terça-feira, 27 de janeiro de 2015

•Capítulo 27

Luan Narrando

Girei na cama me acordando e desconfiando que mal tinha dormido. Desenterrei a cabeça do travesseiro, coçando os olhos. Então meu coração deu um pulo. Olhei para o relógio – cinco e dezenove – voltei meu olhar pra ela. Sentada na poltrona olhando a chuva cair na varanda. Ela. Ela estava ali. Não consegui me mover, parecia que eu tinha borboletas no estômago.

- Você disse meu nome enquanto dormia – Ela disse sem virar. Foi pro pau, como ela sabia que eu já tinha acordado? 
– Duas vezes. – Ela completou e eu senti meu rosto corar. Ela olhou por cima do ombro, sorrindo. – Talvez eu seja a garota dos seus sonhos... – Disse rindo, enquanto levantava em minha direção. Fiz o mesmo, me aproximando rapidamente. 
- Talvez você seja... – Disse baixo, aproximando meu rosto do dela. 
A pouca luz vinha da varada, e eu podia sentir um tremor na espinha ao olhar em seus olhos. Parecia que tinha alguma conexão ali. Ela sorriu de canto, cruzando os braços ao redor do meu pescoço. 
- Pensei que você fosse me chamar de pretenciosa. – Disse baixo e eu a puxei pra muito mais perto, aproximando minha boca de seu ouvido. 
- E você é. – Eu ri, e ela me acompanhou. – Pretenciosa, teimosa, mandona, irritante, maluca, bipolar... 
- Eu espero que tenha um “mas” no final dessa frase... – Ela disse rindo e eu gargalhei. 
- Mas... – Disse e ela me encarou nos olhos – Eu sei que eu também não sou grande coisa né rapaz... Então eu me atrevo a dizer que a gente se merece - Eu ri e ela sorriu, mordendo minha bochecha. 
- Um amor bipolar... – Ela sussurrou – Eu gosto dessa idéia, demais da conta! – Disse rindo, e eu ia me manifestar, quando ela me deu um longo selinho – Não mais do que eu gosto de você. Eu acho que no fim das contas, você sempre foi a parte que faltava, Luan.
- Rimos alto e ao mesmo tempo, e ela estava corada, o que fazia meu coração bater de forma estranha.
-Eu só demorei muito pra reparar. Ela disse por fim. Camila sorriu o sorriso que eu adorava, aquele que ela não mostrava pra ninguém. 
- Linda... – Disse sem nem pensar, colocando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha, e aproximando nossas bocas. 

Ela fechou os olhos sorrindo e eu soube que aquilo era certo. Ela não era apenas quem eu queria. Ela era o que eu sempre quis. Senti meu corpo estremecer quando Luan acabou de vez com o espaço que tínhamos entre nós. Suas mãos se embrenharam em meus cabelos e o toque gentil de sua língua na minha quase me fez ter um colapso. Alguém me explica se um coração pode bater tão forte assim? Espero que possa, porque eu sou muito nova pra morrer. Foi o suficiente para saber que tudo o que eu precisava era estar ali, nos braços dele. Ninguém nunca me faria sentir daquela forma, mas ele não precisava ficar sabendo disso. Talvez só um pouco, vai... Ele merece. 

- Por quê você demorou tanto? Queria que eu tivesse uma prévia do que é morrer de ataque cardíaco? Trem ruim esse de levar bolo.. - Luan afastou a boca da minha só pra dizer isso. E ainda se fingiu de bravo o que me fez rir. Abri meus os olhos devagar, rindo e encarando os dele bem próximos. Sorri ao perceber que ele estava ansioso.

- Assim que você saiu do banheiro, eu já tinha tomado minha decisão. Eu teria chegado aqui em cinco minutos ou menos – Sorri tímida ao ver o enorme sorriso que estampava o rosto dele. – Só que meu irmão me viu, e começou a me dar uma puta bronca! 
Rolei os olhos ao lembrar da cena. Luan riu baixo e sentou, ainda me mantendo em seu colo, e eu acabei ficando com uma perna de cada lado de seu corpo. 
- Bronca? – Ele sorriu maroto e eu mostrei a língua. 
- Hot’n’Cold numa mesa de sinuca pode agradar a muita gente, mas o Bernardo tende a ser um pouco ciumento com a irmã, se é que você me entende... – Respondi olhando pras unhas e Luan gargalhou. Eu adorava aquela risada. 
- Tá certo, tem que cuidar da irmãzinha! – Luan disse com um olhar malicioso e eu gargalhei de verdade. Num movimento rápido, me deitou na cama e me prendeu entre seus braços. – Sabe quantos marmanjos podem querer se aproveitar dela nessa cidade? – O estapeei e nós dois rimos. 
- Babaca... – Murmurei, rolando os olhos. Luan riu mais alto. 

- O Bernardo demorou tudo isso pra te dar bronca? Rapaiz do céu! 
-Sorri concordando-
Hum... Então ta bom. Mas pra que tanta bronca? Coitada da minha delícia! -Luan disse fazendo o bico mais lindo do mundo.
Um calor repentino tomou conta de mim ao ouvir o famoso apelidinho sem vergonha. O mais engraçado era que dessa vez, eu tinha gostado. Não tive necessariamente tempo pra pensar em nada, Luan já estava tentando me matar do coração de novo. Senti o beijo calmo se transformar em algo mais intenso, mais quente e irresistível. A maneira com que suas mãos se moviam era delicada e ao mesmo tempo desesperada. Mordi seu lábio devagar na medida que minha respiração ficava um pouco mais alta que o normal. Tive vontade de rir, mas me segurei enquanto ele apertava com força o lado das minhas coxas e me fazia ficar presa entre suas pernas. A pressão de seus lábios contra os meus era quase furiosa, mas não é como se estivéssemos perdendo algum toque. 

Era como simplesmente nossos corpos pedissem por mais, como se tivéssemos esperado tempo demais. Talvez aquilo fosse verdade. As mãos de Luan subiram por baixo da minha blusa, a puxando devagar para cima. Parei o beijo, completamente ofegante, e ri baixo. Vi as bochechas de Luan ganharem um tom rosado e sorri. 
- Rapidinho você, hein? 
Luan riu alto e puxou a blusa para cima, deixando meu sutiã preto a mostra. 
- Já eu acho que estamos perdendo tempo demais... – Ele disse, a voz rouca e arrastada perto do meu ouvido, enquanto dava beijos suaves ali. Senti meu corpo inteiro estremecer, e concordei inutilmente, rindo baixo. 
- Pervertido. 
- Como sempre, realista. – Luan gargalhou. 
- Não deixa de ser verdade. 

Respondi e Luan me encarou nos olhos, um sorriso quase infantil no rosto. Como uma criança que vira os presentes de Natal embaixo da árvore. Simplesmente lindo. 
- O que foi? – Perguntei, um sorriso igualmente idiota nos lábios. 
Luan chacoalhou a cabeça, e voltou a beijar meu pescoço, dando a entender que não iria dizer nada. 
- Luan Rafael! – Ele riu ao ouvir o nome completo e me deitou de volta, acariciando meu rosto. 
- Isso vai soar estúpido... – Luan fez uma careta, o que só me deixou mais curiosa. 
- Fala, vai! Por favor... – Pedi, a voz fofa, e ele arqueou uma sobrancelha. 
- Eu só não consigo acreditar que... Que eu consegui ter você. 
Um sorriso se estampou em meu rosto e eu senti meu coração bater mais forte gradativamente. Luan sorriu junto comigo, e me beijou, dessa vez devagar e delicadamente, o que só fazia meu cérebro girar e meu corpo responder sozinho a cada toque. Comecei a desabotoar sua camisa, sem me desfazer do beijo, e ele a jogou para longe. Os beijos dele começaram a fazer um caminho pelo meu pescoço e seios, enquanto suas mãos já buscavam os botões de trás do meu vestido. Tentei fazer o mesmo com a calça dele, mas era complicado demais para me concentrar enquanto ele me torturava com beijos no pescoço. Gemi em protesto e ele riu e em seguida ri também.

Estávamos nervosos por saber o que acabaria acontecendo ali. Estava sendo as melhores horas que passei na vida. Observei seu corpo coberto apenas pelas Box pretas e sorri maliciosa. Não demorou muito para que Luan de desfizesse de meu sutiã, que tomou o mesmo rumo que as demais peças que eu vestia. Eu o beijava no pescoço muito mais ferozmente do que podia calcular, tinha certeza que algumas marcas sobrariam por ali. Luan soltou um braço das minhas costas e começou a tatear a mesinha do lado, derrubando alguns objetos que pareciam fazer muito barulho quando tocavam o chão. Ri baixo do desespero dele. Seu olhar encontrou o meu enquanto nos livrávamos das últimas peças de roupa que estavam entre nós. 

- Ei. – Suspirei. Ele me encarou, o olhar tão fixo no meu que parecia poder ver através deles. 
- O que foi? 
- Eu acho que gosto um pouquinho de você. – Murmurei e Luan gargalhou. A melhor risada que eu podia ouvir, que me fazia estremecer. Ri junto. 
- Só um pouquinho? – Ele sussurrou, encostando a testa na minha. 
- Digamos que esse pouquinho seja do tamanho do quanto eu sou linda. – Respondi e Ele sorriu. 
-Então quer dizer que você me ama infinitamente? 
Assenti sorrindo, sem forças pra dizer mais nada, com um sorriso no rosto. O olhar de Luan no meu, o corpo dele no meu, era algo inexplicável. Nunca poderia ser dito em palavras, ele era só meu e eu era só dele. Dentro das nossas loucuras, brigas, dentro do nosso mundinho. Algo só nosso, que nem nós mesmos éramos capazes de entender.

10 comentários: