan! 
- Eu não odeio o Luan. – Camila disse baixo, tentando manter a calma, coisa que considerava que seria impossível – Não era você quem sempre quis que nós nos déssemos melhor e... 
- Uma coisa é vocês se tratarem decentemente, outra é aquele merda com a mão na tua bunda! – Bernardo disse, ficando cada vez mais vermelho. Camila riu.

- Para de chamá-lo de merda, de idiota! Você não percebe que o único idiota aqui É você?
– Puta merda Bernardo, você nunca foi assim! Eu tô feliz! O Luan me faz feliz, porque você tem que estragar isso? 
Os gritos da garota ecoaram por todo o corredor. Os outros tinham resolvido que ficariam no andar debaixo, mas Pedro não pode deixar a curiosidade de lado, e subiu alguns degraus da escada. Sorriu ao ouvir o que Camila havia dito, mas o silêncio que seguiu a frase o deixou perturbado. 
Bernardo encarou a irmã, que tinha lágrimas nos olhos. Mas ele a conhecia como ninguém, sabia que aquelas eram lágrimas de raiva. A segurou pelos ombros. 

- Camila, eu amo você. Eu sou seu irmão, eu estou fazendo isso pra te proteger! – Disse, um pouco mais baixo. E Pedro já não conseguia ouvir mais nada. 
- Pra me proteger do que, Bernardo? – Camila deixou uma lágrima escorrer, e ele respirou fundo. 
- Eu conheço o Luan tão bem quanto conheço você. Eu convivo com ele, mais do que eu convivo com você! – Bernardo respirou fundo.

- Camila, o Luan é um cara legal, mas porra, você sabe muito bem que ele nunca quer nada sério! Quantas garotas ele já deu em cima naquele colégio, hein? – Ele dizia sério, tentando conter o impulso de abraçar a irmã, que chorava.
– QUANTAS? 
- Eu não sei, mas que merda! – Camila soltou dos braços de Bernardo, enxugando as lágrimas com as costas da mão. 
- Eu não quero que você sofra, Camila! – Bernardo disse, a abraçando, mas a garota mantinha os braços do lado do corpo, sem conseguir reagir.
– Fala alguma coisa! – Pediu, aflito, vendo que a irmã não se movia e que o silêncio era cada vez mais assustador. 
Camila respirou fundo, e encarou Bernardo nos olhos. 

- Ele não vai fazer isso comigo. – Disse baixo, quase em um sussurro. Percebeu que Bernardo ia dizer alguma coisa, então continuou falando – E o único que está me machucando aqui, é você. 
Disse por fim e correu para fora do quarto, fazendo com que Bernardo finalmente derrubasse a maldita lágrima pelo rosto. A sua irmã era tudo na vida dele e jamais cogitou a fazer chorar. 
Camila correu até o fim do corredor e bateu sua porta com força.
A sala entrou em silêncio profundo, nem as respirações eram ouvidas. Ninguém sabia o que havia se passado no outro andar, mas estavam apreensivos. Ao ouvir o baque da porta, Luan levantou rapidamente, sem nem pensar. 

- Cara, não é melhor que você... – Matheus tentou dizer, mas Luan rafael o ignorou. 
- Já esperei tempo demais. 
Subiu as escadas rapidamente e parou diante do quarto de Bernardo. A porta estava aberta, e ele não enxergou ninguém lá dentro. Rapidamente, correu a distância do corredor até o quarto de Camila. Não bateu na porta, que estava destrancada. Camila tomou um susto e tentou limpar o rosto, que tinha marcas do rímel preto manchado. Pela primeira vez em sua vida, Luan desejou estar em dois lugares ao mesmo tempo. Queria consolar Camila e sim, queria encher Bernardo de porrada. Mas engoliu essa segunda vontade, caminhando rápido até a cama da garota, e sem dizer nada, a tomando em um abraço apertado e silencioso. Afagou seus cabelos e começou a ouvir soluços da menina. 

- Eu não acredito nisso! – Luan segurou o rosto vermelho de Camila entre mãos, e sentiu a raiva subir. 

- O que diabos o Bernardo... Eu vou até lá, eu vou... – Luan ameaçou levantar, mas Camila o puxou pelo braço. 
- Por favor, não... – Disse baixo, tentando fazer com que sua voz saísse normalmente – Só fica aqui comigo. Não me deixa sozinha, por favor... – Ela pediu e Luan sentiu que seu coração tinha sido quebrado. Era algo estranho, protetor. Camila deitou na cama e Luan fez o mesmo, a abraçando e mexendo em seus cabelos. 
- O que aconteceu? – Ele perguntou baixo, e Camila respirou fundo. 
- Eu não quero falar sobre isso, desculpe. 
- Tudo bem. – Ele sorriu fraco, ficando em silêncio. 

Aos poucos, Camila sentia que melhorava gradativamente sua situação. Ainda doía, e muito, lembrar das coisas que o irmão tinha lhe dito, mas afastou o pensamento, porque Luan estava ali.

- Ei... – Camila sussurrou, sentando na cama e esfregando os olhos. Luan fez o mesmo, mas não tinha sinal algum de sono. – Promete que você nunca vai me decepcionar? 
Luan sorriu, confuso, e aproximou sua boca da dela. 
- Por que a pergunta? 
- Só prometa. 
- Eu nunca vou te decepcionar. Prometo. 
Disse e sentiu-se aliviado quando viu um sorriso tímido no rosto de Camila. A segurou pela nuca, beijando-a calmamente, mas de uma forma estranha, seu corpo todo parecia ceder e seu coração tinha a sensação esquisita de que tinha aquecido. Preferiu não lutar contra isso, afinal sabia que era perda na certa. Deixou as preocupações de lado ao sentir os dedos frios da garota em sua nuca, o que provocava arrepios. Suspirou pesadamente quando Camila desfez o beijo, e abriu os olhos. 
- Obrigada. Por tudo, Luan. – Ela sorriu. 
Luan beijou sua testa carinhosamente, e a abraçou. Encarou o relógio na mesinha, que marcava duas horas da manhã. 

- Camila, acho melhor eu ir... Já tá tarde! – Ele sorriu forçado, e Camila sorriu verdadeiramente. 
ao perceber esse detalhe. 
- Dorme aqui comigo? – Perguntou, manhosa, e Luan sentiu aquela sensação estranha de novo. Desistiria de entender. 
- Camila, o Bernardo vai... – Luan ia dizendo, tentando parecer convencido de suas próprias palavras, mas ela o interrompeu. 
- Eu só quero acordar abraçada a você. Só isso. 
Disse, sincera. 
Era tudo o que realmente precisava, o perfume de Luan e o calor de seu corpo perto do seu. Não estava realmente pensando em nada além disso, só queria sentir-se segura. Queria que seus olhos fossem a primeira coisa que visse ao acordar, depois daquela confusão toda. Chacoalhou a cabeça, deixando de lado os pensamentos progressivamente idiotas e melosos, e encarou Luan, que sorria.

7 comentários:

  1. Que lindosss! Esse Bernardo vai se arrepender do q fez

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    1. Por um lado o Bernado tem razão, para e pensa...o Bernado sempre via o Luan com 1,2,3 meninas de uma vez só, sempre demonstrou que não é homem de mulher só ai ele muda de idéia, é tudo muito novo pro Berna, ele só que protegela, ele não sabe que o Luan mudou, é tudo muito novo...

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  2. Brendinha, tu me mata ainda mulher, que coisa linda ! 😭😭😭😭😭

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  3. To apaixonada nesses dois 😍😍😍😍

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