quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

•Capítulo 17


Estavam todos jantando quando Luan apareceu na sala de jantar. Camila levantou o olhar e o encarou, perplexa. Ele estava indiscutivelmente lindo: o cabelo propositalmente desarrumado, a calça jeans escura com uma camisa social azul clara e um All Star branco nos pés. Quando seu olhar parou no dela, teve quase certeza de que ia sufocar. Respirar pra quê? 
- Fiu fiu, pensa que vai aonde assim tesão? – Pedro fez uma voz afetada e a mesa inteira gargalhou. 
- Pro meu encontro! – Luan disse piscando fazendo graça e Camila que estava sentada no sofá, engasgou com o refrigerante, fazendo Matheus gargalhar alto. 
- Nossa Camila , calma! – Bernardo disse rindo e dando um tapinha nas costas da irmã, que ficou corada. 
- Vai encontrar a gata da praia de ontem, Luan? – Julia perguntou e Luan arqueou a sobrancelha, segurando o riso. 
- Ela mesma. – Ele sorriu – Agora deixa eu ir, porque fiz a reserva pra oito e meia. - Luan frisou bem o horário e Matheus encarava Camila, quase rindo – E não posso me atrasar. Fui! 
Luan saiu pela porta da frente e todos começaram com seus papos paralelos, enquanto Matheus ainda olhava a amiga sugestivamente. 
- Amiga, você nem tocou no macarrão! – Bru disse e Camila sentiu o rosto queimar. 
- É que eu ainda tô meio enjoada por causa do almoço, Bru! – Mentiu – Vou subir pra pegar minha bolsa ok?
Camila começou a arrumar o cabelo e a maquiagem. Ouviu um toque suave na porta. 
- Entra. 
- Ei, gata da praia! – Matheus disse e Camila corou absurdamente. 
- Cala a boca, Math! Eu vou matar o Luan por ter te contado isso! – Ela disse e Perez gargalhou. 
- Isso, pode matar, contanto que não encoste em mim! – Ele disse e Camila riu – Olha, já tô saindo com os garotos! O Luan pediu pra avisar que o restaurante é aquele vermelho lá, sabe? 
- Ah claro Matheus, o vermelho lá, claro! – Camila rolou os olhos teatralmente e gargalhou. – Le Petit Bistro, sei exatamente onde é. Agora se manda vai! 
- Ui, fala isso de novo? Você ficou tão sexy falando francês! – Matheus disse e Camila tacou uma almofada nele, gargalhando. 
- Tarado! – Ela disse e Matheus riu. 
- Sexy! – Ele disse e os dois gargalharam, enquanto ele fechava a porta.
Luan já estava impaciente. Meia hora de atraso. MEIA HORA! Isso porque tinha pedido pra que ela viesse o mais rápido possível. 
- Garotas... – Ele murmurou, brincando com a taça de água em sua frente. 
Com o tempo correndo no relógio, Luan começara a ficar mais preocupado. Talvez algo tivesse dado errado, ela não se atrasaria tanto assim. Quarenta e sete minutos era de fato muita coisa. Discou para o celular de Camila rapidamente. "O celular chamado encontra-se desligado ou fora da área de cobertura."
- Merda! Porque tem celular se deixa desligado? 
Luan exclamou alto e algumas pessoas olhavam pra ele. Ótimo, agora parecia um louco que fala sozinho em restaurantes. Discou várias vezes seguidas e nada. Tinha certeza que algo tinha acontecido, que alguma das garotas tinha inventado alguma coisa e que Camila não teria conseguido se livrar. Aquilo era humilhante, um bolo oficial. Luan Rafael nunca tinha tomado um bolo na vida. Virou um copo de refrigerante, irritado, e discou pela última vez. A mesma mensagem. Xingou até a quinta geração da mulherzinha da gravação e saiu do restaurante, ligando para Matheus, o único que poderia lhe auxiliar. Matheus atendeu só na terceira vez. 
- Alô! – Ele deu um berro, estava em um lugar muito barulhento. Luan sentiu o ouvido zunir. 
- Vai gritar na puta que pariu cara! – Ele disse e Matheus franziu a testa. Havia algo de errado. 
- Nossa boi, o que aconteceu? A Camila chutou seu saco? – Perez disse brincalhão e Luan quase tacou o celular num poste. Estava descontrolado. 
- Antes fosse! Ela não apareceu! – Respondeu e Matheus sentiu o queixo cair. 
- Como não apareceu? Ela tava se arrumando pra ir pra aí, cara! Eu falei com ela! 
- Tá, mas ela não veio, porra! 
- Beleza, foi ela que te deu um bolo, não eu! – Perez disse e Luan rolou os olhos. Estava pouco se importando para o momento sentimental do amigo. 
- Dane-se vei.. Será que aconteceu alguma coisa? – Luan perguntou, pela primeira vez dando lugar a preocupação. 
- Deve ter acontecido, liga pra ela! 
Luan gargalhou muito alto. 
- E você acha que eu já não fiz isso? 
- Tá, faz assim... A gente tá chegando aqui no Pub, vem pra cá! Vou tentar falar com a Camila ou com alguma das meninas, aí te aviso! Mas vem pra cá! – Matheus disse e Luan fez uma careta. Não teria outra saída. 
- Tá, tô indo.
Matheus pegou o celular e discou para Maria. Foi a primeira que ele lembrou – sempre era, aliás – E a única que parecia saber um pouco mais daquela história. Na primeira vez, chamou até cair na caixa postal. Discou novamente, e ela atendeu na primeira chamada. 
- Matheus?
- Maria, onde vocês estão? 
- QUE? – Ela berrou e Matheus ouviu a música eletrônica tocando ao fundo – EU NÃO TÔ TE OUVINDO! 
- ONDE VOCÊS ESTÃO? – Matheus berrou novamente e Maria gargalhou. 
- Não to entendendo nada! A gente se fala depois! – Ela disse alto e desligou o telefone na cara do garoto. 
- Ótimo! – Matheus rolou os olhos. 
- Tava falando com quem? – Bernardo perguntou e Matheus fez uma careta. 
- Com a Maria. Ela me ligou sem querer, acho – Mentiu e Salsa riu – Vamos entrar? 
- Aqui galera, camarote para nós! – chegou com as pulseiras e os três gargalharam – Vou guardar a do Luan no bolso, quando ele chegar eu entrego! 
Os três caminharam entre várias pessoas e Bernardo se perdeu no caminho, parando pra conversar com uma loira que tinha lhe chamado atenção desde o lado de fora. Pedro e Matheus riram, e subiram até o camarote. Assim que entraram, Matheus ficou paralisado. Viu Maria dançando em cima de uma mesa, descontrolada. E mesmo assim ela estava deslumbrante. Mas não foi isso que o deixou paralisado. 
- Camila? O que você tá fazendo aqui? – Ele gritou e ela tremeu. Não era para eles terem aparecido. – Desce daí! 
- Me erra! – Camila reclamou e continuou dançando com a amiga. 
- Eu preciso falar com você! 
- Depois Matheus, depois... – Ela respondeu indiferente e Maria sorriu confusa para Matheus, que rolou os olhos bastante nervoso. 
- Não acredito nisso. – Ele disse baixo, mas Camila pode ler seus lábios. Sentiu um peso enorme na consciência e uma vontade de correr até onde ele estava. Mas não o fez. Olhou para frente e continuou dançando. Se resolveria com ele depois.
- Cheguei parceiro! – Luan disse ao telefone e Matheus suspirou alto. 
- Tô indo aí entregar sua pulseira! – Ele berrou de volta e desligou, indo até onde Pedro estava e pegando a pulseira com ele. 
Desceu as escadas correndo e esbarrou em algumas pessoas lá embaixo. Camila tinha passado dos limites, ele sabia que Luan ia ter um colapso. 
- Ei. – Ele disse ao avistar o amigo e estendendo a pulseira laranja. 
- E aí! Alguma notícia da Camila? – Luan perguntou e Matheus coçou a cabeça, depois a balançou afirmativamente. – Fala! 
- Ela tá aqui Luan. 
- COMO ASSIM? – Luan berrou e algumas pessoas pararam pra olhar pra ele. Perez fez sinal pra que falasse baixo. 
- Não sei, eu cheguei aqui com os caras e ela tá aí com as meninas, dançando. Tentei falar com ela mas... 
Matheus ia dizendo quando viu Luan disparar em direção a porta do lugar, sem nem olhar pra trás. 
- Fodeu. – Foi tudo o que ele conseguiu dizer, antes de correr atrás do amigo, mas perdê-lo de vista em segundos. Aquilo não daria certo. Luan entrou no camarote rapidamente e avistou Camila com Bruna perto do bar. Passou como um furacão ao lado de Bernardo, que não teve tempo nem de abrir a boca para cumprimentá-lo. Chegou aonde elas estavam e puxou Camila pelo braço, porque ela estava de costas. 
- Ei, o que você pensa que... Luan! – Camila exclamou sentindo seu coração pular no peito e totalmente surpresa. 
- Preciso falar com você. – Ele disse nervoso, com a mão na cabeça, e ela podia perceber isso em sua voz e no jeito que ele a olhava. Matheus chegou correndo. 
- Cara, não vai fazer nada que... 
- Me deixa em paz, Matheus caralho!
– Posso ou não falar com você? – Ele perguntou olhando para Camila , que sentiu um arrepio na espinha. Estava com medo. 
- Tudo bem. – Ela assentiu e foi puxada escada a baixo, quase caindo. 
- Eu tô de salto, dá pra parar de correr? 
- Foda-se. – Luan disse alto e tudo o que Camila queria era gritar. 
Saíram da danceteria e Camila sentia seu braço doer pela força que Luan estava aplicando. Ainda podiam ouvir a música alta lá dentro, por uma porta lateral. 
- Você tá me machucando! – Ela reclamou, ficando nervosa. Luan soltou seu braço bruscamente. 
- Você acha que eu tenho cara de idiota? – Ele berrou e Camila ia abrir a boca pra falar, mas ele não deixou – Você me deixou plantado naquela porra de restaurante por uma hora! Quem você pensa que é? 
- Luan, eu... 
- Não quero saber, Camila! Eu pensei que você tava falando sério quando disse que era pra eu tentar algo contigo, se era pra me fazer de idiota, não precisava nem ter falado. Você sabe que eu to caidinho por você, mas eu não sabia da sua capacidade de tentar me zoar por isso! – Ele continuava gritando, com os punhos fechados e Camila sentia os olhos arderem, querendo chorar.

5 comentários: